Capítulo 5

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Outro dia começava, a luz do sol invadia a pequena janela da casa. Mitsuri estava tentando acordar, mas seu corpo recusava se mover. Abrindo os olhos lentamente podia-se ver Tokito dormindo igual um filhote em seus braços, um pequeno sorriso escapou com tal cena. Aproveitando o momento a rosada deslizava os dedos pelos fios negros do pequenino, fazia muito tempo desde a última oportunidade de ficarem juntos.

— Vai dormir o dia todo, Tokito? — a mesma brincou.

— Se eu continuar dormindo você vai continuar em casa? Se sim, vou — disse confiante.

— Sabe que preciso trabalhar. — riu. — Mas, hoje pretendo chegar mais cedo do que os outros dias.
— Duvido. Aquela bruxa não vai ser boazinha — afirmou o pequeno.

— Não repita isso! Já pensou se algum fiel escuta você dizendo isso? — a mesma repreendia o menor.

— Desculpa. — Tokito virou-se de costas para a irmã ainda deitada.

— Não fique emburradinho. — pegando o garoto nos braços o jogava para cima. — Vai continuar bravo?

— Vou. — gargalhadas escapavam assim que a mais velha o jogava aos ares.

Minutos passavam e os irmãos continuavam brincando. Do outro lado da janela, Obanai via os dois curtindo um momento de família, ria de ambos que se empurravam e até mesmo caiam, o homem com tão pouco tempo sentia seu coração esquentar de admiração.

— Esses irmãos são de outro mundo. — riu.

Tokito derrubara sua irmã no chão e correu para o lado de fora, havia visto Iguro pela janela. A rosada, sem entender, apenas seguiu o pequenino. Seus cabelos estavam devidamente bagunçados, o rosto vermelho e a respiração ofegante de tanto correr atrás de Tokito.

— Iguro! — o mais novo pulava no mesmo de braços abertos.

— Bom dia, pequeno. — Obanai o erguia aos ares.

— Minha irmã pensou que me roubaria — disse entregando a rosada, que estava com as bochechas rubras.

— Bem... Não é para tanto. — tentava esconder o constrangimento. — Tokito, entre. Preciso ir trabalhar.

P.O.V Mitsuri

Meu coração doía ao ver meu amado irmão entrar em casa, mas não poderia deixá-lo com Obanai, ainda não confio nele. Iguro mostrou-se prestativo, mas tenho minhas dúvidas; de tudo que passei ninguém preocupou-se tanto, poderia até ser falso. Um ladrão? Não. Não tenho nada de valor para roubarem.

— Por que está aqui? — viro em sua direção, encarando-o.

— Parece que a princesa adora minha presença. — zombou.

— Oh... Se te faz bem pensar assim, continue. — um sorriso amarelo formou-se em meu rosto.

— Está insinuando que a princesa me ama, ou algo? — Iguro curvou-se para me encarar.

— Algo do tipo. Por favor, se afaste. — pedi após ficar completamente desconfortável com a pouca distância entre nós.

— Claro. Me perdoe. — sorriu.

Apenas verifiquei se Tokito estava dentro da pequena casa e apressei meus passos junto a Obanai, provavelmente pensou que estava tentando fugir do mesmo e bem... talvez esteja. Aproximação repentina não me deixa confortável, principalmente quando trata-se de uma pessoa que mal conheci.

— Está fugindo de mim? — perguntou ofegante.

— Talvez? — diminui meus passos. A respiração cansada mostrava o quão rápido eu estava andando. — Me desculpe. Andei rápido demais.

— Não se preocupe. Estou agindo como se nos conhecêssemos há séculos. —riu.

— Acho que sou uma dama esquisita por não estar acostumada com aproximações. — brinquei tentando aliviar a situação.

— Esquisita? Jamais. Eu diria... Falta de costume, apenas. — sorriu.

Senti minhas bochechas esquentarem, provavelmente notei o quão gentil ele estava sendo com uma garota como eu. Meu coração batia mais rápido, nem parecia o mesmo órgão que fazia isso nas minhas fugas da princesa.

— Você é muito gentil e bonito. — senti meu rosto inteiro esquentar. Esqueço o quão impulsiva sou, raramente penso antes de falar algo. Aparentemente ele percebeu minha vergonha, pois apenas me deu um sorriso e continuou o caminho.

Chegamos ao castelo depois de alguns minutos, a princesa me aguardava, provavelmente reclamaria do meu atraso. Minha cabeça doía só de olhar em seu rosto, minha coragem sumiu com aqueles olhos castanhos ameaçadores.

— Eu vou morrer — murmurei.

A herdeira estava com os braços cruzados, seus cabelos negros estavam bagunçados e hematomas estavam distribuídos em algumas partes de seu corpo. Apesar de satisfatório, era preocupante.

— Princesa, o que aconteceu? — corria até a mesma, sendo atingida por um tapa.

Senti o impacto de sua mão no meu rosto, acabei me desequilibrando e caindo. Iguro correu me ajudando a levantar. Mas, a herdeira ainda me olhava com ódio.

— Sua idiota, como ousa contar aquilo para a rainha? — exclamou.

O tom usado pela princesa atiçou minha raiva, senti o sangue pulsar de raiva em minhas veias. Não poderia machucá-la, mas poderia fazê-la ouvir tudo que tanto guardei.

— A única idiota aqui é você! — a herdeira assustou-se com meu tom. — Ser uma princesa não é suficiente? Por acaso precisa preocupar-se em colocar alimento na mesa da sua família? — lágrimas formavam-se por meu rosto em uma mistura de raiva e tristeza. — Sente o que é acordar sem seus pais e ver seu irmão, ao seu lado, sem conseguir lembrar de seus rostos? — limpei as lágrimas que desciam e prossegui. — Princesa, você tem tudo, ou tinha, não sou da sua família para saber qual será seu castigo.

— Acha que essas baboseiras vão mudar algo na minha vida? Acorde! Eu não ligo, muito menos para você. — cuspia as palavras. — Te aceitar como dama de companhia foi um erro. Talvez devêssemos tê-la deixado aos trapos naquela floresta. — retirou-se.

Flashback on

— Maninha! — aproximou-se da garota ferida.

— Tokito, ouvi cavalos por perto... — sem deixar a mesma terminar o pequeno corria em direção aos sons.

Kanroji havia desmaiado, mas seu irmão havia conseguido ajuda. Os cavaleiros levaram a rosada para o castelo, onde foi tratada. Tokito estava preocupado com sua irmã, mas tudo saiu de sua cabeça quando a viu abrir os olhos.

— Maninha! — o pequeno chorava nos braços da mais velha.

— Não chore. — ria com dificuldade. — Ou chorarei também.

Flashback off

— Você está bem? — Iguro perguntou.

— Sim. Obrigada.

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