10° Capítulo

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Olho para as três caixas e minha mala, respiro fundo olhando em volta e reparando que não tenho tantas coisas como achei que tinha.

As meninas da cozinha me ajudam a descer as caixas para o taxi que está me esperando, eu desço com minha mala e minha mochila que costumo levar no campus.

Olho para casa que um dia foi minha e olho minha mãe pela janela, ela está com uma garrafa de uísque e bebe direto da garrafa.

-Pode ir. -Falo mostrando o endereço.

Olho para fora da janela enquanto tento não chorar, mas isso parece impossível, lágrimas saem aos poucos e escorregam por minhas bochechas.

-Moça, está tudo bem? -O motorista pergunta e eu aceno olhando para a rua em que ele deveria ter virado.

-O senhor passou a rua. -Digo e ele não fala nada, franzo a testa quando ele acelera mais. -Quero descer.

-Sinto muito, mas isso não será possível. -Fala com um sorriso e reparo na rua sem saída, no final dela tem o rio que atravessa a cidade.

-Para o carro! -Mando mais uma vez e ele ignora.

Pego meu celular e mando uma mensagem para Chris, 190 e a minha localização.

O carro se choca com a cerca e em seguida vai em direção ao rio, afunda devagar e a água começa a subir, o cara está sangrando e desacordado.

Tento abaixar o vidro, mas é impossível, afundo cada vez mais e tampo a respiração quando a água me cobre.

Chuto a janela tentando a quebrar, mas como pode ser tão difícil? Entro em desespero quando não consigo ficar mais tempo sem respirar, nunca fui boa com isso.

A janela se quebra e eu passo por ela, estou muito fundo e não consigo mais, sinto a água invadir meu nariz e vai direto para meus pulmões, sinto a ardência e logo não vejo mais nada.

Sinto a pressão em meu peito, a água voltando por minha garganta e então começo a tossir a jogando para o meu lado, jogo ar para os meus pulmões tão rápido que chega a doer.

Abro os olhos e vejo Chris todo molhado me olhando, estou em seus braços.

-Está bem? Se machucou? -Eu nego e o abraço, não aguento e começo a chorar. -Está bem agora, a ambulância está chegando.

-Fiquei com tanto medo... ele não queria parar o carro. -Digo e ele segura meu rosto me olhando nos olhos.

-Ele te machucou? Fez alguma coisa com você? -Eu nego e ele suspira me beijando. -Fez o certo me mandar a localização, vim assim que eu li, se tivesse demorado mais você poderia estar... eu teria te perdido... -Ele diz com a voz embargada e eu o abraço de novo.

-Estou aqui, nunca vai me perder. -Prometo e ele beija minha testa me deitando em seguida.

-Fica deitada, logo estaremos no hospital.

Concordo e olho em volta, tem emissora de televisão junto com a polícia, logo ouço as sirenes da ambulância, aperto a mão de Chris que a beija quando um enfermeiro se aproxima.

-Olá, me chamo Charlie e irei te atender. -Fala e faz os procedimentos.

Fico deitada na cama em um quarto de hospital, Chris está sentado ao meu lado segurando minha mão enquanto esperamos o médico com os resultados dos exames.

-Mary, teve muita sorte. -Entra olhando para a prancheta em suas mãos. -Se demorasse mais alguns segundos iria entrar água em seu pulmão, graças ao seu namorado está bem.

-Graças a Deus. -Chris beija minha cabeça.

-Fica mais uma hora de repouso e depois já pode ir para casa, deixei meu número com Christopher então qualquer tontura, dores ou falta de ar me ligue e volte imediatamente. -Concordo e batem na porta, o médico abre revelando uma mulher e um cara.

-Licença, ela pode responder algumas perguntas? -Ele pergunta e o médico acena me dando um sorriso.

-Senhor pode nos dar licença? -Ela pergunta para Chris que me olha.

-Ele fica. -Digo e eles me olham, Chris me dá um beijo e fica ao lado da porta com os braços cruzados. -O que querem?

-Saber o que aconteceu. -Fala me olhando. -Sou a investigadora Elisa e esse meu parceiro Cesar.

-Mary...

-Pode nos dizer exatamente o que aconteceu?

-Chamei o taxi para me mudar, minha mãe não me queria mais na casa de repouso então tive que sair, uma amiga me emprestou o apartamento que iria ficar, todas as minhas coisas foram colocadas no carro, entrei e seguimos para o meu endereço, mas quando passou a rua e eu disse para ele que tinha errado, ele me ignorou, pedi para parar, mas não adiantou, estava muito rápido, mandei mensagem para Chris e minha localização, quando eu percebi que estávamos indo direto para o rio. -As lembranças me invadem. -Fiquei com tanto medo...

-Shhh, está bem agora. -Chris me abraça e eu choro em seu peito.

-Acho que já deu por hoje, repousa e por favor, qualquer coisa que lembrar me liga. -Fala estendendo um cartão que ele pega.

-Porque alguém iria querer fazer isso comigo? -Pergunto.

-Onde está ficando? -Pergunta e eu o olho.

-Na casa da Sra. Julia, ela me deu as chaves... merda, eu perdi, estava em minha bolsa, perdi tudo...

-Fica comigo. -Suspiro me afastando e cruzando as pernas. -A casa não é grande, mas...

-Mas o que?

-Não vai estar segura... vamos para casa dos meus pais. -Franzo a testa. -Sim, a mansão.

-Como assim segura? O que está escondendo de mim?

-Princesa, primeiro quero que descanse, um trauma desses...

-O que está escondendo de mim? -Pergunto e ele se levanta. -Fala a verdade.

Peço e o vejo andar de um lado para o outro, suas roupas ainda estão úmidas assim como as minhas, seus cabelos estão molhados. Ele me olha, se encosta do outro lado do quarto.

-Falei uma vez, que meus pais não mereciam o seu sinto muito, eles morreram por tudo que já fizeram em suas vidas.

-E o que eles fizeram de tão ruim? -Fico curiosa e ele me olha.

-Eram matadores de aluguel...

TAM TAM TAM...

O Aluno NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora