NOAH
Já era quase 5h da manhã e todos já tinham ido da casa de Sofya, só restava eu e Sabina, que bebia o resto da bebida que tinha sobrado.
Pelo visto eu teria trabalho pra cuidar dela hoje, até porque eu nunca tinha visto a Sabina bebada desse jeito. Tudo bem, eu também estou fora de mim, mas ninguém no mundo está mais louco do que Sabina.
Graças a Deus, o condomínio da Sofya era do lado do nosso condomínio, então era de boas pra mim dirigir até lá. Fui atrás da Sabina para podermos ir para casa.
— Vamos? Sofya já foi deitar, ta na hora - falo chamando ela que estava deitada virando o resto de vodka que ainda tinha dentro da garrafa
— Não quero ir embora - ela fala fechando a cara e eu respiro fundo
— Vamos Sabina, por favor - peço tirando a garrafa da mão dela
— Só se você me carregar, não estou afim de andar - ela fazendo beicinho.
Passo a mão no rosto e vejo que a única solução é levar ela no colo, se não a gente iria ficar ali pra sempre.
Não sei como eu conseguir levá-la até o carro, já que eu também estava meio alterado, mas no final, deu tudo certo.
Dirigi até em casa e assim que chegamos já subimos direto pro quarto da Sabina.
— Noah eu não quero tomar banho - ela diz se jogando na cama
— Ah mas você vai sim - falo virando ela de barriga pra cima pra tentar levantá-la
— Não - ela faz voz de bebê e eu rio
— Sim - falo puxando ela, fazendo com que ela sentasse na cama
— Por favorzinho Noah - ela implora
— Nem adianta, ou você vai por bem, ou você vai a força - eu falo e ela faz biquinho
Ela vai em direção ao banheiro, eu ligo o chuveiro no gelado e ela entra debaixo do chuveiro com roupa e tudo, o que me faz rir. Desço pra buscar meu celular que eu deixei na mesa da cozinha e assim que eu volto pro quarto dela, escuto a mesma chorando.
Vou até o banheiro e vejo que ela está sentada no chão do box enquanto a água caia sobre o corpo dela. Respiro fundo e passo a mão no rosto sem saber o que fazer.
— Sabi? - chamo ela
— Sai daqui - ela pede em meio às lágrimas
— Não vou deixar você aqui sozinha nesse estado - falo - O que aconteceu?
— Noah, por favor, sai daqui - ela pede chorando mais ainda - Eu não quero que você me veja nesse estado
— Não vou sair daqui - falo e vejo que ela não consegue parar de chorar
Resolvo entrar no box, de roupa e tudo, sento atrás dela fazendo com que ela encostasse a cabeça do meu peito e eu a abraçasse.
Nunca tinha visto a Sabina daquele jeito, e saber que um dia ela chorou assim por minha causa partia o meu coração em milhões de pedaços.
— Quando eu prometi cuidar de você, eu estava falando serio - falo pra tentar acalma-la - Você não está sozinha, eu estou aqui com você
— Eu não quero que você se sinta na obrigação de cuidar de mim Noah - ela fala ainda chorando
— Eu cuido de você porque eu quero te ver bem. Você quer me contar o que aconteceu? - eu pergunto e ela não responde - Tem alguma coisa a ver com sua família? - pergunto e ela nega - Com você mesma? - ela nega também - Pepe? - assim que eu falo o nome dele, ela volta a chorar - Vamos fazer assim, não vamos falar sobre ele agora, amanhã quando você já estiver melhor, a gente conversa, pode ser? - pergunto e ela assente
Ficamos ali por um tempo, abraçados, enquanto a água escorria pelo nosso corpo.
Depois que os dois já tinham tomado um banho direito, cada um no seu banheiro, claro, Sabina pediu para que eu penteasse o cabelo dela.
Assim que eu terminei de pentear o cabelo dela, ela se virou pra trás e disse
— Obrigada Noah. Você não faz ideia do quanto eu senti falta de passar esse tempo com você - ela diz e meu coração acelera
— Você nunca precisa agradecer por nada, tudo que eu faço é porque eu te quero bem - assim que eu termino de falar ela me abraça.
lar (s.m.)
é se sentir bem-vindo, lugar pra onde a gente corre quando tudo fica mal. Lugar de maior segurança no mundo, refúgio. Nosso. Possível de ser compartilhado com outras pessoas. Melhor quando compartilhado, é se sentir parte de alto. Pertencer.SABINA
Sabe quando você fica muito tempo longe da sua casa e depois de tempos, você volta pra ela? Sabe essa sensação de finalmente estar em casa de novo?
É essa sensação que eu estou sentindo dentro desse abraço do Noah. Finalmente eu me sinto em casa. Depois de anos, reencontrei o meu lar.
O abraço do Noah sempre foi o meu lugar preferido do mundo. Todas as vezes que eu precisei, foi ali que eu encontrei a calmaria que meu corpo precisava.
— Eu te amo, Noah - eu falo ainda abraçada com ele
Ele me solta aos poucos do abraço dele e ficamos milímetros de distância um do outro. Sinto ele respirar fundo e encostar a testa na minha.
— Eu também te amo, Sabina - ele sussurra
A gente está numa distância perigosa, e sabemos disso, mas não queremos sair dali. Ele passa o dedo de leve no meu lábio e eu fecho os olhos.
Não demora muito pra ele colocar sua mão na minha nuca e selar nossos lábios.
No começo, era nítido que os dois estavam com medo do que estavam fazendo, mas logo a saudade e a vontade de estar ali consumiu a gente, e o nosso beijo tímido se tornou um beijo necessário, a gente precisava daquilo. Ele pediu passagem e eu cedi, a língua dele explorava a minha boca como se conhecesse aquele lugar mas não lembrava como era estar ali.
Eu subo em seu colo, ele aperta a minha cintura e eu agarro a nuca dele.
Todo medo que consumia a gente, foi sumindo, e ali agora só existia duas pessoas que se amam e que estavam sentindo falta um do outro. De sentir um ao outro. Sem dúvidas, aquele era o erro que no momento, a gente não queria parar de errar.
Quando eu percebo que as coisas estão começando a ficar mais seria eu paro o beijo, e encosto nossas testas. Eu e ele tínhamos uma respiração muito ofegante.
Assim que a gente para, minha consciência pesa na hora.
— Merda - falo saindo do colo dele
— Sabina, eu - ele começa a falar e eu interrompo
— Noah, sai daqui - eu peço abrindo a porta - Por favor
Ele obedece ao meu pedido e sai do meu quarto. Eu bato a porta e encosto nela.
Deixo que toda a culpa e todo o arrependimento me consumisse, deixo meu corpo cair e sento no chão.
Bato minha cabeça na porta e deixo as lágrimas caírem. Eu não acredito que eu fui capaz de fazer isso.
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New Life • Urridalgo
Ficção AdolescenteSabina sempre sonhou em ser uma grande dançarina, já Noah, sempre quis ter sua própria banda. Anos depois de ter sido abandona, Sabina reencontra Noah, mas ele já está com uma vida nova formada.