Capítulo 2

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Dylan entrou em seu carro, visivelmente cansado por mais uma noite. Colocando sua bolsa no banco de trás, retirou os óculos que lhe atrapalhavam nesse momento e esfregou a curva do nariz tentando relaxar com os olhos fechados. A dor de cabeça retornou depois da última aula.

- Hoje os alunos estavam muito dispersos. Preciso encontrar uma maneira de prender mais a atenção de todos. Espero que com a atividade que passei, possam me contar um pouco mais sobre suas personalidades, assim poderei lidar com eles da melhor maneira.

Pensava Dylan enquanto continuava esfregando a curva do nariz. Um suspiro de cansaço invadiu o ambiente interno de seu carro, dando partida rumo a sua casa.

- Boa noite meu bem!

Dylan cumprimentou sua esposa que já se encontrava em baixo dos lençóis, dormindo. Retirou seu terno e afrouxou a gravata que lhe apertava o pescoço. Antes de pensar num banho revigorante, Dylan dirigiu-se ao bar que ficava no piso de baixo de sua casa e sozinho, serviu uma dose de uísque em seu copo. Precisava relaxar, então resolveu escutar alguma música para que a companhia de seu uísque se tornasse ainda mais agradável. Dylan estava visivelmente cansado, talvez um cansaço de seu dia a dia, poderia ser, de suas aulas, mas sempre foi o que quis em sua vida, sua carreira como professor da Universidade de Oxford, então era necessário fazer com que desse certo. Já em sua vida pessoal, as coisas não iam bem a algum tempo. Amava sua esposa, sim, mas o trabalho estava distanciado os dois, de ambas as partes, pois, Ana também era professora mas, em outra Universidade, na cidade vizinha. Viajava na segunda pela manhã e retornava na sexta feira à noite, para casa. Casados ​​a seis anos, não tinha planos de completar a família. Talvez pela falta de tempo, poderia ser.

Dylan subiu as escadas, um pouco zonzo pelas doses de uísque que havia tomado, porém relaxado. Tomou um banho e deitou-se ao lado de Ana, que suspirava lentamente num sono profundo.

Na manhã seguinte Dylan levantou-se cedo e preparou suas aulas para a próxima semana que viria. Convidou Ana para um jantar num restaurante local, o qual seu colega da universidade havia recomendado por ser um lugar aconchegante e comida boa. O The Porterhouse Grill. Não precisaria reservas, pois, o local era conservador, longe de ser um barzinho agitado e cheio de adolescentes exalando hormônios e palavrões. Dylan gostava de sossego e esse seria um bom lugar para jantar com sua esposa numa noite de sábado.

Dylan e Ana olhavam atentamente o cardápio enquanto uma garçonete se aproximava.

- Boa noite! Bem vindos a melhor Steakhouse britânica! Em que ajuda-los?

Dylan reconheceu a voz que vinha por cima do Menu e arriscou baixar o cardápio para confirmar suas suspeitas. Sim! Era ela, Grace O'Connor, sua aluna de Literatura Inglesa.

- Boa noite Senhorita O'Connor! Que prazer em vê-la. Não sabia que trabalhavas aqui.

Dylan pode notar um pequeno constrangimento por parte de sua aluna, e não conseguia entender o porquê. Seu olhar estava brando e com um pequeno sorriso em seus lábios, tentou tranquilizá-la.

- Podes me recomendar algo Senhorita O'Connor?

- É claro Sr. Gavin, me desculpe, eu posso. É claro, então o coração de pato é um ótimo pedido com certeza, e também temos o bife chateaubriand para dois, que é sem dúvida uma das melhores opções.

- Para mim, algo sem glúten está ótimo. – interrompeu Ana, fazendo gestos de indiferença com as mãos.

Dylan assentiu e virou-se para Grace que estava muito desconfortável com a situação, mas com seu olhar penetrante, Dylan solicitou o bife chateaubriand e agradeceu pelas recomendações. Retornando seu olhar fuzilante para Ana, retrucou.

- Você poderia ser um pouco mais gentil com as pessoas, Ana.

Ana retornou um olhar de desdém para o comentário de Dylan. E ele conhecia bem a mulher com quem casara. Começara a se preguntar, o porquê mesmo dele haver feito essa escolha.

Algum tempo depois, o prato principal chegou a mesa três, enquanto os dois desfrutavam de um vinho cabernet também recomendado pelo chef. Dylan notou novamente o desconforto no olhar de Grace ao se aproximar da mesa e depositar a bandeja com o pedido. Suas mãos tremiam.

- Aqui está, o bife chateabriand. Desejo um bom jantar aos dois, e se precisarem de mim, podem tocar a campanhia.

Dylan agradeceu com um sorriso sedutor que talvez, ele nem soubesse que possuía. Seu olhar era de agradecimento por Grace ser tão doce, mesmo Ana não merecendo. Jantaram num completo silencio, exceto pela musica ao fundo que tornava o ambiente mais aconchegante. Assim, Ana interrompeu:

- Quem é mesmo essa moça que você cumprimentou?

- Minha aluna, Ana. De literatura Inglesa, terças e sextas. Seu nome é Grace.

Dylan respondeu a sua esposa, sem tirar o olhar de seu prato. Furtivamente, olhava ao redor do restaurante tentando localizar Grace. Não sabia certo, mas se sentiu culpado pelo constrangimento que sua esposa a fez passar. Afinal de contas, a senhorita O'Connor era uma das melhoras alunas de sua classe, e também uma menina doce que mal nenhum fazia. Conhecia Grace a mais ou menos um ano, quando a mesma ingressou na Universidade, e sempre a achou uma menina intrigante. Muito inteligente, mas muito calada. Ficava frequentemente envergonhada quando tocava seu nome na sala de aula e pedia para que explicasse algum ponto da matéria. Dylan achava até fofo o jeito como Grace se movimentava e falava. E quando solicitava seu nome para as apresentações, não podia deixar de sorrir ao ver seu rosto corar.

Sua busca em encontrar sua aluna que era a garçonete daquele lugar, foi em vão, então resolveu pedir a conta. Para sua surpresa, não foi senhorita O'Connor que veio trazer o caderno com a anotação do pedido. Outra garçonete o fez. Dylan deixou notas a mais que o valor do pedido e enquanto sua esposa não retornava do banheiro, solicitou uma caneta e papel para a garçonete que ali aguardava.

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