Porque a maioria de nós arfa por pulmões corrompidos

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Meu sono fora cheio de sonhos naquela noite, a maioria deles muito sem sentido. Em um deles, eu via Yoongi naquela passarela, observando o pôr do Sol, de costas para mim. E ficava o admirando por eternidades, apesar de sentir uma vontade enorme de estar mais perto dele.

Acordei sentindo saudades, embora o tempo em que ficamos separados não tenha sido realmente grande. Aquele sonho me fez sentir como se tê-lo por perto fosse uma necessidade, ou algo muitíssimo importante para mim.

Então eu me levantei, tentei acalmar meus ânimos e, devagar e pacientemente, como um Jimin nunca faria, fiz um café da manhã reforçado. Comi com calma, mastigando como se ainda estivesse dormindo. Arrumei a cozinha no final, coisa que raramente fazia, e depois resolvi por fazer uma arrumação em meu quarto.

Ainda tinha um aspecto bagunçado, depois do término da faxina. Mas era o máximo que eu conseguia fazer. Limpei a poeira dos móveis, do meu próprio jeito, o que quer dizer que não ficou muito bom, e depois tomei um banho, esfregando bem os cabelos para afastar o cheiro de pano molhado e móveis em estado precário de higiene.

Mas imagine: Somos dois homens desleixados num apartamento pequeno. Meu pai trabalha o dia inteiro e eu sou ignorante na arte da limpeza. Não éramos um caso perdido, mas também não éramos muito melhor que vários outros.

Assim que terminei o banho, vesti roupas confortáveis e me sentei com os fones nos ouvidos em minha cama. A casa parecia muito vazia, tanto que eu chegava a ter medo de olhar para além da porta e ver um fantasma passar por ali. Acabei até retirando os fones depois de alguns segundos, porque meu medo era do tipo que me pregava peças e me fazia ouvir sussurros e gente andando pela casa, sendo que eu estava sozinho ali. Os pelos da minha nuca estavam totalmente arrepiados e era melhor eu tomar minhas precauções.

Eu parecia estar realmente sem nada para fazer. Encontrei o conceito de tédio naquela tarde. E aquilo era estranho, pois eu sempre tinha algo para fazer com meus amigos. Até pensara, por um minuto, em ir para a academia e me exercitar um pouco, mas para mim, férias era sinônimo de folga, e logo a vontade passara.

Olhei para a prateleira em cima da cômoda em meu quarto e vi uma saga de livros que tinha ganhado no fim do ano passado, de Natal. Eu ainda não tinha lido nem o primeiro, porque me convenci de que não tinha tempo para aquilo. Mas agora tinha tempo até para sentar no chão e pensar na vida, então...

Peguei o primeiro da sala e coloquei uma playlist de músicas lentas, bem baixinho, começando a ler calmamente cada página, me perdendo na leitura com facilidade. A história era bem legal, e apesar dos livros serem grossos, eu havia chegado a metade da metade do primeiro volume quando meu telefone tocou e me distraiu.

Não era como se eu estivesse desesperado para receber uma ligação, ou algo do tipo. Mas atendera antes que a primeira linha de Boy In Luv terminasse. Nem dera tempo de checar o número.

— Alô?

— Jimin? — Ouvi uma voz muito familiar chamar do outro lado, mas não tinha certeza se tinha reconhecido.

— Sim? — Disse, ainda sem identificar a pessoa.

— Sou eu. Estará livre esta noite? — Aquela voz calma e sussurrante perguntou, então eu pude sentir meu coração se acelerar, e aquela carga de excitação correr pelo corpo. Era Yoongi.

— Ah, acho que sim. Até agora, não tenho nenhum plano. — Eu revelei, feliz por ele estar perguntando sobre meu tempo livre. Na verdade, eu podia ter uma reunião com a ONU, que desmarcaria para ir me encontrar com ele. Eu não estou mentindo, nem exagerando. Algo me cutucava bem forte quando era referente a ele, algo que não me deixava dizer "não".

30 Metas Para O Amor PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora