3°Capítulo

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Assim que entro em casa me encosto na porta, mordo o lábio fechando os olhos, ainda sinto seu aperto em minha coxa e seu cheiro na jaqueta me faz lembrar seus olhos.

-Com quem veio? -Me assusto por causa de minha mãe.

-Um amigo, Soph não pôde ficar e saiu mais cedo.

-Não o conheço... quem é?

-Novo na cidade e mãe, não conhece meus amigos.

-Por não ter amigos, nem sei porque Sophia é sua amiga, é uma inútil.

-Obrigada por me lembrar disso. -Falo e ela suspira.

-Sabe, é culpa sua estarmos nessa casa de repouso, seu pai foi embora quando soube que estava grávida, você não deveria ter nascido.

-Ok, bebeu demais. -Digo tentando engolir o choro. -Vá dormir e não perturbe os idosos.

Digo me virando e subindo para meu quarto, ela destruiu meu dia, ainda são sete horas e estou deprimida.

Fico em meu quarto até a hora do jantar, ajudo Emily na cozinha para servir, então amarro meus cabelos e desço as escadas quando da oito horas em ponto.

-Acha que eu sou uma inútil? -Ana me olha assim como Lincoln. -Minha mãe está certa, eu não deveria ter nascido.

-Ela brigou com você de novo? -Aceno e o olho. -Você é a melhor pessoa que já existiu, joga com nós, cuida de todos, da banho e ajuda na comida, você é incrível minha linda. -Dou um sorriso e ele faz o mesmo.

-Nunca pense o contrário. -Ana pede e eu aceno, é meio difícil quando vivem te falando isso. -Quer jogar bingo?

-Não obrigada, irei dormir. Se precisar é só tocar a campainha.

-Podemos acordar sua mãe, descanse que amanhã poderá rever seu príncipe. -Olho para Lincoln que sorri.

-Que príncipe? Do que está falando?

-Pequena, vimos quando chegou em um carro chique, com uma jaqueta enorme. -Coro e ela sorri. -Vá dormir.

Concordo e sigo novamente para meu quarto, me sento na cama e olho para a jaqueta, principe, está mais para badboy rude. Meu? Que nada, Sophia já está de olho, até parece que um cara como ele vai olhar para uma pessoa como eu.

***

Acordo com batidas na porta, resmungo quando ouço a voz de minha mãe, como ela consegue gritar tão alto? Deve estar de ressaca.

-Já acordei! -Grito e ela para de bater, olho para o relógio vendo que são cinco e meia, que merda!

Me arrumo e desço as escadas, como alguma coisa e logo ajudo a preparar o café da manhã, não consegui dormir, quando peguei no sono cinco minutos depois fui acordada.

-Sua cara está péssima. -Lincoln informa.

-Meu humor também, não dormi a noite toda.

-Pensando no amado? -Ana pergunta e a olho.

-Não é meu amado, é o da Soph.

-Por isso o mal humor? -Suspiro e nego. -Onde vai?

-Pegar o bingo, vou ganhar de vocês. -Falo e eles negam.

Chego no campus e algumas pessoas me olham, acho que por estar com uma jaqueta masculina na mão.

-Oi, como está? -Soph grita e me abraça.

-Muito afeto. -Reclamo e ela se afasta. -Porque está sorridente?

-Chris me chamou para um encontro. -Bate palmas.

-O chamamos pelo apelido agora? -Pergunto e ela fecha o sorriso.

-Que mal humor, o que ouve? Espera, de quem é essa jaqueta?

-Chris e sim estou de péssimo humor, graças a minha mãe passei a noite em claro. -Minto e ela suspira.

-Sinto muito, quer dormir em casa? -Nego por ter que ajudar minha mãe. -Deveria vir morar comigo e a deixar sozinha.

-Ainda é minha mãe, a única família que eu tenho.

-Ok, não está mais aqui quem falou, porque está com a jaqueta dele?

-Me levou embora. -Ela cruza os braços. -Nem vem, estava chovendo, apenas por isso.

-Tá...

-Está brava? Nunca vou ter nada com ele. -Ela dá de ombros e sorri. -Ele está atrás de mim, né? -Ela acena.

-Bom dia. -Diz baixo e rouco me fazendo estremecer.

-Mal dia. -Digo me virando e entregando a jaqueta. -Obrigada por ontem, não vai se repetir.

-A chuva? Acho que vai hoje. -Fala brincando e eu até estranho.

-Olha, ele está de bom humor, que interessante.

-E parece que você não. -Fraze as sobrancelhas. -Alguma coisa séria?

-Se ter uma mãe que não te quer e joga sempre na sua cara que não deveria ter nascido e que sempre vai ser um erro inútil for alguma coisa séria, então sim. -Suspiro e ele me olha. -Esquece, vou para sala.

Fico em meu lugar até todos entrarem, recebo uma mensagem.

"Sinto muito por tudo que aconteceu, talvez eu possa aumentar seu humor, me encontre no estacionamento quando as aulas acabarem, não convide sua amiga C.K"

Olho para Chris que pisca, encaro minha amiga que se senta ao meu lado.

-Senti que estava rolando um clima entre vocês, gosta dele? -Eu nego.

-Claro que não, nem o conheço. E você quem está gostando dele, nunca iria te trair.

-Espero. -Fala se levantando e seguindo até ele. Porque minha vida é tão complicada?

No intervalo sento sozinha já que Soph está com Chris e suas amigas.

-A patinha feia está sozinha? Onde está a amiguinha? -Lisa debocha ficando em minha frente.

-Porque não me erra? Nunca fiz nada para vocês.

-Claro que fez, você nasceu. -Carly diz e eu me levanto com minha bandeja. -Espera aí, esqueceu isso. -Diz e quando me viro um corpo de milk shake vira em minha cabeça, deixo a bandeja cair e ouço as risadas.

-Você sempre vai ser uma inútil, nunca se esqueça disso. -Lisa fala e elas saem andando, olho em volta e vejo Chris me olhando de pé, Soph parece não me ver, tudo por causa de suas amigas líderes de torcida.

Corro para o banheiro onde entro e me tranco em uma cabine, choro por toda humilhação que passei.

-Mary... -Ouço Chris e não respondo. -Bebê, abre a porta.

-Me deixa sozinha, já me humilharam muitas vezes isso vai passar. -Digo querendo acreditar.

-Não irei sair daqui. -Informa e eu abro a porta.

-Sou uma inútil... -Choro e ele limpa minhas lágrimas.

-Não, é uma mulher linda, inteligente e guerreira, vai passar por isso de cabeça erguida e eu estarei ao seu lado. -O olho e ele sorri, porque ele vai fazer isso?

Está com toda certeza rolando um clima.

O Aluno NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora