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Termino de dar o laço no cadarço do meu tênis branco e levanto da cama, rumo ao exterior da minha casa.

Antes de sair, mando uma mensagem avisando a Harry que estou indo encontrar o pessoal do jornal na escola e que depois passaria na padaria para vê-lo.

Ainda não acredito que estamos namorando. A felicidade estampada no rosto de Harry quando eu aceitei seu pedido vem em minha mente e sorrio ao lembrar. Fiquei tão feliz quanto ele.

O conheço desde que éramos pequenos, já que estudamos na mesma escola, mas nunca fomos próximos. Sempre o admirei de longe e nunca tive coragem para lhe dizer algo além de um 'oi' uma vez ou outra.

Volto à realidade e guardo o celular na mochila, encarando a brisa do outono no lado de fora.

Depois de quinze minutos, entro na área escolar e caminho ao encontro dos meus colegas como toda quinta-feira. Semana passada terminamos uma outra matéria e não deu tempo para falar das meninas, então hoje iremos montar a manchete sobre as líderes de torcida.

Não será tão complicado, já tenho em mente o que escrever e as fotos ficaram ótimas.

...

"Tchau, pessoal!" Aceno para as outras três pessoas que trabalham no jornal comigo. Carl e Sabrina seguem para a direita, enquanto Nathan permanece na sala e eu caminho para a saída.

De repente, um vento mais forte me surpreende e acaba levantando minha saia plissada. Imediatamente levo as mãos para abaixa-la e sinto minhas bochechas esquentarem.

Olho para trás para ver se alguma das poucas pessoas que estão aqui viram esse momento vergonhoso.

Percebo que estão distraídos e apenas James está me encarando, sentado em um dos bancos no gramado. Tinha que ser ele?

Volto a olhar para frente e apresso meus passos para sair logo dali. Garanto que minhas mãos fiquem perto do tecido para evitar que ele seja levantado novamente e sigo rumo ao estabelecimento em que Harry trabalha.

Como de costume, o sino soa quando eu abro a porta e adentro na padaria. Um cheiro delicioso de bolo sendo assado paira no ar e vejo meu namorado entregar um pacote de pão para uma mulher.

Sorrio e aceno com a cabeça quando ela passa por mim e, então, me aproximo do balcão. As covinhas nas bochechas do rapaz aparecem e me fazem derreter.

"Olá!" Fico na ponta dos pés para alcançar sua boca e deposito um selinho.

Harry indica para eu ir para trás do balcão e assim faço. Quando chego ao seu lado, ele passa um dos braços pela minha cintura e me puxa para bem perto. Sua mão direita alcança minha bochecha e me aproximo para que eu possa sentir sua boca novamente na minha.

Nossas línguas se esbarram e eu aprecio cada momento do seu beijo. Minhas mãos, que estavam em seu peito, sobem para seu pescoço e me estico um pouco mais para diminuir a diferença de tamanho.

"Harry..." Ouço uma voz grave chamá-lo e nos desgrudamos imediatamente. Harry se vira e eu posso ver um homem de meia idade, magro e careca, segurando uma bolo recém assado. "Pode abrir a vitrine, por favor?"

O menino de cabelo encaracolado se apressa em ajudá-lo e se desculpa antes do padeiro entrar pela passagem que dá acesso a uma escada.

Harry me olha e solta uma gargalhada e eu o acompanho. Meu Deus, hoje é meu dia de passar vergonha.

"Acho melhor eu ir, não quero te atrapalhar..."

"Você não atrapalha!" Ele afirma.

"A Mary pode não gostar de saber que eu venho aqui todo dia. Não quero te prejudicar. E não precisa ficar preocupado, eu realmente entendo." Não quero que ele peça pra eu ficar por estar sem jeito de falar a verdade. Sei que não eu certo ficar aqui enquanto ele trabalha.

"Te vejo amanhã, então?"

"Claro que você me vê amanhã." Sorrio e ele faz o mesmo, me dando um abraço em seguida.

Harry segura a porta para eu passar, mas antes de sair dou mais um rápido beijo nele. Então, ajeito a mochila em meus ombros e desço os degraus para a calçada. Depois de alguns passos, olho para trás e o vejo ainda parado me olhando. Aceno e admiro o sorriso que ele retribui.

Assim que chego em casa, procuro por Louis. O bichano aparece no alto da escada e eu subo depressa para encontrá-lo.

"Mamãe voltou!" Ele solta um miado e o pego colo.

Abro a porta do meu quarto e solto Louis, que pula na minha cama. Deixo minha mochila na cadeira em frente a escrivaninha e troco a saia por uma calça de moletom preta. E depois de fechar a porta, me deito para fazer companhia a ele.

Passado algum tempinho, ouço um barulho no andar debaixo. Checo as horas no celular e não está na hora que minha mãe costuma chegar.
Escuto passos do lado de fora e meu corpo gela. Não acredito que está acontecendo de novo! Devo estar escutando coisas.

Puxo Louis para mais perto de mim e sento na cama, encarando a porta. Os minutos que se passam parecem eternos e nada acontece. Até que um pedaço de papel escorrega por debaixo da porta e meu coração parece errar uma batida.

O pensamento de ter alguém do outro lado da porta me deixa apavorada e o medo me consome por inteira. Meu coração está tão acelerado que parece que vai sair pela minha boca.

Finalmente meu cérebro reage e pulo da cama, ficando de pé. Pego o abajur que está em cima do criado mudo e seguro firmemente com as duas mãos. Dou passos curtos lentos até a porta, ponderando se devo abri-la ou trancá-la.

Um fio de coragem surge e giro a maçaneta, para encarar quem quer que esteja aqui. Contudo, quando é possível ver o corredor, não há ninguém. Hesitante, dou mais um passo e olho para os dois lados: ninguém.

De repente, o barulho da porta da cozinha invade meu canal auditivo e puxo a porta do meu quarto tão forte que provoca um estrondo. Rapidamente giro a chave na tranca e me afasto.

Tento controlar minha respiração e pensar. Talvez essa movimentação na cozinha foi a pessoa indo embora. Fico em silêncio por mais algum tempo, apertando cada vez mais o objeto em minha mão, tentando ouvir mais alguma coisa.

O tempo passa e o silêncio é a única coisa que está presente. Meu coração desacelera um pouco e sento na cama, deixando o abajur em seu lugar novamente.

Louis pula para o chão e eu acompanho seus movimentos. Ele passa pelo papel deixado aqui, que por um momento tinha sumido da minha memória.

Avanço para pegá-lo. Como da primeira vez, o papel está cortado em um quadrado perfeito. A parte que está para cima está em branco, mas quando eu o viro vejo a mesma letra preta de máquina de escrever.

Sua saia estava muito curta. Não deveria usar roupas assim.

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Finalmente mais um capítulo!

Não se esqueçam de votar, ok? Me contem o que vocês estão achando... Beijos, se cuidem!






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