E se Binuel não tivesse discutido?

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Bia

Empurrei com cuidado a porta da República, fazendo o mínimo de barulho possível.

Já era quase noite e, supostamente, eu não devia estar aqui onde estou agora, mas sim em casa, porém com o "clima tempestuoso" que estava lá, não pude evitar adiar um pouco mais a minha chegada até meu lar. Antes de ir, eu precisava ter certeza de uma coisa: se Manuel estava bem. Além do mais, ter um momento com ele seria o suficiente para que eu esvaziasse minha mente cheia com suposições de como eu lidaria com meu pai ao chegar em casa.

Quando fechei a porta silenciosamente, pensei que eu conseguiria fazer aquela visita surpresa sem que ela fosse por água abaixo, mas os latidos de Doc interromperam os meus planos, anunciando minha chegada.

-Bia? - me virei, deparando-me com Ana segurando a beagle que balançava o rabo ao me ver.

-Oiê Ana! - a cumprimentei com um sorriso crescente no rosto.

-Não me diga que eu marquei uma aula a essa hora!

Eu ri ao escutar uma pontada de desespero em sua voz. Talvez eu devesse descobrir um jeito de desenhar os horários na memória dela.

-Fique tranquila, eu apenas vim dar uma visitinha - falei, me aproximando dela para que pudesse acariciar Doc.

-E essa visitinha seria para um certo espanhol ou para sua professora favorita? - perguntou em meio a um sorriso divertido, dando um passo em minha direção para que ficássemos de frente uma para a outra. Aproveitei da proximidade para começar a fazer festas na cadelinha em seu colo.

-Inicialmente você não estava incluída em meus planos, mas graças a uma cachorrinha, foi inevitável o meu encontro com minha professora de piano.

-Então quer dizer que se não fosse pelo Manuel, você nem viria 'pra me dar um "oi"? Bom saber sobre a falta que eu faço em sua vida!

-Ah, eu poderia encontrar outra professora sem problemas - ela me olhou desacreditada. - Mas nenhuma seria você.

Trocamos um sorriso singelo. Eu achava incrível como eu havia me aproximado de Ana ao ponto de confiar nela para contar os meus problemas. Eu sentia que ao lado dela, mesmo que a tormenta mais violenta assolasse minha vida, eu conseguiria me manter de pé e enfrentar essa escuridão. Se não fosse por ela, talvez - ou melhor, com certeza - as intrigas entre eu e meus pais estivessem piores do estão atualmente.

-Bia? O que faz aqui?

Senti as batidas de meu coração acelerarem ao escutar sua voz grave e com o sotaque bem aparente. Minha atenção se voltou para Manuel que estava no meio do corredor a alguns metro de mim, fitando-me com a confusão aparente no rosto.

Mas não fui eu quem respondeu sua pergunta, já que Ana foi mais rápida em executar esta tarefa.

-Você tem visita, Manuel! Acho que eu vi a tigela de água da Doc quase vazia, então vou deixar os dois a sós - ela piscou para mim. - Fiquem à vontade!

Não tivemos tempo de pronunciar palavra alguma à Ana, que tratou de se afastar com Doc de mim e caminhou apressadamente para a cozinha. Um breve riso escapou de minha garganta ao vê-la sair quase que desesperadamente dali e o espanhol não tardou em me acompanhar no ato.

-Então quer dizer que alguém veio me visitar? Tem certeza de que não está se confundindo com alguém da República? - o Gutiérrez começou a se aproximar de mim com um sorriso brincando em seu rosto.

-E tem mais algum espanhol que por sinal toca muito bem e compõe ótimas músicas? - também comecei a me aproximar, carregando o mesmo tipo de sorriso no rosto.

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