Capítulo 2

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Mitsuri acordava aos poucos, sua visão ainda não distinguia em qual sala encontrava-se. Olhou para os lados e lembrou-se de estar no que seria uma pequena biblioteca. Quando levantou, notou que seu corpete estava frouxo.

— Não me lembro de folgar os nós... Acho que estava cansada demais — murmurou.

Estava tarde, então a rosada se deu conta; ela havia dormido o baile inteiro. Seus olhos se arregalaram e o coração quase saiu pela boca, torcia para que a princesa não reclamasse. Caminhou até a saída, mas seu olhar parou na herdeira que estava se entregando a um homem. Rapidamente, Kanroji saiu dali.

— O que acabo de ver!? — exclamava afastando-se. — Leona não deveria fazer aquilo... será que devo falar para a Rainha? Ela acreditaria em mim? — mil dúvidas rondavam sua mente.

A garota suava frio, não sabia o que fazer, mas sabia de algo; agora, havia uma carta em suas mãos. Caminhou até sua casa, estava extremamente tarde, a mesma torcia que seu irmãozinho não estivesse chorando, com medo.

— Tokito? — chamava-o, mas não obteve resposta. — Que alívio — suspirava ao ver o pequeno corpo dormindo, com o nariz vermelho, provavelmente estava chorando. — Me perdoe. — suas mão deslizavam pelos cabelos negros, que assim como os dela eram peculiar. O garotinho ria, estava gostando do carinho, soltava risadas deliciosas de serem ouvidas. Mitsuri agradecia por ter um irmão tão adorável, e mesmo jovem, conseguia apoiá-la.

As horas passaram e amanheceu. O sol nascia dando a todos aquele brilho aconchegante pela manhã, estava nublado, mas ainda sim brilhava. Kanroji não pregara os olhos, pois havia dormido mais do que precisava durante o baile.

A pequena criança caminhava esfregando os olhos até a pequena cozinha. Quando seus olhos bateram em sua irmã fez questão de pular em seus braços. Ele chorava, mas não por tristeza, e sim pela felicidade de vê-la. Seu maior medo era que a rosada não retornasse mais.

— Achei que tinha me abandonado.

— Me perdoe por demorar... acabei dormindo durante o serviço. — sorriu.

— Se a princesa descobrir... ela vai fazer algo ruim?

— Não. — sorria ao se lembrar da carta que havia chegado em suas mãos. — Agora, vamos comer. Você precisa se alimentar.

O mesmo corria entupindo a boca de comida, parecia que não comia a dias, o que não seria mentira. Kanroji economizava o máximo que podia para dar uma vida melhor a seu único parente, mas parecia que o universo a impedia.

Seus pais morreram há onze anos, deixando Tokito ainda bebê e uma carta, no qual a rosada não se permitia ler, mesmo que a curiosidade falasse alto. Sua mãe havia deixado claro que deveria "evitar" ler tal papel.

Flashback on

— Kanroji, ajeite esse cabelo! — gritava uma mulher de cabelos esverdeados. — Está parecendo um urso.

— Mãe! — a pequena de apenas nove anos reclamava, enquanto a outra apenas ria. — Meu cabelo está lindo.

— Está parecendo um arbusto cor-de-rosa, espertinha. — ria. — Vamos. Você precisa de um banho.

— Mas, mãe! — tentava fugir do assunto, mas era em vão.

— Seu pai vai chegar e você precisa estar pronta, Mitsuri — explicava. — Sem desculpas. Venha logo.

A família morava em uma pequena casa, perto de um rio, afastado das partes movimentadas do reino. O pai de Kanroji não gostava de agitação e sua mãe não seria diferente. Decidiram ficar em um lugar mais calmo, até para o bem da esverdeada, que encontrava-se grávida, quase dando à luz.

— Vai me fazer dar á luz antes da hora, Arbustinho? — a mãe colocava suas mãos na cintura.

— Não! Vamos. — a pequena sapeca seguia a mais velha.

Ambas riam, até jogavam água uma na outra. O pai chegava e soltava gargalhadas com a cena, a mulher lutava para fazer a pequena tomar banho, mas a mesma não estava cooperando. O homem, por usa vez, decidiu se aproximar, entrando na guerra de água que se formava.

Flashback off

— Não queria que a maninha trabalhasse tanto. — os olhos azuis do pequeno entristeciam-se.

— Não tem problema. Vou tirar um tempo para passearmos pelo reino... e quem sabe eu te leve até nossa antiga casa? — sorria.
—Por favor! — o pequeno pulava.

Luz De Primavera(REESCREVENDO) Onde histórias criam vida. Descubra agora