Stalker

25

"O que você acha de eu começar pelo seu namoradinho? Fazer como eu fiz com aquele gato imundo." Empurra meu rosto de um forma brusca e se afasta. Meu estômago se revira com o pensamento desse homem machucando Harry.

"Por favor, eu estou implorando!" Grito com uma voz estridente e desesperada, vendo ele abrir o armário. Não achando o que procurava, ele passa ao meu lado e a porta atrás de nós se abre mais uma vez. "Deixa ele em paz, faça o que quiser comigo, mas com ele não." Um barulho de uma pancada se mistura aos meus gritos.

Olho para Harry e percebo que ele está fazendo um esforço com a mão direita e entendo que está tentando soltar a braçadeira que segura sua mão. Em uma segunda tentativa, ele arrasta sua mão para cima e força o pulso para baixo; por incrível que pareça, a braçadeira se rompe e sua mão direita fica livre.

Solto um suspiro de felicidade e ele começa a fazer o mesmo processo com a mão esquerda e eu tento imitá-lo. Entretanto, a única coisa que consigo é uma enorme dor e ardência no pulso.

"Você vai se machucar... Espera." Ele fala entre a respiração entrecortada e tenta mais uma vez conseguindo êxito, ao contrário de mim.

Com as duas mãos soltas, ele começa a mexer nas braçadeiras ao redor dos tornozelos. Entretanto, a porta se feche com um baque forte e a leve sensação de alívio que pairava sobre mim some.

"Que diabos você está tentando fazer?" John grita e Harry rapidamente cai de joelhos no chão. Para minha surpresa, ele conseguiu soltar as pernas e fica em pé em instantes.

John, então, o acerta um soco em cheio e Harry cambaleia para trás com um corte na boca. Vejo que o mais velho tem uma faca na mão e fico desesperada por não poder fazer nada, continuo tentando fazer o mesmo que Harry, mas não surte efeito. O de olhos verdes se recompõe e devolve o soco, seguido de outro. Então, meu namorado fica em vantagem e depois de mais um soco John cai e a faca escorrega pelo chão.

Meu namorado corre até a arma e pega o objeto. John começa a se levantar, então Harry lhe acerta um chute bem na cabeça e o mais velho cai de novo.

"Fica bem parada." Harry se abaixa ao meu lado e segura meu braço. Meu corpo inteiro está tremendo e seguro minha respiração enquanto ele passa a faca pelas braçadeiras, que para mim eram impossíveis de serem rasgadas.

"Harry, se eu morrer aqui hoje..."

"Não fala isso, por favor." Ele me corta.

"Escuta. Eu só quero que você saiba que eu te amo. Eu te amo mesmo e queria ter falado isso antes, desculpa."

Não espero por uma resposta, porque quando ele termina de soltar meu pés, me ponho ereta imediatamente e o puxo para fora dali.

Ao passar pela porta, vemos um outro cômodo, talvez a sala, e outra porta. Corro até lá e giro a maçaneta que, infelizmente, está trancada.

"Chega pro lado." O moreno pede e se prepara para empurrar a porta com o corpo, mas não obtém resultado. Enquanto ele tenta mais uma vez, reparo na janela na parede ao lado.

"Para." Puxo seu braço de novo e giro o trinco da janela. Com as duas partes abertas, pulo para fora e Harry me segue.

Agora está muito mais frio, a noite já caiu completamente, alguns flocos de neve se acumulam no chão e a lua está cheia, iluminando um pouco a floresta, mas logo minha visão se ajusta.

"Merda." Harry sussurra. A neve marcaria nossos passos e se ele acordasse seria muito mais fácil de nos encontrar.

De qualquer forma, começamos a correr para o meio da floresta em busca da estrada; talvez o carro dele esteja por lá. De mãos dadas, Harry vai na frente. Passamos pelos galhos e folhas caídas no chão e desviamos das árvores na frente.