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Depois de alguns segundo meu cérebro parece realmente perceber o que está acontecendo e sem hesitar dou um grito estridente, que ecoa pelo quarto.

Me levanto correndo e meu pé se embola na coberta. Meu corpo cai no chão, mas rapidamente me recomponho e abro a porta.

Corro pelo pequeno corredor em direção ao quarto dos meus pais. Abro bruscamente a porta e a fecho na mesma intensidade e com o barulho eles acordam, finalmente.

"Alguém... Alguém está no meu quarto!" Eu praticamente grito.

"Sério, Serena? Ainda com isso? Você sabe muito bem que eu não posso ficar aqui durante a semana, eu tenho um trabalho." Meu pai diz e volta a se deitar.

"Pai, é sério. Acredita em mim!" Não o culpo por achar que estou mentindo, eu realmente costumava mentir para eles só para que meu pai ficasse em casa por mais alguns dias.

"Serena, por favor volte para o seu quarto. Você já fez isso tantas vezes, me desculpe, mas não acreditamos mais." Minha mãe fala e meus olhos se enchem de lágrimas.

"Mãe, eu estou falando a verdade. Vocês têm que ligar para a polícia!" Falo tão rápido que quase me embolo nas palavras. "Está lá no meu quarto, vão lá ver." Eu suplico. "É verdade!"

Meu pai bufa e se levanta. Enquanto ele calça seus chinelos, pego a luminária da escrivaninha e estendo para ele. Contra vontade, ele pega o objeto e eu o sigo para fora do quarto.

O corredor está frio e imagino o vento entrando pela janela e passando pela porta do meu quarto. E o homem. Escondido em algum lugar, me esperando.

"Veja... Ninguém." Papai olha pelo quarto e vai até a pequena sacada. "Ninguém." Sua cabeça pende para o lado, enquanto solta um suspiro e me olha.

"Ele pode estar em qualquer lugar. Claro! Ele se escond..."

"Dormir." Meu pai gesticula para a cama, mas me recuso a ficar sozinha.

"Então deixa eu dormir com vocês, por favor!" Com um sorriso cansado, ele acena e me acompanha para fora do quarto.

...

Vejo os raios de sol entrando pelas frestas da cortina. Eu não dormi essa noite, queria estar acordada para o caso de alguém estrar aqui mas isso não aconteceu.

Me levanto e vou em passos receosos até meu quarto. O chão gelado faz o meu corpo se arrepiar, ontem eu saí tão de pressa que nem deu tempo de pegar meu chinelo.

Olho por todos os cantos para ver se tinha alguém ali, mas não vejo ninguém. Isso é estranho, tudo estava como sempre, a pessoa não levou nada. Para que se entra na casa de alguém se não para roubar alguma coisa?

Pego meu celular em cima da mesinha ao lado da minha cama e desligo o alarme.

"Já está de pé?" Dou um pulo assim que escuto a voz atrás de mim. Me viro e vejo meu pai parado na porta.

"Meu Deus!" Suspiro e ponho a mão em meu peito.

"Desculpa." Ele fala rindo.

Meu pai trabalha em Londres, que fica a mais ou menos duas horas de Holmes Chapel, por isso ele só fica em casa aos fins de semana.

"Eu não dormi muito bem essa noite... Pai eu não estava mentindo quando disse que tinha alguém aqui!" Retomo o assunto de ontem.

"Filha, eu sei que você gostaria que eu passasse mais tempo aqui. Mas você sabe que eu não posso, eu tenho que trabalhar." Ele vem e me abraça de lado. "E se você acha que tinha alguém aqui, tome mais cuidado, tranque as portas e janelas. Nada vai te acontecer." Aconselha, mas sei que ainda não acredita.

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