Capítulo 26

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Toby estava com a arma em punho. Entramos no beco devagar nos escondendo entre as sombras e mais ao longe havia uma lixeira quadrada onde era descartado o lixo do restaurante. Observei os vários papéis e sacolas plásticas que escapavam da mesma por causa da brisa. Toby me puxou para que eu abaixasse com ele. O cheiro fétido nos fez tossir nossos olhos ardia pela acidez provavelmente de alguma pimenta podre. Ou comida mexicana.

A água escura escorria bem a nossa frente e estava insuportável ficar ali. Meu ar parecia não ser o suficiente e eu suspirava de forma ofegante para não sufocar com aquilo. Vi quando a sombra pareceu emitir algum som ou gemido de dor, mas parecia abafado. Toby olhava pela fresta que a lixeira tinha entre a parede e ela. Um corpo tentou fugir mais foi pega de volta, aquilo gritou alto. Meu coração pulsou alto em meu ouvido, o susto me fez levantar junto com Toby. Não o segui mais ele se aproximou.

— Parado ai não se mexe ou eu atiro! – Toby gritou.

Permaneci onde estava.

A ideia de levar uma bala no meu corpo me fez estremecer. Aquilo se moveu rápido tentando atacar Toby que atirou na parede. A mesma se quebrou levantando uma leve poeira. O barulho alto me fez agachar, tapei os ouvidos ainda de olho em Toby temia que ele fosse atingido. Aquilo era... Uma pessoa. Um rapaz bastante agressivo. Toby chamou reforços no rádio sobre o ombro, que eu nem tinha reparado.

— Preciso de reforços na rua lateral da lanchonete! E rápido temos uma vítima! O individuo está muito agressivo e resistente! –Toby gritou enquanto mirava a arma para o rapaz.

Em segundos as duas viaturas se aproximaram, fechando o beco. Droga eu estava no meio de uma ocorrência! As luzes vermelhas e azuis piscavam e o som emitido era alto demais, algumas pessoas se aproximavam para ver o que estava acontecendo. Levantei depressa pronta para escapar, fiquei na lateral da lixeira me disfarçando como uma curiosa também. Policias abriram caminho entre as pessoas, um deles era Samuel que pareceu curioso quando me viu. Um policial rechonchudo iluminou a cena com uma lanterna, a cena assustou alguns que se afastaram.

Havia sangue para todo lado. Uma garota estava no canto da parede de cabeça baixa já sem vida, o corpo parecia um manequim. O sangue que escorria de seu corpo se encontrava com a água suja da lixeira que desceria até o bueiro mais próximo. Tapei a boca sentindo os olhos arregalarem. O rapaz fora posto de joelhos e algemado. 

Uma semelhança em comum me fez franzir o cenho, cerrei os olhos e percebi que os cabelos eram bastante familiares. Por favor, não! Por favor, não! Implorei ao meu instinto, mas foi em vão. O policial levantou o rosto do rapaz pelos cabelos de forma que fora exposto por completo.

Era ele.

Adam estava completamente coberto pelo sangue da garota. A camiseta branca estava vermelha e algumas gotas de sangue respingado na jaqueta preta. Seu rosto estava vermelho e sangrento, a gosma pingava dos lábios, o cheiro de sangue e morte inundava todo aquele beco. Minhas lágrimas escaparam no mesmo instante.

 Ele logo percebeu minha presença. Seus olhos se fixaram nos meus, uma lágrima desceu em seu rosto, mas apesar disso, percebi que seus olhos estavam escuros, e mesmo com brilho eles não tinham vida. Não tinham rancor. Tinha dor, tinha sede. Ele era um monstro. As algemas queimaram a sua pele, assim como ele me disse alguns dias trás. A prata, o metal queimava a pele numa intensa chama.

Alguns policiais se chocaram com a cena dando um salto de susto, quando a mesma caiu no chão se partindo ao meio. Algumas pessoas correram dali, outras gritaram. Toby apontou a arma para sua cabeça, pronto para atirar, quando Adam levantou as mãos se rendendo. Seus olhos ainda me olhavam.

— Eu não vou fugir, não precisa me matar. –ele posicionou as mãos para trás do corpo.

Toby e Samuel o seguraram pelo braço, e com as armas em punho abriram passagem pelas pessoas. Adam me olhava fixamente e balbuciou um 'sinto muito', quando passou por mim. Alguns paramédicos chegaram desviando uma maca amarela entre alguns curiosos para resgatar a garota, mas não precisava ser médico para ter certeza de que ela estava morta. A água suja da lixeira tinha o seu sangue, o seu cheiro. Como estaria viva depois disso?

Lado Sombrio {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora