Porque você me enche de confiança

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Assim que Yoongi pagou pelo pijama, nós saímos da loja. Tínhamos acabado a tarefa bem rápido, na verdade, então passearíamos mais um pouco. O que me incomodava era todo o segredo que ele fazia sobre o que comprou. Eu ia vê-lo de qualquer jeito! Mas não encrenquei à toa.

Andamos olhando as vitrines, paramos em algumas lojas, e o ajudei a escolher mais algumas roupas. Ele me xingava se eu não desse minha opinião, então tentei ser sincero com quais roupas eu gostava. Passamos em uma lanchonete depois e nos sentamos nas mesinhas de madeira do lado de dentro, entrando num confortável silêncio após fazermos os pedidos. Eu sentia vontade de conversar, apesar de não estar incomodado. Gostava de ouvir Yoongi falar, e de assisti-lo com suas intermináveis manias e jeitinhos...

— Está animado, não é?

Bati de levinho os dedos na mesa no ritmo da música que tocava pelo lugar. Era antiga e bem conhecida, lembrava dos meus tempos de criança.

— Estou! É tão bom ir para a casa da vovó... — Yoongi sorria. — Eu adoro ir lá.

— O que fica fazendo por lá quando vai? — Perguntei, puxando assunto.

— Geralmente, eu ando pela praia e procuro conchinhas, ou faço castelos de areia. Também fico na piscina, porque costuma ter almoço em família. Até ficar sem fazer nada, lá é divertido. — Ele riu, olhando para fora. Eu ri também, porque conhecendo Yoongi, eu tinha certeza de que ele passava o dia inteiro à toa.

— Seus parentes são legais? — Eu questionei, curioso.

— A maioria é. Meus avós são legais, me mimam muito e me adoram. — Ele se gabou. — Meus tios me tratam bem, mas tem um pouco de preconceito por causa da minha sexualidade. Minhas primas também têm muito preconceito, e não são legais comigo. Mas eu tenho primos legais também. O filho adotado da minha tia solteira é gente boa, e a filha do meu tio viúvo também é legal.

— Nossa, sua família é cheia de casos... — Eu comentei, sem querer insultá-lo de alguma forma. — Na minha só tem famílias... "normais", tradicionais até demais e desunidas no geral... É chato.

— Eu imagino... O pior tédio do humano é a falta de fofoca. E você não parece ser tão próximo das outras pessoas da família...

— Nem do meu pai, você quer dizer. — Eu presumi, pegando com carinho os dedos finos dele. Estavam gelados, apesar do lugar ser confortavelmente quente.

— Não era isso o que eu queria dizer... — Me corrigiu, naquele tom de amável de sempre. Yoongi tinha tato. Deslizou seus dedos por entre os meus, e os apertou carinhosamente. — Eu só comparei. Minha família sempre está nos visitando e mandando notícias, mas eu nunca soube muito sobre a sua. Nem mesmo sobre seu pai, mas não iria dizer que não são próximos.

— Eu não estou chateado, então não se preocupe. — Não sabia se estava mentindo sobre aquilo. Talvez não totalmente, porque não estava mesmo magoado com ele. Não com ele. Passando a mão livre por sua bochecha, eu vi nossos pedidos chegarem e tivemos que nos afastar um pouco, disfarçando a proximidade.

— Já arrumou suas coisas para amanhã? — Ele perguntou, entusiasmado.

— Sim, minha mala está pronta. — Eu também estava um tanto vivaz. Ficar animado junto com ele era mil vezes melhor. — Você me faz ficar curioso sobre esse lugar e sua família. Você fala sempre tão bem!

— Você logo vai saber como é!

— Espero não decepcionar seus avós... — Beberiquei o café que havia pedido. — Seria terrível que eu acabasse arranjando uma briga, ou se seus parentes não ficassem satisfeitos comigo... Eu não sei se quero me sentir muito deslocado. Principalmente, não quero fazer ficar chato para você. Nem te preocupar agora.

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⏰ Última atualização: Mar 19, 2021 ⏰

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