[leiam as notas finais depois do capítulo]
Tóquio Blake esperava dormir até mais tarde no sábado. E, no entanto, o barulho de alguma coisa se quebrando no andar de baixo a fez se erguer em um sobressalto, despertando forçadamente e se assustando com isso.
A loira sentou-se na cama de uma vez só, o seu coração batia forte dentro do peito e ela sentiu a garganta seca. Levou alguns segundos até que ela recuperasse de vez os seus sentidos e controlasse o corpo meio mole pelo sono. Quando o fez, as vozes altas e palavras desconexas da distância em que ela estava, continuaram. Um pouco mais alto, na verdade.
A Blake distinguiu a voz do seu pai entre outras duas as quais ela concluiu rapidamente serem de Josefine e Edmundo. Suas sobrancelhas quase se uniram de imediato. O seu coração não se acalmou; muito pelo contrário. Ele começou a bater mais rápido.
Cole não havia voltado para casa desde que ela o confrontara há alguns dias. Cole não havia visto a sua mãe. Não havia visto ela. Não havia mandado mensagem alguma. O que estava acontecendo?
A garota pulou da cama tão rápido quanto acordou, sentiu um arrepio correr o seu corpo pelo contraste dos pés quentes com o chão gelado, mas o choque não a deteve. Um alerta esquisito piscava no fundo da sua mente e se tornava segundo por segundo mais fácil de distinguir e chamativo. Enquanto atravessava o corredor sentindo o corpo hesitar e um incômodo estranho na garganta, ela continuou ouvindo as vozes. E, ao passo que o corredor acabava e o topo da escada se aproximava, elas se intensificaram.
Quando o corredor escuro finalmente ficou para trás, às três pessoas em quem pensou entraram em seu campo de visão.
Tóquio olhou para baixo devagar: a mesa de centro estava jogada no chão e do vidro restou apenas estilhaços. Os gritos vinham de Cole. Edmundo andava de um lado para o outro e parecia irritado. Josefine... Josefine estava paralisada.
Tóquio engoliu a saliva com certa dificuldade e pigarreou. Chamou a atenção:
— O que está acontecendo?
Cole fechou a boca instantaneamente. Ele ergueu o olhar para a filha, e a expressão desgostosa se agravou. Os olhos do pai estavam comprimidos, as sobrancelhas quase unidas e a boca formava uma linha reta. Tóquio sentiu do segundo andar a tensão e a raiva que ele emanava.
Depois ela olhou para Edmundo a procura de Deus sabe o quê, e o alerta em sua cabeça ecoou forte ao vê-lo desapontado. Não era raiva; era algo pior. Frustração. Decepção.
Olhou por último para Josefine, em quem demorou-se mais. O coração de Tóquio quase quebrou uma costela com a batida errada que deu quando a loira capturou o rosto da mãe e as lágrimas que escorriam por ele. As bochechas de Josefine estavam vermelhas e ela mordia o lábio inferior com força. Os seus olhos estavam tão tristes que Tóquio perdeu o ar por algum tempo enquanto o seu peito de comprimia tão rápido e forte quanto alguém pode aguentar.
A loira ouviu uma risada amarga e isso automaticamente a fez voltar os olhos para o pai, quem a olhava de olhos cerrados e acusadores. Tóquio só teve tempo de recuar alguns passos quando Cole começou a fazer os seus, subindo dois degraus de uma vez, chegando ao topo tão rápido que a garota duvidou disso. Ele a segurou pelo braço e apertou o quanto quis os seu dedos ao redor deles. Cole a puxou como pena e a arrastou escada a baixo, mesmo quando ela se debateu e gemeu de dor.
— Me solta! — praguejou pela décima vez, mais uma em vão.
— Maldita criança ingrata! — sua voz soou como um trovão e se houvesse um raio acompanhado, teria a cortado ao meio.
— Você está me machucando! — gritou. Tóquio segurou o braço de Cole com a mão livre e tentou empurra-lo mais uma vez, mas isso o fez aperta-la ainda mais enquanto o seu rosto esquentava e se tornava rubro pela raiva.
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Petricor| RETA FINAL
Teen FictionUma tradição, três amigos. Logan, Ryan e Joseph, amigos desde a infância, aprenderam desde cedo com seus pais que sentir não é algo relevante. Os três garotos deviam cumprir a tradição vinda de seus avós, esta que consistia em quebrar exatamente tr...