30 Metas Para O Amor Perfeito

Porque eu me importo demais

 Eu passara o dia seguinte mergulhado no maior tipo de tédio que já se pode haver. Ainda conseguia ser pior do que a manhã anterior, chegava a ser assustador. Eu me jogara no chão da sala e ficara ali por nada a menos que duas horas. Duas horas! Não se anime, eu realmente não fiz nada o dia todo, ou a noite toda.

Não estava nem morrendo de preguiça, nem sentindo meu peito vazio na memória de uma solidão distante ou algo do tipo. Aquele era apenas um dia como nenhum outro, impossível de se aproveitar. Talvez porque mesmo tendo certamente algo para fazer (como descer a rua gritando "Unicórnios!", ler um dos meus livros, contar quantos carros verdes passavam na rua ou latir para o cachorro do vizinho), nada me chamava mais a atenção do que o chão da sala.

Eu ficara divagando, pensando milhares de coisas, imaginando como seria minha vida no futuro, me perguntando o porquê de minha vizinha gritar tanto, imaginando Yoongi bem sexy e milhares de outras coisas que não se encaixavam no geral. Eu chegara até as cinco da tarde nesse ritmo, então ele me ligara.

Aquilo não animara meu dia, apesar de animar meu humor. Yoongi reclamou comigo por eu não ter ligado para saber como estava, ou para chamá-lo para sair, e dissera que sofrera horrores na casa dos tios, onde suas primas mais velhas lhe ficavam cutucando e fazendo piadinhas por ele ser gay.

Nós vimos o pôr do sol juntos, pelo telefone mesmo. Ficamos brincando de descrever o que víamos, e comentamos histórias mitológicas sobre o Sol. Ele adorava mitologia egípcia, então aprofundamos um pouco naquele assunto, e ele me ensinou tudo o que conhecia, me contou milhares de histórias e suas ligações, e curiosidades no geral. Eu o ouvi atentamente, como nunca tinha feito nenhuma vez na escola. Ele realmente poderia pegar um trabalho como historiador. Se daria bem com essas coisas.

Nós conversamos até bem tarde, e nos despedimos da forma menos melosa possível, como prometemos naquele dia. Eu dormira pouco tempo depois, porque ouvir a voz de Yoongi era relaxante, e realmente me acalmava. E dormira como um bebê, sonhara com ele, que o estava beijando.

No dia seguinte, acordara mais feliz, ainda mais quando, no banho, me lembrara do sonho da noite passada. Os beijos que dávamos nele eram algo como inocente, de brincadeira, como se fossemos duas crianças ainda. Fora, de certa forma, fofo, embora eu tivesse a certeza de que minha pessoa não era nada fofa.

Eu saíra de manhã para comprar algo para comer, e mesmo tendo tantas padarias próximas à minha casa, eu decidi seguir para uma em particular, um pouco mais longe que o normal, mas perfeita para meus planos atuais.

Desci a rua e comprei sucos, pãezinhos, um bolo bem pequeno, alguns doces e minhas minhoquinhas de gelatina, seguindo com as sacolas para a conhecida casa verde com um sorriso imenso no rosto. Eu pensara por um momento quando cheguei ao portão, decidindo se tocava a campainha ou ligava para o celular de Yoongi. Eu sabia que seus pais acordavam bem cedo, e queria fazer uma surpresa, então, com um pouquinho de acanhamento, toquei o interfone.

Vi sua mãe espiar pela janela e mostrar um pequeno sorriso, e logo depois a porta de madeira da frente se abriu, junto com um estalo do portão. Ela sorriu abertamente lá da porta, e me chamou sem dizer nada, com um aceno, me mandando entrar.

Atravessei o caminho de pedras que passava pelo jardim e a cumprimentei na porta, onde a Sra. Min me recebeu calorosamente, me puxando para entrar enquanto nos dávamos um "bom dia".

— Eu não sabia que viria hoje... Já tomou café da manhã? — Ela perguntou, de maneira amável, enquanto me puxava para a cozinha da casa, que era o cômodo em que ela estava antes de me receber.

— Não... E a senhora? — Perguntei, decidido a ter uma amizade com a mãe de Yoongi. Ela era uma pessoa ótima, seria uma burrice fazê-la não gostar de mim. E eu já gostava dela. Era divertida, aberta e compreensível. De repente, eu só conseguia pensar em como ela não parecia em nada com meu pai.