Meu povo sempre foi muito decidido e rigoroso em relação aos seres celestes a cima e aos mortais no meio e aos infernais abaixo. Porem mesmo com a benção dos ceres celestiais minha mãe teve uma gravides conturbada, aparentemente eu não me desenvolvi direito em seu ventre nos primeiros meses, todavia até o final da gestação tudo ocorreu conforme o planejado. Com o dia do meu nascimento já marcado para a próxima semana algo deu tremendamente errado a bolsa de minha mãe estourou e sujou o chão com o líquido se seu ventre e muito, muito sangue. Rapidamente meus pais procuraram ajuda no templo, porem nada poderiam fazer, não existia passagem para eu entrar neste mundo, o parto seria impossível, eles tiveram que cortar a barriga da minha mãe e me arrancar de lá.
Logo após esse parto forçado, os clérigos a curaram e a medida que me colocaram em seu colo deram uma terrível notícia de que eu não havia resistido aquela operação arriscada, meu coração que acabara de bater havia cessado seus batimentos. Minha mãe se negou a acreditar que eu estava morto, como negação é um dos passos do luto e já havia ocorrido diversas vezes os clérigos do templo não se importaram muito e continuaram a realizar seus afazerem até chegar a hora de recolher meu corpo para a preparação para o funeral. Ao retornarem a ala que minha mãe estava, ela já não se encontrava mais lá, os clérigos e responsáveis avisaram meu pai do ocorrido e foram todos a procura dela. E na calada da noite portando meu corpo sem vida minha mãe me levou até um local no meio da floresta onde com suas vestes sangrentas clamou por minha vida a Carpompes. E como por algum milagre o sopro da vida havia retornado aos meus pulmões. Quando acharam minha mãe estava me amamentando a beira de um rio. Os clérigos não acreditaram no que viram o diagnóstico era claro, porem um povo que vive entre os celestiais trazer de volta a vida alguém não era uma ideia tão anormal assim.
Ela disse a meu pai que os médicos se enganaram e por isso ela fugiu. Daí para frente nós vivemos uma vida totalmente normal para um Aasimar, entretanto a cada dia que vivia e crescia, minha mãe ficava mais estranha, estressada perdia a cabeça fácil, as chaves de casa, as frutas... Quando eu completei dez anos ela se encontrava em um estado totalmente decadente, já não conseguia distinguir quase nada, ouvia vozes. Ela estava totalmente perturbada, e meu pai não encontrou outra escolha a não ser manda-la para um local especializado para pessoas assim.
Essa foi a ultima vez que á vi. Algumas semanas depois alguns membros do clero chegaram em minha casa e basicamente prenderam meu pai e me levaram para um local dentro de seu templo onde eles abriram um portal estranho e simplesmente me jogaram lá dentro, e a ultima coisa que ouvi sobre eles foi: "Criatura imunda e profana encontre a luz da paz no seu exílio!"
E assim eu cai em um local muito estranho com pessoas estranhas que eu não conseguia sentir a luz que todos nós Aasimar temos. Eu estava no plano mortal era certo. O local era estranho era como um grande palácio de blocos de pedras frias e úmidas, suas janelas com vidros embaçados e inquebráveis impediam qualquer fuga. O grande portão de entrada era de ferro denso e não abriria por nada. As pessoas que estavam lá pareciam tão loucas quanto a minha mãe era algo tremendamente doloroso, a atmosfera era tão pesada que as vezes parecia que eu estava submergido no mais profundo oceano de loucura.
Os dias eram todos iguais não havia nada para fazer além de desenhar as paredes e esperar a morte. Conversar com a maioria daquelas pessoas era bem ineficiente elas estavam muito quebradas psicologicamente para formarem uma frase que fizesse sentido. As refeições eram entregues misteriosamente todos os dias nos horários pontualmente, no grande salão de jantar sob as mesas de madeira quebrada as comidas apareciam como mágica, não era um banquete porem ninguém passava fome, haviam frutas legumes e as vezes até aves, porcos e peixes. As lareiras por todo o castelo estavam sempre acesas para suprir o fio e nunca se apagar, o que evitava também alguém tentar escalar e sair de lá pela chaminé.
No primeiro ano eu pensei que enlouqueceria como todos alí, porem no 5 ano estava certo que eu não estaria ficando louco como eles. Depois de 10 anos de confinamento nunca vi qualquer uma das saídas ou janelas se abrirem, quando alguém morria a pessoa ficava jogada no mesmo lugar até a noite passar no dia seguinte ela não estava mais lá. Quando alguém novo era mandado pra lá a pessoa simplesmente aparecia em lugares muito aleatório e em todos esses anos muitos tipo de criaturas apareceram por lá, menos algum outro Aasimar como eu.
Dez longos anos naquele lugar eu ja havia lido todos os livros que tinha na biblioteca, muitas historias de romances, guerras, conquistas, resumindo eu me entretive nesse tempo somente com baboseira. Mas isso foi muito bom para entender mais ou menos como o mundo mortal funcionava fora daquele local.
Ao me dar por mim me vi em um quarto, mais ou menos parecido com o meu, mas ele estava todo arrumado e intacto, todavia a poeira e teias de aranha estavam por cima de tudo. Naquele momento por alguma razão a porta se fechou comigo lá dentro a dor de cabeça, o suor e o mau estar pararam. Após recobrar todos os meus sentidos novamente fitei logo a luz escarlate que vinha de cima da cama. Ao me aproximar em cima dos lençóis bege sob a camada de poeira havia um livro e um cordão com um cristal tão vermelho que a luz que ele emitia era um pouco de mais para os meus olhos eu os fechei e quando os abri eu estava em pé em meu quarto em frente a minha cama, na hora eu pensei que realmente eu estava ficando louco e delirando e só me deitei quando virei para o lado em baixo dos lençóis senti algo picar minha nuca, quando passei a mão sob ela senti uma ponta era o fecho de uma corrente eu segui com a mão e me vi usando o cordão do meu delírio, dei um grito. Sem saber muito o que estava acontecendo eu entrei em modo de pânico, aquilo era mágico, era um delírio eu estava louco? Muitas perguntas nenhuma resposta eu só pensei que precisava me acalmar e pensar. Peguei o pingente e levei a frente de meus olhos, a luz não estava sendo emitida, pensei logo em voltar naquele quarto e logo faria isso. Me sentei na cama para me levantar assim que fui colocar os pés no chão senti algo abaixo dele, me tremi todo e virei meu olhar para o chão quase enfartei mas era só o livro que estava lá no outro quarto, depois disso tudo nada mais me assustaria.
O livro estava trancado de algum jeito, porem já havia lido sobre trancas em algum panfleto na biblioteca, logo procurei e a achei e olha que interessante era no formato do cristal do pingente acho que qualquer um dos malucos daquele castelo poderiam desvendar isso. Logo meti o pingente na tranca e o brilho novamente apareceu por alguns instantes e o livro se abriu. Abri a primeira página e não entendi muita coisa, as letras estavam em um idioma bem desconhecido e eu tenho quase certeza que algumas das letras se mexiam e resolvi continuar a noite folheando-o. Passei o dia do meu aniversário inteiro depois de anos com algo para fazer naquele inferno, fui novamente ao quarto da torre leste e pasmem a porta não abria, tentei ler e entender o livro de novo e como era magico sei lá talvez de tanto eu olhar quem sabe eu entendesse. Mas de nada adiantou eram só símbolos letras e desenhos que eu n sabia identificar. Eu já estava quase surtando e decidi jogar o livro longe. O arremessei na janela e ele a quebrou, eu não pude acreditar no que vira, era quase como um êxtase sentir o vento gélido do inverno no meu rosto depois de anos. Eu logo fui no beiral e olhei o a única coisa que me impedia de fugir os dois andares de distância. Logo pensei meu deus se alguém ver isso vão se jogar daqui, se eu que estava sã pensei em me jogar, rapidamente coloquei o armário na frente da janela. Nos dias seguinte planejei a minha fuga juntei uns 8 lençóis pra fazer uma corda e descer, porem era inverno seria suicídio eu sair no meio da neve.
Assim que a primavera chegou peguei minhas coisa e desci pelos lençóis, catei o livro que estava lá em perfeito estado apesar do gelo ter derretido em cima dele e chuva e outras coisas mais. A partir dai tentei viver sozinho fugindo pois minha fuga do castelo fez com que seja lá quem mantinha aquele lugar mandassem me caçar para voltar para lá. Agora eu tenho que desenvolver e entender esse poder dentro de mim e tentar decifrar esse tomo....