Capitulo 47

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NOAH

Já era quase 5h da manhã e todos já tinham ido da casa de Sofya, só restava eu e Sabina, que bebia o resto da bebida que tinha sobrado.

Pelo visto eu teria trabalho pra cuidar dela hoje, até porque eu nunca tinha visto a Sabina bebada desse jeito. Tudo bem, eu também estou fora de mim, mas ninguém no mundo está mais louco do que Sabina.

Graças a Deus, o condomínio da Sofya era do lado do nosso condomínio, então era de boas pra mim dirigir até lá. Fui atrás da Sabina para podermos ir para casa.

— Vamos? Sofya já foi deitar, ta na hora - falo chamando ela que estava deitada virando o resto de vodka que ainda tinha dentro da garrafa

— Não quero ir embora - ela fala fechando a cara e eu respiro fundo

— Vamos Sabina, por favor - peço tirando a garrafa da mão dela

— Só se você me carregar, não estou afim de andar - ela fazendo beicinho.

Passo a mão no rosto e vejo que a única solução é levar ela no colo, se não a gente iria ficar ali pra sempre.

Não sei como eu conseguir levá-la até o carro, já que eu também estava meio alterado, mas no final, deu tudo certo.

Dirigi até em casa e assim que chegamos já subimos direto pro quarto da Sabina.

— Noah eu não quero tomar banho - ela diz se jogando na cama

— Ah mas você vai sim - falo virando ela de barriga pra cima pra tentar levantá-la

— Não - ela faz voz de bebê e eu rio

— Sim - falo puxando ela, fazendo com que ela sentasse na cama

— Por favorzinho Noah - ela implora

— Nem adianta, ou você vai por bem, ou você vai a força - eu falo e ela faz biquinho

Ela vai em direção ao banheiro, eu ligo o chuveiro no gelado e ela entra debaixo do chuveiro com roupa e tudo, o que me faz rir. Desço pra buscar meu celular que eu deixei na mesa da cozinha e assim que eu volto pro quarto dela, escuto a mesma chorando.

Vou até o banheiro e vejo que ela está sentada no chão do box enquanto a água caia sobre o corpo dela.  Respiro fundo e passo a mão no rosto sem saber o que fazer.

— Sabi? - chamo ela

— Sai daqui - ela pede em meio às lágrimas

— Não vou deixar você aqui sozinha nesse estado - falo - O que aconteceu?

— Noah, por favor, sai daqui - ela pede chorando mais ainda - Eu não quero que você me veja nesse estado

— Não vou sair daqui - falo e vejo que ela não consegue parar de chorar

Resolvo entrar no box, de roupa e tudo, sento atrás dela fazendo com que ela encostasse a cabeça do meu peito e eu a abraçasse.

Nunca tinha visto a Sabina daquele jeito, e saber que um dia ela chorou assim por minha causa partia o meu coração em milhões de pedaços.

— Quando eu prometi cuidar de você, eu estava falando serio - falo pra tentar acalma-la - Você não está sozinha, eu estou aqui com você

— Eu não quero que você se sinta na obrigação de cuidar de mim Noah - ela fala ainda chorando

— Eu cuido de você porque eu quero te ver bem. Você quer me contar o que aconteceu? - eu pergunto e ela não responde - Tem alguma coisa a ver com sua família? - pergunto e ela nega - Com você mesma? - ela nega também - Pepe? - assim que eu falo o nome dele, ela volta a chorar - Vamos fazer assim, não vamos falar sobre ele agora, amanhã quando você já estiver melhor, a gente conversa, pode ser? - pergunto e ela assente

Ficamos ali por um tempo, abraçados, enquanto a água escorria pelo nosso corpo.

Depois que os dois já tinham tomado um banho direito, cada um no seu banheiro, claro, Sabina pediu para que eu penteasse o cabelo dela.

Assim que eu terminei de pentear o cabelo dela, ela se virou pra trás e disse

— Obrigada Noah. Você não faz ideia do quanto eu senti falta de passar esse tempo com você - ela diz e meu coração acelera

— Você nunca precisa agradecer por nada, tudo que eu faço é porque eu te quero bem - assim que eu termino de falar ela me abraça.

lar (s.m.)
é se sentir bem-vindo, lugar pra onde a gente corre quando tudo fica mal. Lugar de maior segurança no mundo, refúgio. Nosso. Possível de ser compartilhado com outras pessoas. Melhor quando compartilhado, é se sentir parte de alto. Pertencer.

                                    SABINA

Sabe quando você fica muito tempo longe da sua casa e depois de tempos, você volta pra ela? Sabe essa sensação de finalmente estar em casa de novo?

É essa sensação que eu estou sentindo dentro desse abraço do Noah. Finalmente eu me sinto em casa. Depois de anos, reencontrei o meu lar.

O abraço do Noah sempre foi o meu lugar preferido do mundo. Todas as vezes que eu precisei, foi ali que eu encontrei a calmaria que meu corpo precisava.

— Eu te amo, Noah - eu falo ainda abraçada com ele

Ele me solta aos poucos do abraço dele e ficamos milímetros de distância um do outro. Sinto ele respirar fundo e encostar a testa na minha.

Eu também te amo, Sabina - ele sussurra

A gente está numa distância perigosa, e sabemos disso, mas não queremos sair dali. Ele passa o dedo de leve no meu lábio e eu fecho os olhos.

Não demora muito pra ele colocar sua mão na minha nuca e selar nossos lábios.

No começo, era nítido que os dois estavam com medo do que estavam fazendo, mas logo a saudade e a vontade de estar ali consumiu a gente, e o nosso beijo tímido se tornou um beijo necessário, a gente precisava daquilo. Ele pediu passagem e eu cedi, a língua dele explorava a minha boca como se conhecesse aquele lugar mas não lembrava como era estar ali.

Eu subo em seu colo, ele aperta a minha cintura e eu agarro a nuca dele.

Todo medo que consumia a gente, foi sumindo, e ali agora só existia duas pessoas que se amam e que estavam sentindo falta um do outro. De sentir um ao outro. Sem dúvidas, aquele era o erro que no momento, a gente não queria parar de errar.

Quando eu percebo que as coisas estão começando a ficar mais seria eu paro o beijo, e encosto nossas testas. Eu e ele tínhamos uma respiração muito ofegante.

Assim que a gente para, minha consciência pesa na hora.

— Merda - falo saindo do colo dele

— Sabina, eu - ele começa a falar e eu interrompo

— Noah, sai daqui - eu peço abrindo a porta - Por favor

Ele obedece ao meu pedido e sai do meu quarto. Eu bato a porta e encosto nela.

Deixo que toda a culpa e todo o arrependimento me consumisse, deixo meu corpo cair e sento no chão.

Bato minha cabeça na porta e deixo as lágrimas caírem. Eu não acredito que eu fui capaz de fazer isso.

New Life • UrridalgoOnde histórias criam vida. Descubra agora