Capítulo - 37

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Stéfani estava há quase dez minutos parada na soleira da porta analisando cada movimento de Viviane. A mulher preparava waffles com precisão e agilidade. Usava um avental branco por cima da camisa de botões preta que Stéfani uma vez lhe presenteará e uma calça jeans comum. Seu cabelo estava preso em um coque perfeitamente alinhados os olhos não perdiam um movimento sequer de seu trabalho de mexer a massa.

-- Deseja alguma coisa, senhora? Estou te vendo aí. -- A mulher disse sem sequer olhar para Stéfani. Stéfani até riria caso não estivesse tão magoada e nervosa. A mulher sempre tinha a habilidade de perceber a presença de Stéfani.

-- Você... Mirella...

-- Respire e foque no que quer me dizer, criança. -- Viviane disse calmamente, conhecendo Stéfani o suficiente para saber que ela costumava falar nada com nada quando se sentia insegura. A mais nova assentiu lentamente enquanto se aproximava.

-- Mirella me pediu para conversa com você. -- Ela disse sem fitar a mulher nos olhos.

-- Oh, ela já acordou?

-- Não, ela ainda está dormindo. Tomei um banho e vim fazer o que ela me pediu ontem. -- Falou.

-- Essa garota vale ouro. -- Viviane disse sorrindo ainda mexendo a massa.

-- Sim. -- O sorriso de Stéfani se abriu verdadeiramente.

-- Sabia que ela me pediu para te contar a verdade? -- Viviane disse lhe olhando pela primeira vez. -- Essa garota gosta mesmo de você.

-- Gosta? Por quê? O que ela disse? -- Stéfani perguntou animadamente, puxando uma cadeira e olhando atentamente para Viviane. Mirella já lhe havia dito que era apaixonada por ela, mas saber que dizia isso para outras pessoas a deixava ainda mais segura disso. Viviane riu de balançou a cabeça.

-- Oh, eu não lhe direi o que ela me disse. Isso seria errado. -- Ela disse sorrindo. -- Mas pelo que ela me disse posso garantir que ela gosta de você.

-- Ela é incrível. -- Stéfani disse com os olhos brilhando. -- Hey... Espere! Você está me enrolando. Não vim falar de Mirella. --  Viviane riu e lhe fitou.

-- Não estou te enrolando, criança.

-- Então podemos... Conversar? -- Viviane assentiu. -- Ótimo. Sente-se aqui comigo.

-- eu preciso...

-- Depois! Quero conversar direito. -- A mulher assentiu e parou o que fazia. Lavou suas mão rapidamente e as enxugou, levando uma mão ao laço do avental e o soltando. o pendurou por ali e se aproximou, puxando uma cadeira e se sentando.

-- Certo. O que quer saber? -- Apesar de tentar parecer calma, Viviane estava quase tremendo.

-- Como você tem certeza que meu pai era o...? Você sabe...

-- Eu fugir por um mês com ele. Não me entreguei mais a ninguém nesse tempo. -- Falou olhando para Stéfani.

-- Ele acreditou? -- Viviane negou com a cabeça.

-- Ele aceitou me dar comida e um teto até você nascer para fazer o exame. -- Confessou. -- No dia em que você nasceu... -- O sorriso de Viviane se abriu e seus olhos brilharam. -- Chovia muito. Me lembro de ter medo do futuro, mais aí escutei seu chorinho, filha... -- E tentou segurar na mão de Stéfani, mas a mesma recuou. -- E então eu soube que não importava mais nada desde de que você estivesse comigo.

-- Então por que nunca me disse? -- Era mágoa em sua voz.

-- Após o exame que comprou ao seu pai que você era filha dele... -- Ela disse lipando a garganta. -- Ele disse que eu deveria ir embora. Ele sempre dizia isso durante a gravidez, mas eu nunca levei a sério.

-- O que você fez? -- Stéfani perguntou curiosa.

-- Implorei. -- Uma lágrima solitária rolou de seus olhos, até ela enxugar a mesma. -- Me ajoelhei, me humilhei, mas ele continuava dizendo que eu não seria um bom exemplo de mãe. -- Falou e logo respirou fundo. -- Então me propus a trabalhar de graça para ele. Ele só aceitou depois que eu jurei que nunca te revelar quem eu era.

O silêncio predominou o lugar. Stéfani não sabia o que pensar e nem o que dizer, não podia acreditar no que seu pai havia feito.

-- Você trabalhou de graça todos aqueles anos? -- Perguntou chocada vendo Viviane assentir.

-- Comecei a receber apenas depois que ele faleceu. Não queria levantar suspeitas para a senhora. -- Viviane disse abaixando a cabeça.

-- Por quê você nunca me contou? Depois que ele morreu você poderia...

-- O que eu diria? -- Viviane perguntou firme. -- "Hey, sou eu sua mãe, a ex prostituta que seu pai fez questão de manchar a imagem durante a vida toda."

-- O que você fazia não iria interfir em nosso relacinamento. Mãe! -- Stéfani gritou, fazendo Viviane arregalar os olhos, para sorrir logo depois. Lágrimas de felicidade rolavam de seus olhos ao ouvir Stéfani lhe chamar de mãe.

-- Quero que saiba de algo. Eu jamais desejei fazer o que eu fazia no passado. -- Esclareceu. -- Meu tio me forçava e me espancava caso eu não fizesse. -- De seus olhos não pararam de descer lágrimas. -- Tentei fugir várias vezes, mas ele era muito conhecido, sempre lhe diziam onde eu estava... Eu jamais quis... Acredite em mim, eu nunca quis...

-- Eu acredito! -- Stéfani disse estendendo a mão para segurar a de Viviane. -- Posso te pedir algo? -- Viviane assentiu. -- Poderia... Me abraçar? Igual quando fazia quando eu tinha quatro anos?

-- Você lembra? -- Viviane perguntou chocada.

-- Jamais esqueceria. -- Ao ouvir isso Viviane abraçou forte sua filha. Sentir o cheiro de seu neném já crescido era maravilhoso, mas a sensação de saber que Stéfani finalmente sabia era libertadora. -- Eu sempre te considerei uma mãe, de qualquer forma. -- Stéfani sussurrou fazendo Viviane chorar ainda mais. -- Desculpe fugir de você.

-- Oh, criança. Filha. Minha filha... -- Disse. -- Eu que lhe devo desculpas. Eu te amo tanto. Meu neném!

-- Também te amo... Mãe! -- Viviane havia sonhado por anos com o som dessas palavras sendo proferidas por Stéfani para ela, mas a realidade era ainda mais cativante.

-- E que tal se preparamos uma bandeja especial de café da manhã para sua esposa, hm? acho que lhe devo uma vida de favores.

-- Ótima idéia! -- Stéfani disse, dando um beijo no rosto de Viviane. -- E, mãe.

-- Sim?

-- Obrigada por nunca ter saído do meu lado. -- Viviane sorriu emocionada.

-- Mirella tinha razão, afinal.

-- Em quer? -- Perguntou arqueando uma sobrancelha.

-- Você é mesmo madura e quero que saiba que me enche de orgulho, criança. -- Stéfani abriu um sorriso sincero ao ouvir aquilo.

-- Sentir sua falta esses dias.

-- Eu também, filha. Eu também.

Por hoje e isso amanhã eu volto meus amores. Amo vcs!

OVER THE RAINBOW - VERSÃO STERELLAOnde histórias criam vida. Descubra agora