Capítulo 7

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- Sabe quem encontrei naquele restaurante chinfrim? - Ana torceu o nariz enquanto tomava um gole de seu vinho caro, no almoço de domingo.

- Quem e qual restaurante chinfrim? - Dylan revirou os olhos enquanto Candy riu debochando de sua mãe.

- Ora, sua aluninha fofa! Não é mesmo Candy? - Falou de boca cheia.

- Ai, mãe! Pra que tanta implicância com tudo? Parece que nada te agrada! - Retrucou Candy.

- Candy as vezes tem mais maturidade que você, Ana!

Ana bufou e continuou seu almoço sem trocar mais palavras com Candy ou Dylan.

Dylan tinha um sentimento paternal em relação a Candy, já que a seis anos mantém convivência, desde que ela tinha oito anos, quando casou-se com Ana.

Candy passava agora a maior parte de sua pré adolescência com seu pai biológico que morava a alguns quilômetros da cidade, uma preferências dela, já que sua mãe permanecia um pouco em cada lugar.

Dylan permaneceu calado durante todo o almoço e Candy ao perceber, encostou sua mãe na de seu padrasto, num gesto de carinho. Piscou tentando lhe dizer que tudo ia ficar bem, e voltou a atacar a sobremesa em sua frente.

Tentando disfarçar seu descontentamento, Dylan após o término do almoço, dirigiu-se ao seu escritório a fim de preparar as aulas para a próxima semana. Muito teria a ser feito pois o Congresso estaria chegando. Foi quando ouviu uma leve batida na porta.

- Posso entrar Dylan? - A voz de Candy era suave.

- Claro meu amor! Entre. - Dylan retirou seus óculos, olhando para a pequena Candy.

- Olha, eu sei que as vezes é difícil aturar as atitudes da dona Ana, mas ela tem um bom coração, apesar de tentar esconder. - Sorriu de lado, tentando não demonstrar a vergonha que sentia pela mãe.

- Vem cá, gatinha! - Dylan puxou-a para um abraço. - Eu sei disso, não se preocupe com nada e, me conta como está na escola? Seu pai está presente na hora dos estudos? - Dylan afagava os cabelos de Candy.

- Sim está tudo bem, tirando o fato de que cada semana ele aparece com um namorada nova, tudo bem. - Candy revirou os olhos e Dylan riu.

- Voce sabe que sempre terá o seu lugar aqui, não sabe? - perguntou, ainda abraçando-a.

- Sei sim, Dylan. Você é um verdadeiro pai.

Dylan beijou a testa de Candy, que saiu para acompanhar sua mãe ao shopping.

Quando sua atenção voltou para a matéria, logo veio em sua mente, a imagem da doce Grace, e daquele momento em que sentiu uma vontade imensa de beija-la, toca-la. Seu sangue começou a ferver, pensando o que poderia fazer com ela, dentro de seu escritório. Balançou a cabeça em negação. Já havia dito a si mesmo que não voltaria mais a pensar em sua aluna. Era errado. Muito errado.

A noite, voltaria a sentir a solidão que pairava em sua casa, já que Ana levaria Candy de volta para a casa de seu pai, e após iria para nosso apartamento, em Cambridge, para mais uma semana de trabalho.

Nessa infinita solidão, Dylan se perdia em pensamentos, de como sua vida seria diferente, se não houvesse casado com Ana. Talvez só precisasse resgatar o que havia se perdido pelo caminho. Mas decidiu que não iria pensar nisso, não essa noite.

- Alô?

- Peter?

- E aí Dylan! Surpresa cara!

- Tá a fim de ir naquele Bar Rock que tem perto da Universidade? Vamos tomar algumas.

- É claro, não tinha planos para hoje mesmo.

- Mas é jogo rápido! Amanhã precisamos trabalhar.

- Sim, vamos tomar algumas. Será que Anthony vem?

- Anthony está com a sogra no hospital, não vamos encomodar-lo.

- Ok, te encontro daqui a pouco.

As luzes pareciam mais fortes que se lembrava. Talvez pudesse estar incomoda pela sétima dose de uísque que já havia tomado.

- Vai com calma aí Dylan, amanhã você precisa estar inteiro. - Falou Peter, dando palmadas nas costas de Dylan.

- Cara, eu sei o que estou fazendo! - Dylan tropicou nos próprios sapatos.

- Ei, acho que não. Vem que eu te levo para casa.

- NÃO! - Dylan gritou. - Se você quiser ir, vá. Eu fico bem aqui. - Dylan estava balançando a cabeça, visivelmente bêbado. - Olha! Aquela ali não é a Grace? - Saiu disparado de encontro a moça que estava conversando alguns amigos e tomando tequila.

- Ei! Que Grace, cara!

Peter correu em direção a Dylan, mas não conseguiu detê-lo a tempo.

- Grace? Grace? - Dylan tropeçou e esbarrou na moça, derramando seu uísque nela.

- O que é isso? Você está bêbado? Olha o que fez na minha roupa! - A moça parecida com Grace agora o olhava com fúria.

- Opa! Não é a Grace - Riu, completamente desnorteado.

- Ei, desculpe moça! Meu amigo bebeu demais e te confundiu com alguém! Não leve em conta.

- Vamos Dylan, agora você passou dos limites, vamos embora.

Dylan dessa vez não questionou, e deixou que seu amigo o levasse daquele local.

- Quem é Grace, Dylan? - Peter o questionava, enquanto dirigia rumo a sua casa.

- Minha aluna virgem. - respondeu olhando pelo vidro do carro.

- O quê?

- É meu amigo, minha aluna virgem. - Agora Dylan repetia de olhos fechados. - Como você vai pegar seu carro?

- Não se preocupe.

Dylan dormiu o restante do caminho.

***

A segunda feira chegou como um soco em seu estômago. O quarto ainda dava voltas e a sensação de vômito insistia em ficar.

- Deus! Que dor de cabeça. Preciso de forças para seguir em frente.

Dylan teve dificuldades para se concentrar em suas aulas durante o dia e, ao cair da noite seu cansaço estava no último estágio.

Passando pelo corredor com sua pasta, Grace pode ver Sr. Gavin com um aspecto cansado. Seus cabelos estavam desgrenhados e um fundo de olheira aparecia em seu belo rosto. Grace decidiu apenas observá-lo de longe. Não tivera coragem suficiente de se aproximar e puxar alguma conversa. Porque se sentia tão minúscula ao lado desse homem? Mesmo cansado, ele emergia sensualidade em seus belos traços faciais. Tudo nele exalava sensualidade. Grace permaneceu observando-o e se dando ao luxo de seus devaneios.

- De olho no Bonitão? - Ethan brinca, cutucando o braço de Grace e fazendo-a pular.

- Que susto Ethan! Pelo amor de Deus.

- O que aconteceu com nosso professor gostosão? - Ethan batia o dedo indicador em seu queixo, tentando decifrar.

- Vamos sair daqui. - Grace passou por Ethan arrastando-o junto com ela.

- Ei?! Deixa eu apreciar a vista também! - Ethan retrucou. - Ah, falando nisso, o Professor Peter perguntou sobre você.

- Como assim? - Grace arregalou os olhos para o amigo.

- Isso mesmo. Perguntou se você era a Grace, e eu disse que sim. Nada de mais amiga. - Deu de ombros.

Grace achou estranho um professor , que não fazia parte de suas matérias, perguntar sobre ela. Ele era amigo do professor Anthony e do seu amado professor Sr. Gavin. Havia o visto no restaurante apenas. Seus pensamentos foram interrompidos pelo sinal da última aula da noite.

Farol de VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora