Capítulo 3

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O dia estava cada vez mais corrido, a Princesa andava de um lado para o outro com as bochechas rubras, acompanhadas de um sorriso bobo. Mitsuri estranhava a expressão, mas não questionava, era melhor do que ouvi-la reclamar.

— Chame o Iguro! — ordenou.

— Mas ele deve estar trabalhando... — a princesa ignorava e continuava falando uma lista de coisas para a rosada.

Um suspiro profundo escapou de Kanroji, sua paciência estava deixando seu corpo. Leona, por sua vez, cantarolava alto com sua voz desafinada, fazendo com que todos por perto ficassem surdos, ou até mesmo, irritados.

— Minha senhora — a rosada chamava sua atenção. — Meu irmãozinho não pode ficar em casa sozinho e sempre retorno mais cedo... — a princesa a interrompia.

— Eu não ligo se seu irmão está ou não sozinho, apenas faça seu trabalho e suma da minha frente.

Cabisbaixa, Mitsuri apenas caminhou até a saída, direcionando-se para a loja de Obanai. Lágrimas escapavam do seu rosto, como poderia imaginar que a próxima rainha fosse tão fria? Como ficariam os impostos com sua sucessão? Tudo estava para explodir em sua cabeça.

— Por favor, esteja bem, meu pequenino. — referia-se ao irmão.

Balançando a cabeça para se livrar de alguns pensamentos, a garota apertou os passos. Havia várias damas ao redor do homem, provavelmente tentando chamar sua atenção, mas quem ganhou foi Kanroji. Seus cabelos rosados estavam bagunçados devido a pressa e sal respiração ofegante.

— Que novidade não chegar arrumada, Kanroji — a rosada murmurava em ironia para si.

— Posso ajudá-la, dama cor-de-rosa? — Iguro aproximava-se.

As bochechas da garota ficaram rubras, durante todo esse tempo ela sequer havia dito seu nome. Sem graça, a mesma apenas olhou para o chão esperando o vermelho em seu rosto suavizar, o que não passou despercebido por Obanai.

— Talvez não deva chamá-la disso. — riu. — Pode me dizer seu nome, bela dama?

— Mitsuri Kanroji — respondeu. — Minha senhora deseja vê-lo novamente.

— Não poderei ir dessa vez — disse calmamente.

— Hã? Mas por quê? — o desespero nos olhos de esmeralda estavam visíveis,

— Não faz bem pessoas da minha classe frequentarem o palácio. — sorriu. — Mas, posso pensar em ir se aceitar caminhar comigo.

A rosada não entendia o que passava na mente do homem a sua frente, mas durante esse tempo, pode perceber o quão bonito ele era, e principalmente; seus olhos. Um de cada cor, assim como as damas sempre diziam ser o tal charme. Suas bochechas retornaram a tonalidade vermelha.

— É um pedido meu impróprio, não? — perguntou mais para si mesma.

— Não se preocupe. Te convido como uma amiga. — sorriu.

— Minha nossa... O senhor tem um sorriso lindo — disse sem perceber. — Desculpa!

Iguro apenas riu, a jovem a sua frente estava corada, deixando-a ainda mais fofa, era inevitável não a ver com outros olhos. Agora, ele entendia o que os cavalheiros diziam da "dama cor-de-rosa".

— T-tudo bem. Aceito seu convite. Mas, preciso ver meu irmãozinho primeiro... — suspirou.

— Permita-me acompanhá-la. — As mulheres que cercavam o homem há alguns minutos estavam cheias de inveja, e outras, achavam ambos lindos juntos. Diferente dos cavalheiros que passavam fitando Obanai com ódio.

Assim, começaram a andar até a casa onde a rosada dormia. Era em uma parte ainda mais simples da vila, onde as casas costumavam ser mais baratas, Kanorji não podia se dar ao luxo de procurar coisas caras.

— Parece ter muito medo da princesa, posso saber o por quê?

— Bom, ela não é como aparenta... Um erro e ordena que cortem sua cabeça. Mas, não posso reclamar, se não fosse esse trabalho estaria perdida. — sorriu.

Tokito estava olhando pela janela, seu olhar era triste, estava com medo da irmã não retornar. Mas, esse pensamento foi embora ao ver sua irmã. O pequeno correu, abrindo a porta e pulando na mesma.

— Maninha! — o garotinho chorava nos braços da irmã.

— Ei, calma. Estou aqui. — riu. — Sabe que não vou te deixar, vou te perturbar até em seu casamento. — brincou. O homem ao seu lado apenas ria da relação familiar dos dois, era algo lindo de se ver. Quando aproximaram-se parecia que só eles estavam no mundo, tudo ao redor havia se apagado.

— Não vou me casar. — retornava os pés no chão. — Quem é ele?

— Ele se chama Obanai Iguro — dizia no ouvido do pequenino.

— Oh... Que nome estranho. — a rosada segurava a risada.

— Perdoe o meu irmão. — riu.

— Sem problemas. Esse pequenino parece ter um ótimo senso de humor.

— Foi um elogio, Tokito. — explicava.

— Ah! Obrigada! — gargalhou.

Tokito não interagia com crianças da sua idade e sempre esperava sua irmã chegar para que pudesse brincar. Kanroji muitas vezes tentava tirá-lo de casa para conversar com outras crianças, mas nada adiantava. O pequeno era tímido demais para isso.

— Admiro o jeito que cuida do seu irmão — começou Obanai. — É um garoto e tanto. Minhas condolências.

— Tudo bem. Ele não lembra dos nossos pais. — sorriu. — Era apenas um bebê de quatro meses.

Iguro assustou-se com a fala da garota. Uma criança cuidou de outra criança. Onde poderia imaginar? Mas, no fundo, era esperado. Apesar de inocente a rosada sempre mostrou-se responsável com seus deveres.

— A maninha terá que voltar ao trabalho, pequenino — Mitsuri disse.

Os olhinhos de Tokito novamente se entristeceram, odiava ficar sozinho, mas era tímido demais para fazer amigos. Mal sabia reagir a elogios. Obanai notando a situação teve uma ideia.

— Confiaria em deixá-lo comigo até retornar? — sorriu.

— O que? Não! Meu irmão é a pessoa mais preciosa na minha vida, não vou colocá-lo na mão de qualquer um.

— Foi uma sábia escolha, mas não farei mal a ele. E vivo rodeado de pessoas, qualquer um poderia me denunciar a você.

— Mesmo assim... — olhava para Tokito. — Não quero correr riscos. Mas, agradeço por se oferecer.

— Eu também. Agradeço por tentar ajudar minha irmã. — o pequeno sorriu. — Mas se ela diz que não, então ficarei aqui como sempre.

A rosada agradecia por ter uma irmão tão compreensivo, mas não poderia admirá-lo para sempre, ainda precisava levar Obanai até a princesa.

— Caminharemos amanhã. — sorriu. — E seu irmão poderá vir junto. Agora, me acompanharia novamente até a princesa?

— Claro. — Tokito agarrava a barra de seu vestido, insinuando para que se abaixasse, a mesma o fez. O pequenino arrumou a franja de Kanroji, enquanto ela ria por estar tão bagunçada ao ponto do seu irmão ajudar. — Parece que saiu de um furacão, maninha!

— Seu bobinho. — depositava um beijo em sua cabeça. — Não demorarei.

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