The Backstage [minsung]

Aposta Idiota

Bang Chan nunca bebia na presença dos membros, porque se qualquer coisa ocorresse, ele poderia intervir ou organizar. Contudo, era apenas seu amigo de longa data Jisung e o Minho, sabia que poderia confiar nos dois e de certa forma se deixou ser apenas um jovem feliz cantando karaokê.

Minho observava o futuro líder do Stray Kids enchendo a cara e cantando TT do Twice como se fosse a própria Momo e decidiu se unir a ele. Bem, não conseguiria manter uma conversa amigável com Jisung sem retornar o clima estranho de "Lembra daquele dia que você enfiou a língua na minha boca e eu gostei?", então decidiu apenas seguir o amigo bêbado e dividir a garrafa de soju.

—*Oh my God, Mate. This song is good, play it – Chan falava com seu sotaque australiano e mexendo os braços freneticamente.

Jisung riu e colocou a próxima música para ele, mas ao dar o play foi Minho quem segurou no microfone e começou a cantar alto. O esquilo não tinha percebido que o tempo que Minho passou em silêncio, ficou bebendo.

Minho achava que aquela era a única forma de amenizar a dor de olhar para o rosto de Han todos os dias e saber que ele não sentia o mesmo. Toda vez que lembrava, bebia mais um gole – por isso ficou bêbado rápido.

— Para a música, para! – Minho dizia com a voz enrolada e tentando se manter em pé.

— No, bro. O refrão é o melhor. – Chan dizia enquanto arrancava o microfone da mão do outro como uma criança.

— Eu tenho uma revelação! – agora Lee estava em cima do sofá gesticulando e gritando. Bang Chan parou com os olhos arregalados em sua direção. (autora: o próprio João Kleber)

— Lee Minho Hyung, desce daí. Por favor – o único sóbrio tentava contornar a situação, sem sucesso.

— Estou em sofrimento, meus caros. Estou apaixonadoooooooooo. Mas ele não me amaaaaaaaa. Querem saber o nome? – ele continuava gritando em cima do sofá com a fala arrastada.

— Fala, fala, fala – o futuro líder pulava em completo êxtase e empolgação.

— É segredo – Minho colocou a mão no rosto e riu — Ele mora comigo— colocou o dedo sobre a boca para fazer "shhhh".

— Você se apaixonou por sete pessoas? – Bang Chan estava confuso e muito bêbado.

Os dois riram como se fosse a piada mais engraçada do mundo, o que fez o grande Minho se desequilibrar do sofá onde estava declamando e cair direto nos braços de Han que correu para pegá-lo. Minho era dançarino, não poderia machucar nenhuma parte do corpo e quando Jisung percebeu que ele estava naquela situação, sabia que cairia a qualquer segundo.

— Vamos, vamos. Acabou a farra.

O resto da noite não foi tão agradável para Han Jisung, precisou arrastar dois bêbados risonhos até o dormitório sem causar nenhum grande estrago. Chegaram por volta das três da manhã e ele foi direto sentar no sofá da sala para descansar as pernas. Contudo, ele não dormiu.

Tudo que pensava era na frase gritada do outro "Eu estou apaixonadoooo", "ele mora comigo". Uma onda de tristeza o atingiu subitamente, o pior de tudo era imaginar um de seus amigos beijando aqueles lábios, tocando naquela pele, fazendo ele soltar aquela gargalhada tão maravilhosa. Lee Minho estava apaixonado por um de seus amigos.

Não se importou quando as lágrimas começaram a percorrer seu rosto, nem as limpou. Estava chorando no escuro, sozinho, na sala de estar. Onde um dia jurou não sentir nada pelo coreano de cabelos escuros. Apenas uma pequena luz atingia sua face, se tornando visível o rosto choroso para Felix que tinha ido buscar água na cozinha.

— Tudo bem, amigo? – o loirinho sussurrou fazendo-o tomar um susto.

— Claro...

Felix percebeu que não havia muito o que dizer, apenas abraçou com toda sua força o corpo fraco do outro. Jisung chorou como uma criança por minutos, quando conseguiu se controlar, seus olhos estavam doloridos e inchados.

— Ele ama outro, Felix.

"Ele?" A mente do raio de sol estava confusa. Jisung nunca tinha dito nada sobre sua sexualidade, não era como se precisasse, mas seria bom saber que tinham outros amigos LGBTs também. Felix se sentia tão sozinho nessas questões, era o único bissexual assumido da casa.

Mesmo assim, não quis retirar a privacidade de seu amigo, apenas concordou em silêncio e imaginou pelo que o outro poderia estar sentindo.

— Minho Hyung ama outro, Felix... E eu não posso fazer nada.

— Me desculpe por isso, deve ser difícil... – *Yongbok acariciou seus cabelos e ajudou a secar as lágrimas.

— Eu o amo tanto que dói, dói saber que ele nunca vai se sentir assim comigo.

— Você já disse isso para ele?

— De que adianta, ele mesmo me disse que estava apaixonado.

— Por quem?

— Alguém que mora nesse lugar.

— Como sabe que não é você? Também mora aqui.

Jisung ficou em silêncio, na realidade ele não havia pensado nisso. Achou que se Minho estivesse apaixonado por ele, simplesmente apontaria o dedo bêbado e admitiria, mas como ele escondeu, já imaginou ser outro alguém.

— Seria bom se vocês conversassem, tudo se resolve no diálogo.

— É, talvez faça isso. Obrigada, Yongbok, obrigada mesmo – os dois se abraçaram forte e sorriram.

Minho não conseguia dormir bem quando bebia, sempre ficava levantando e bebendo água para não ter ressaca de manhã. Quando foi a caminho da cozinha, se deparou com aquela cena, Jisung e Felix se abraçando com força no escuro na sala de estar -sozinhos e sorrindo.

Ficou sóbrio na hora, aquela cena o atingiu com tanta força que o pôs nos sentidos e apenas caminhou até o quarto em silêncio para não ser descoberto, tinha perdido até a sede. Então, era por isso que Jisung gostaria que ele esquecesse do beijo, porque estava apaixonado por outro.

Tudo estava rodando dentro de sua cabeça, o álcool e a tristeza se misturaram de uma forma abrupta, sentiu vontade de chorar e vomitar ao mesmo tempo. Imaginou quantas madrugadas eles podem ter feito isso no escuro e se sentiu enganado, ele nunca deveria ter beijado Han Jisung naquela noite, ele nunca deveria ter aceitado aquela idiota aposta.

* Tradução: Meu deus, cara. Essa música é boa, coloca ela.

*Yongbok- nome coreano do Felix.