E se o Manuel voltasse para a Espanha? - Parte IV

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Bia

Eu não pensei no que estava fazendo. Eu apenas queria fazer. Foi ouvindo ele tocar que tudo começou, então imaginei que daquela forma poderíamos nos entender perfeitamente, e quando todo o espaço que nos separou por sete anos ficou prestes a se tornar nula, os planetas se desalinharam mais rápido do que suspeitava.

Mesmo estando ciente que em breve voltaria para Buenos Aires, senti-lo tão perto novamente me teletransportou para a época que nos apaixonamos pela primeira vez. A ansiedade foi a mesma da Cyber Gold, querer tocar seus lábios com os meus. Por isso, questionei se poderia fazer aquilo para evitar qualquer confusão. Ele não o faria se não pudesse, certo? Manuel sempre levou em conta os sentimentos de outros.

Porém, uma outra confusão esteve envolvida e eu entendi o que ele quis dizer minutos antes com "uma outra realidade me adotou." Liguei os pontos e raciocinei; o Gutierrez agora era pai.

Jorge não cansava de me pedir para vim te ver. - A loira da foto adentrou sorridente, mas como a cara do espanhol permaneceu virada para mim, ela acompanhou seu olhar. - Uh! Olá? Eu sou a Valentina.

Perplexa com a situação, demorei alguns segundos para despertar do transe. Nunca havia pensando na possibilidade de ver Manuel com um filho, e isso me deixou desorientada.

Boa noite. E-eu... Eu estou de saída. - Abaixei a cabeça, caminhando até o rool do prédio.

Não, Bia. Eu ainda tenho que te explicar...

Fica tranquilo. - Interrompi a fala dele e sua tentativa de me seguir, já que o menininho continuava grudado nas suas pernas. - Você não me deve satisfação.

Me desculpa, eu não sabia que o Manuel estava com visita. O meu filho quis ver ele, então... - A mulher buscou se justificar, mas eu também a interrompi.

Não se preocupe. Eu já precisava mesmo ir... - Mirei o homem que afagava as costas da criança, ainda me fitando com seus famosos olhos de pena e arrependimento. - ... antes que as coisas passassem dos limites. - Soltei a última frase em um só fôlego, não custando mais qualquer segundo para descer as escadas.

Algumas lágrimas teimosas ameaçaram escorrer pelas minhas bochechas, mas as enxuguei previamente, antes de entrar no táxi.

[...]

É O QUE???!!! - O grito ecoou no ateliê.

Aí! Meus ouvidos, Chiara! - Reclamou Celeste, retirando os fones.

Ainda bem que no meu celular a vídeo chamada acontecia com o som no viva voz.

Deixa eu ver se entendi... - A italiana assumiu uma expressão pensativa, enquanto nossa outra amiga checava se não tinha estourado os seus tímpanos. - Você se encontrou com o Manuel na entrevista, foram ao Retiro juntos, ele te convidou para jantar, cantaram primer amor, quase se beijaram; tudo isso em DOIS dias?

Esqueceu a parte que ele não contou sobre o filho. - A argentina apontou.

Quem liga para a criança? - Nós duas encararamos a imagem da Calegrini seriamente - Digo, se ele ainda assim não estiver com ninguém nada impede de ficarem juntos.

Você quer um lista? Sempre tem algo que nos separa. Por exemplo, na próxima semana já estarei indo embora daqui. O problema todo foi porque eu fui jantar com ele. - Pus a mão na testa, anotando mentalmente mais tarde brigar com a Ana por ter me incentivado.

E eu não acredito que você demorou a contar para gente. - Chiara mostrou uma indignação aparentemente verdadeira.

Acontece que agora eu não consigo terminar os quadros! - Expressei numa irritação repentina que surgiu. - Roman tinha razão sobre as distrações.

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