Capítulo 27

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Logo que acordei, eu percebi que o sol já invadia parte da minha cama, mas, apesar do susto eu ainda estava no meu horário. Minha cabeça estava dolorida e na garganta um nó entalado, as lembranças da noite passada eram tão frescas como se tivesse acabado de acontecer. Era para ser uma noite tranquila droga! Senti os olhos arderem denunciando um possível choro, sequei as lágrimas com a manga da blusa.

Desci as escadas apenas de pijama. Se meu relógio tivesse certo eu tinha trinta minutos antes de me arrumar para a aula. Petros estava no jardim dando ordens aos funcionários, presumi que minha mãe ainda dormia. A brisa da manhã já estava se dissipando quando o sol aparecia tímido sobre as altas arvores. O piso gelado da cozinha me fazia andar em busca de um tapete.

Peguei uma maçã na fruteira sobre o balcão e quando me virei para subir a escada de volta uma embalagem pequena caiu no chão. Um arrepio na espinha me fez recuar. Era verbena só podia ser! Adam estava certo! Peguei depressa a embalagem e observei as minúsculas folhas, flores roxas, lilás e o cheiro forte de erva. Tirei o celular do bolso e tirei o máximo de fotos possíveis com o disparador ativado. Devolvi a embalagem no lugar e subi depressa as escadas antes que Petros percebesse.

Droga o telefone!

Praguejei quando apalpando a blusa de frio percebi que ele não estava comigo. Abri a porta devagar e desci os degraus passo a passo. Petros estava no fim da escada com as mãos no bolso da calça. Estava sério.

— Acho que está procurando isso... – ele tirou o meu celular do seu bolso e o colocou no ar me esperando. Engoli seco.

— Eu deixei cair... –minha voz falhou.

— O que vai fazer com essas fotos Hanna? Vai falar para aquele policialzinho que ando fumando uma erva? Vai me denunciar Hanna?

— Não... É que eu... É... – gaguejei. Ele me encarou.

— Bom dia amor! – ele interrompeu minhas falas, sorrindo mais do que seus lábios permitiam. Aquilo era irritante.

Senti um beijo no topo da cabeça e logo minha mãe desceu as escadas passando por mim. Ela deu um selinho em Petros e foi para a cozinha. Petros me encarou furioso e jogou o celular para mim nada satisfeito. As fotos tinham sido apagadas. Droga!

Vesti-me para a aula e fui a pé mesmo, era bom ter um tempo para respirar o ar puro. Os guardas não ficavam nos portões durante o dia. O toque de recolher ainda estava ativo apesar de eu mesma não obedecer. Passei pelos portões e segui pela estrada de terra até chegar ao asfalto. De longe vi a viatura de Toby circular pelas ruas, logo que me viu ele deu uma piscadela.

Sorri desconcertada.

Os alunos logo me alcançaram com bicicletas que soavam sinos como numa noite de natal, os skates exalavam o som abafado sobre o asfalto. E mãos frias me assustaram quanto tocaram minha cintura. Dei um grito agudo pelo susto.

— Mike que susto! –senti meu coração saltar na minha garganta. Ele riu jogando a cabeça para trás. Aquilo foi irritante, o empurrei apressando os meus passos.

—Ah qual é Hanna! –ele riu mais.

— Odeio levar sustos você sabe disso, estava tão distraída... –comentei sem olhá-lo.

— Distraída com o que?

Fiquei em silêncio.

— Ah com o encontro com Toby... –percebi que ele disse num tom amargo. Ele realmente o odiava.

— Não houve nada além do que combinamos. – confirmei.

Ele me encarou.

—E porque teria? Você não foi para acabar com tudo de vez? – ele ergueu uma sobrancelha, o olhar curioso me fez desviar os olhos.

Lado Sombrio {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora