Capítulo 16

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Assim que as aulas terminaram, os alunos se dissiparam pelos corredores para encontrar as namoradas. Era mais costumeiro que os garotos fossem atrás das meninas do que o inverso apesar de não ser uma regra. Alexia se despediu de mim e observei quando Adam a recebeu com um beijo e juntos foram embora.

Anthony estava abrindo a porta do carro quando me viu de longe. Ele conversou algo com Eveline e veio ate mim e Mike.

— Seja lá o que você tem a nos dizer, fala amanhã. Hoje estou superlotado de coisas e tenho uma entrevista de emprego! –ele disse entusiasmado.

— O que?! Entrevista de emprego? –perguntei.

O abracei forte dando-lhe os parabéns. Eu bem sabia da sua vontade de sair da casa de seus pais. Aquilo era uma conquista e tanto.

— Obrigado gatinha. –ele me apertou forte.

— Eveline te deu os parabéns? –quis saber. Ele sorriu e pigarreou.

— Não, ela não liga para essas coisas, mas, vocês ligam e isso que importa! –Anthony não costumava levar nada para o lado pessoal, mas estava nítida a sua chateação. Encarei Eveline que acenou. Devolvi o aceno.

— Me conta tudo como foi a sua entrevista. – o abracei de novo e senti quando seus lábios beijaram o topo de minha cabeça.

— Vou lá, preciso levar ela pra casa ainda. –ele sorriu nos dando tchau.

Mike ainda permanecia com os braços dentro da blusa de frio. Estava sério aquele dia. O que não era tão comum para ele, porém eu não perguntei já que certamente ele não diria. De longe avistei Toby no carro de policia patrulhando a área. Seus olhos logo se fixaram nos meus, eu devolvi o olhar. Meu coração se acelerou tanto que fiquei tonta. Era uma sensação estranha, será que eu estava me apaixonando por ele? O simples pensamento me fez abrir um leve sorriso.

— O que esse idiota está olhando? –Mike perguntou. Eu resmunguei junto para evitar ter que dar alguma desculpa.

No fundo eu queria contar logo pra ele sobre Toby, mas, não parecia a hora certa ainda. Abaixei a cabeça sentindo o peso na minha consciência. Eu não queria esconder isso dele, mas se dissesse ele poderia me evitar pra sempre. O que eu queria fazer naquele momento era me deitar debaixo de uma arvore bem grande e observar o céu azul e sentir a brisa fresca que a sombra causaria. Eu olho para cima e vejo o azul, as cores amarelas da arvore e me sinto mergulhando nisso, e por um momento, eu me sinto leve e feliz. Mas, isso não é minha realidade é apenas um desejo.

— Você está bem?

A voz dele me tirou dos meus pensamentos.

— Estou. Só pensando nas coisas. –menti.

— Eu sei quando mente e você é péssima nisso inclusive. –ele riu.

— Estou falando a verdade. –mantive minha postura.

— Sei. O que esta rolando entre você e Adam? – ele parou a minha frente me encarando.

Eu queria correr direto pra casa, mas ainda estávamos no mesmo quarteirão da escola. Um ponto de desvantagem enorme, o frio na minha barriga me fez ficar tonta. Eu não tinha nenhuma resposta pronta e não poderia gaguejar.

—Como assim? –fiz à egípcia.

Ele arqueou a sobrancelha direita me olhando. Pronto era o fim de tanto mistério, ele saberia sobre Toby, sobre o que Adam fez na festa; Estava pronta para cuspir tudo quando ele perguntou novamente e pelo tom de sua voz eu imagino que esteja desconfiado. Cruzou os braços e parado na minha frente esperou minha resposta.

— Não está rolando nada! Ele só me deu uma carona. –menti de novo.

— Olha Hanna eu te conheço bem demais, e você sabe que quando eu desconfio de alguma coisa... –ele fez uma pausa, — muito provavelmente eu estou certo. –engoli seco.

Senti-me andando numa corda bamba, um fio de cabelo, na ponta de uma agulha chame do que quiser. Eu só queria não estar tendo aquela conversa.

— Fala sério Mike, acho bom rever seus conceitos de desconfiômetro! Francamente! –resmunguei o largando para trás.

— Hanna eu só quero te ajudar, sou seu amigo. Eu nunca menti pra você e nem sei por que faria isso. –ele veio atrás de mim, apressei meus passos.

— Tchau Mike!

Ele correu me alcançando. O baque contra seu corpo me fez parar. Ele riu.

— Olha só você quer mesmo saber? Meu pai vai se mudar para outra cidade e sabe se lá quando eu vou ver ele de novo! Ah novidade ele falou coisas ruins porque eu estava naquela festa estúpida! E Adam só me deu uma carona que droga! –nem tinha percebido que as lágrimas desciam quentes e rápidas.

— Sinto muito. –ele me abraçou. Eu o apertei forte.

Um pouco do choro foi por esconder as coisas dele. Eu sabia que podia confiar nele, mas ainda era cedo e isso estava machucando um pouco.

Ele se despediu me dando um beijo no topo de minha cabeça e seguiu a rua lado oposto do meu. Fiquei observando quando ele sumiu atrás de um muro branco da esquina. Nem tinha percebido que já estava longe do colégio. Peguei a rua lateral como de costume e fui pra casa. Pra minha sorte os empregados de Petros estavam limpando a estrada de entrada, um breve alivio pousou no meu corpo, não teria que passar correndo com os fones de ouvido no último volume. 

Lado Sombrio {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora