- UM CONVITE! A CONDESSA NOS CONVIDOU PARA UM CHÁ! – O grito de mamãe cortou o silêncio da sala.
Segunda-feira na agitada Londres e minha paz já tinha evaporado nas primeiras horas do dia. Após meu passeio com James, minha família faltou entrar em combustão de tanta felicidade, como se eu já tivesse de casamento marcado. Tentei acalmar todos dizendo que foi apenas uma volta, mas nenhum deles me deu ouvidos, já tinham certeza da união.
Pelo visto a condessa comungava do mesmo pensamento, já que nos convidará para o chá da tarde em sua casa. Respirei fundo e sorri levemente, não iria ser mal-educada e como indica a etiqueta dos chás, seria apenas feminino. Nada de futuros condes me rondando.
- Vamos na casa da futura sogra da Tita! – Maggie praticamente quicou na poltrona
- Menos Margareth. – Eu disse entredentes
- Menos coisa nenhuma! – Eloise entrou na sala – Você conquistou um conde!
Revirei os olhos e os fixei em papai que lia o jornal no outro canto do cômodo. Ele devolveu o olhar e riu da minha expressão, movimentou a boca silenciosamente e eu pude ler “Sua família, querida.”. Botei a mão no peito chocada e devolvi falando que era dele também. Um bando de dramáticos.
Fui puxada pelas escadas e no corredor encontramos Mary, que quando soube da notícia deu saltinhos nos seguindo até meu quarto. Sem dúvidas, para entrar nessa família o pré-requisito é ser meio pirado.
- Azul fica tão bem em Tita..., mas branco passa um ar de seriedade – As quatro mulheres estavam enfiadas no armário do quarto procurando um vestido bom para mim.
Sentei-me na cama e suspirei. Seria uma decepção no final da temporada quando eu não me casasse com o James Thomas. Apesar do seu descarado tom de flerte no nosso passeio eu sabia que o encanto, caso existisse algum, acabaria em qualquer baile que estava por vir. Eu não dançaria com ele. Eu não dançaria com ninguém. Acho que minha sina é morrer sozinha.
- Eu sei o que está pensando e pode tirar logo essa baboseira da cabeça – Maggie se aproximou de mim
- Mas eu não estou errada, estou? – Falei cansada da conversa que viria a seguir – No primeiro baile ele irá esquecer da minha existência.
- Não quero ouvir suas lamentações Catherine. Você é a garota mais especial, legal, bonita e inteligente que eu conheço. Ainda tem uma irmã incrível como eu. – Soltei uma risada baixa – Se ele for a pessoa ideal, tudo vai se encaixar.
- Mas eu continuo não dançando – Murmurei
- Então quebraremos a perna dele e ele não dançará com ninguém também – Eloise falou atrás de Maggie.
E dessa vez a gargalhada foi geral. Sabia que elas estavam ouvindo e apesar de meio doidas eu sabia que elas me apoiariam em todos os momentos da minha vida, como sempre fizeram.
Me levantei e fui em direção aos vestidos.- Irei com o amarelo – Puxei um que trouxe de casa – Ele realça o tom do meu cabelo.
Quando o relógio badalou 16h em ponto estávamos todas em frente a casa da Condessa Thomas. Casa essa, que estava mais para um palacete. Sua entrada era surpreendente e bem florida. Ficava na região da cidade mais arborizada, com menos movimentação. Trazia, sem dúvidas, uma sensação de paz.
A governanta abriu a porta e a condessa e sua filha nos aguardavam sorrindo logo na entrada. Seguimos com elas para sala principal onde o chá foi servido logo em seguida.
- É uma linda propriedade, Condessa Thomas. – Mamãe falou
- Muito obrigada! Sou apaixonada por ela desde que coloquei os pés aqui. – Ela deu um sorriso terno e direcionou o olhar para mim – Um dia será do meu filho e sua família.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dança comigo?
Historical FictionA vida de uma debutante em 1876 era composta por bailes e saraus. Para Catherine Graham, não era diferente. Só havia um problema, um pequeno detalhe que a diferenciava das outras meninas no salão, ela não dançava. Após sofrer uma acidente na infânci...