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O vento balança o meu cabelo enquanto seguimos pela estrada vazia. Harry e eu estamos em silêncio já faz algum tempo, mas não me sinto incomodada com isso. Passa pela minha cabeça que estudei na mesma escola que ele por anos e nós nunca nos falamos propriamente, e fico pensando o porquê de ele ter se aproximado.

"Vamos parar por aqui?" A voz dele me puxa de volta para a realidade e aceno que sim. Entramos em uma área gramada e cruzamos uma ponte que passava sobre o rio. Deixamos as bicicletas no chão e nos sentamos ao lado, de frente para a água. Estico minhas perna e apoio minhas mãos no chão, jogando a cabeça para trás, levemente, e sentindo o sol fraco me esquentar um pouco.

"Harry... por que resolveu falar comigo?" Abro meus olhos e viro minha cabeça para olhá-lo.

"Como assim?" O rapaz de olhos verdes, que pareciam mais claros hoje, girou o seu corpo e ficou de frente para mim.

"Sei lá. É que nós nunca fomos próximos."

"Mas podemos ser agora." Sinto um frio na barriga e mordo o lábio segurando um sorriso que queria aparecer - que idiota. "E além disso, quem me chamou pra sair a primeira vez foi você." Ele se gaba. Bem, não deixa de ser verdade.

"Porque você se intrometeu na vida do meu gato." Tento me defender e ele ri.

"Você já tinha vindo aqui?" Mudo de assunto e olho ao redor. Um pouco mais para trás há árvores altas e o som do rio é agradável.

"Uma vez, com a minha irmã. Ela queria pescar, mas eu avisei que ela não ia pegar nada." Ele balança a cabeça em negação enquanto sorri, como se estivesse lembrando do dia.

"Deve ser bom ter uma irmã." Sou filha única e por muito tempo implorei para ter um irmão, mas meus pais nunca quiseram.

"Ah, nem tanto! Quando éramos pequenos, Gemma adorava implicar comigo, ela me deixava tão irritado as vezes." Ele protesta e faz uma cara engraçada.

"Mas você sentiria falta se não a tivesse por perto." Harry concorda e me encara.

De repente, uma gota de água cai em cima do meu nariz e me dá um susto. Ouço a gargalhada do rapaz à minha frente e olho para cima. Nuvens negras começam a cobrir o céu e mais algumas gotas caem sobre nós.

"Acho melhor irmos de uma vez." Concordo com ele e, rapidamente, pegamos as bicicletas.

No meio do caminho ouvimos o barulho de um trovão e começamos a pedalar mais rápido. Morro de medo de cair um raio em cima de mim. Os pingos começam a cair com mais frequência e sinto minhas costas ficando molhadas.

"Vamos entrar!" Falo assim que paramos em frente a minha casa.

"Não precisa, chego rapidinho em casa."

"Certeza?" Ele concorda e sorri. "Então tá. Obrigada pelo passeio." Ganho uma piscadinha de olho como resposta e me apresso a entrar em casa quando ele vai embora.

Vejo minha mãe no sofá e meu pai aparece da porta da cozinha, assim que eu abro a porta.

"Fred, pega uma toalha pra essa doida." Elizabeth, vulgo minha mãe, fala. Mas eu imediatamente respondo que não precisa, pois já irei tomar banho. "Já estava quase te ligando." Ela completa e eu arregalo os olhos. Meu celular.

Fico quieta e subo para tomar banho. Talvez eu possa ir buscar se a chuva tiver parado quando eu sair do banho. Ou meu pai pode me emprestar o carro, quem sabe. Ainda bem que eu fui na festa, porque se não eu teria que perguntar para alguém onde Harry mora.

Depois de secar meu cabelo e vestir roupas secas, volto para o andar de baixo e percebo que a chuva parou. Parece que ela só veio para nos fazer ir embora.

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