Era Uma Vez Em Eroda

Capítulo 06 - Walk in your rainbow paradise

Depois daquele susto logo de manhã, O Peixe estava se acostumando com o novo hábitat dentro daquela mochila e O Garoto resolveu que eles não deveriam ficar escondidos em casa, que ele queria mostrar para O Peixe, seu lugar favorito na ilha de Eroda. Então, ele arrumou tudo, se arrumou, fez dois tacos, um grande para ele e um pequeno para O Peixe comerem de café da manhã, colheu flores do jardim, colocou tudo numa cesta, inclusive seu habitual toca discos, colocou a mochila nas costas e foi caminhando alegremente até as montanhas onde ele antes costumava passar muitas horas sozinho, guardando seus gritos em potes, estudando arco íris, imaginando se poderia se transformar em um e imaginando também se havia algum lugar melhor para ele além do horizonte. 

Chegando lá, colocou a mochila no banco, se certificando que ela ficasse de frente para o mar, para que O Peixe tivesse uma ótima vista, colocou as flores entre onde ele se sentou e onde a mochila estava e colocou o toca discos do outro lado da mochila, não colocando para tocar nada ainda. Primeiro, ele pegou binóculos e começou a observar um arco íris ali perto, de vez em quando colocando o binóculo na frente da mochila para O Peixe observar também. 

— Você conhece a lenda do arco-íris transmitida pelos nativos americanos, Louis? — Perguntou, assistindo O Peixe se mexer para lá e para cá, como quem responde "não" — Ok! Eu vou te contar. Bem, tudo começa quando um dia, a Mãe Terra e o Pai Sol foram visitar um garoto solitário chamado Atsosi Bagani. Ele não tinha ninguém, então, o pai Sol disse: “Você deve se casar com a mais velha das irmãs Dobedeklad, aquelas que o sol não ilumina, que vivem em um povoado. As aves as aprisionaram na escuridão, com inveja da beleza delas. Somente você pode libertá-las. Para te ajudar, eu vou construir uma passagem entre a tua cabana e o povoado delas e eu transformarei você e as garotas para que as aves não vos reconheçam e vos matem de bicadas”. — Continuou, sorrindo quando viu que O Peixe estava muito atento —
Assim, da terra, um arco gigantesco formado por faixas de cores brilhantes, subia muito alto no céu e descia à distância sobre a terra. Quando Atsosi partiu nesta ponte, transformou-se em uma mariposa, cujas cores se fundiam com as do arco-íris para não ser detectado pelos pássaros. Dessa forma, a mariposa chegou na casa das irmãs. Logo as duas foram atraídas até ela e a magia de um raio de sol retransformou a mariposa em Atsosi.
“O Sol me mandou procurar você, vocês serão minha esposa e minha irmã”, disse o rapaz, mas logo os pássaros os viram e correram sobre eles com gritos estridentes… — O Peixe fechou os olhos, os apertando forte, como se estivesse com medo, muito imerso na história do Garoto — mas o Sol observou e transformou os três jovens em delicadas mariposas, para que os pássaros não conseguissem encontrar os fugitivos que conseguiram chegar na cabana de Atsosi, o Sol e a Terra compareceram ao casamento e eles começaram a viver lá juntos. — Suspirou profundamente — Eles três tinham um lar agora, uma família, mas as garotas já tinham um lar antes. Mesmo escuro, elas tinham um carinho pela cabana delas e por isso queriam visitá-la. “Se vocês quiserem, vocês podem ver a casa escura novamente, mas agora os pássaros ficaram desconfiados e vocês têm que se defender”, avisou o Sol. Portanto, antes de se transformá-las em mariposas, deu a cada uma delas, 3 grandes granizos. Quando as aves as atacaram, a irmã mais velha atirou nelas o primeiro granizo, que se transformou em uma grande nuvem negra que cobria os pássaros.As meninas-mariposas voaram, mas logo as aves as alcançaram e elas tiveram então que lançar o segundo granizo que se transformou em chuva. Mas o granizo acabou e os pássaros retomaram a perseguição. O povoado estava à vista, mas as mariposas não eram rápidas o suficiente para chegar, então elas tiveram que jogar o último granizo, que encheu o céu de raios e trovões. Os pássaros fugiram assustados e as meninas estavam seguras. As irmãs depois retornaram à cabana de Atsosi, mas toda vez que sentiam saudades, visitavam a antiga casa. Assim, após cada tempestade, forma-se um arco-íris entre o povoado e a cabana unindo o mundo das trevas ao reino do Sol. — Finalizou O Garoto, dando um sorriso e vendo O Peixe rodopiar de felicidade, como se dançasse sem música. 

Aquilo divertiu tanto O Garoto, mas faltava algo. Faltava música. Foi então, que ele colocou o disco para tocar no toca discos, de onde saía uma melodia animada de uma música que falava sobre amor, sobre ser capaz de fazer qualquer coisa pela pessoa amada sem pedir nada em troca e foi naquele momento que ali, dançando com O Peixe, que O Garoto percebeu que sentia por Louis tudo aquilo que a música dizia. Ele adorava o seu parceiro, o amava. Assim como, O Peixe também percebeu a mesma coisa por mais que naquele momento, mesmo feliz e radiante, ele se sentia mais como as garotas da Lenda do Arco-Íris, com saudades de sua antiga casa, não exatamente de como vivia antes, mas sim do mar. Afinal de contas, mesmo que O Garoto fosse o amor de sua vida, ambos ainda estavam presos naquela ilha, ali no meio de tantos pássaros que tentavam ofuscar o brilho dos dois, ali… bem longe de qualquer lugar que se assemelhaçe ao reino do Sol.