Vermelho

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Me enxergue
Veja o que tem por baixo dessa pele.
Olhe em meus olhos e deixe-me enxergar você.
Céus, me enxergue
veja-me por baixo desse rosto,
dessas roupas,
status,
dessas caretas e caricaturas de mim mesma,
dessas falsas versões
pintadas,
fotógrafas 
contadas
por línguas ásperas e vozes distantes
sussurradas pelas paredes sujas de um
lugar qualquer,
de uma rua qualquer. 
Por favor!
Me enxergue!
E veja a ti mesmo refletido em meus olhos,
veja como eu vejo você,
céus, olhe esses rostos,
por baixo deles não tem
classe,
não tem identidade, aparência,
todas expressões iguais, sangrando iguais.
Lágrimas e sangue iguais.
Me enxergue
deixa-me enxergar você,
por favor.
Mude esses óculos, que o fazem
cego para a luz dos meus olhos;
Olhando você, eu enxergo
você me observando, por fim,
me vendo.

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