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Sem pensar e com adrenalina correndo pelo meu corpo começo a correr em direção à saída do beco. 

O som de seus passos se faz presente atrás de mim e forço as minhas pernas a irem mais rápido. A agitação misturada com o medo acelera minha respiração e meu coração, parece que ele irá sair pela minha boca a qualquer momento.

A paisagem ao meu redor muda, das paredes do beco estreito para a ampla vizinhança, e paro no meio da calçada ao perceber que já não há mais som algum além do meu. Ainda ofegante, giro para trás e percebo que estou sozinha. 

Levo a mão ao cabelo para prende-lo e recupero meu fôlego. Ninguém. 

"Ei!" A mão em meu ombro me desperta e salto no lugar. "Calma!" 

Kaleb, um rapaz que mora na casa no final da rua, levanta as mãos como se estivesse se rendendo e solta uma risada. Solto a respiração que não tinha reparado que estava presa e sorrio.

"Oi, K. Você me assustou." 

"Você está pálida como se tivesse visto um fantasma." Ajeita seus óculos. "Tudo bem? Te vi correndo." 

"Mais ou menos... Toma cuidado por aí, ok?" Bato em seu ombro e ele assente, mesmo que esteja confuso. "Até mais." 

"Você precisa de alguma coisa?" Balanço meu nego indicador negando sua ajuda e passo por ele, deixando um sorriso.

O que ele poderia fazer? Kaleb é franzino e um tanto desengonçado, não acho que se daria bem encarando quem quer que esteja atrás de mim. 

Mais aliviada, mas não menos despreocupada apresso meu passo até em casa e verifico se a porta está bem trancada depois de entrar.

O cheiro de comida boa está pela sala e me leva até a cozinha. Mamãe está esquentando o almoço e eu corto o silêncio.

"Mãe, lembra aquele dia que eu falei que tinha um homem me olhando lá no meu quarto?" Ela assente. "Então... Ele estava atrás de mim hoje! Naquele beco que é um atalho da escola pra cá."

"Você tem certeza, Serena? Não é mais uma de suas invenções?" Ela questiona, olhando para mim com uma expressão seria no rosto.

"Eu juro, mãe! Tem alguém atrás de mim, tentando me assustar... ou pior." Falo e uma sensação de medo toma meu corpo. Ela suspira.

"Já que é assim, vamos à delegacia depois do almoço." 

O pensamento de ir à delegacia ao mesmo tempo que me acalma, me assunta. Me acalma, pois sei que falarei com profissionais que estão dispostos à me ajudar, mas por outro lado falar com a polícia quer dizer que isso está realmente sério.

Depois do almoço, entramos do carro e nos dirigimos até a delegacia. 

A delegacia de Holmes Chapel não é um lugar movimentado, nem grande. Três viaturas estão estacionadas na entrada e um policial toma café ao lado da porta. 

"Boa tarde." 

Depois da porta, vemos uma policial digitando rapidamente no computador atrás do balcão. 

"Em que posso ajudá-las?" Pergunta assim que chegamos perto.

"Minha filha quer fazer uma denúncia. Há alguém atrás dela, perseguindo." Minha mãe responde e a policial faz uma expressão de surpresa. Não a culpo, é Holmes Chapel, uma cidade onde esse tipo caso não costuma acontecer.

Quando seu pequeno choque passa, ela nos informa que um policial irá nos atender em outra sala e sentamos para esperar. Nesse momento minha mãe liga para o consultório e pede para que a secretária remarque algumas consultas para amanhã, o dia em que normalmente ela não marca muitas consultas.

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