Prefácio

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O entardecer na região campestre da Inglaterra era de tirar o fôlego. Pelo menos, essa era a opinião de Catherine Graham.

Vivera toda sua vida naquele local e mesmo já tendo a oportunidade de conhecer outras locações ao entorno da sua cidade, inclusive a grande Londres, era ali que se sentia em paz.

Tita, como era chamada em seu núcleo familiar, era a filha mais nova da casa. Tinha um irmão chamado Phillip e duas outras irmãs chamadas, Eloise e Margareth. Seus pais não detinham nenhum título nobre, porém a família vivia bem e confortável.

Haviam herdado terras e já haviam garantido a permanência delas em sua família, por conta do seu irmão mais velho. Além disso, viviam um momento de tranquilidade, a Rainha Victoria trouxera grande prosperidade ao seu amado reino.

Tocar piano e ler livros eram seus afazeres favoritos, porém a Sra. Edwards, governanta da casa sempre puxava sua orelha por conta da costura. Na opinião de Tita, no auge dos seus 19 anos, uma grande injustiça, afinal ela poderia não ser boa, mas Margareth era pior, e sempre saia imune as broncas.

Vejamos, talvez tenha outro motivo para tantos chiliques da Sra. Edwards... Tita não dançava. Bom, calma, ela sabe dançar, não é nenhuma desengonçada, obrigada. A questão que a afligia era um medo antigo. Quando criança, Tita sofreu um acidente enquanto montava cavalo e acabou quebrando uma perna. Demorou muito tempo para se recuperar da lesão e até hoje sua confiança para se movimentar na frente dos outros era baixa.

A insegurança era tanta que a sufocava. Começava a tremer, suar frio, achava que todos iriam olhar e rir dela, afinal quando ficava nervosa, mancava. Quem poderia culpa-la por temer? Era uma sociedade fofoqueira. Por essa razão, a governanta pedia para ela se esforçar mais em outras áreas, assim chamaria atenção na hora de arrumar um pretendente.

"Como irei arranjar alguém se toda oportunidade de cortejo são em bailes e eu tenho que dançar?" Esse questionamento cintivala em sua cabeça nos últimos dois anos, desde que debutou. Durante seu dia a dia, não aparentava ter sofrido algum acidente, mas era só chegar a noite, quando os bailes aconteciam que todo o medo refletia em sua perna esquerda.

Assim, depois de inúmeras tentativas frustradas de rapazes a convidarem para dançar e receberem uma negativa, eles pararam. Ficava sentava ao fundo do salão dos bailes, em alguma cadeira conversando com outra debutante ou até mesmo se arriscava no piano. A única vez que dançou com alguém foi com seu pai, na sua primeira noite em bailes e foi ali que percebeu que sua carreira ia ser curta. Perdeu a força na perna e seu pai teve que mentir dizendo que havia pisado em seu pé, para não desmoralizar sua imagem.

Suas irmãs iam de um lado para o outro, rodopiando e rindo, e no íntimo as inveja. Queria sentir também, queria ser conduzida em uma dança a dois. Queria ter confiança em si mesma. Esperava que algum cavalheiro, um dia, a enxergasse ao fundo do salão e oferecesse sua mão, perguntando:

- Dança comigo?

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