Capítulo 5

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Eu não iria dançar com ninguém, estava decidido e era irrevogável. Eu convenci a minha família a chegar mais cedo naquele baile para que eu pudesse ficar o mais invisível possível. Se chegássemos antes, James não me veria e eu poderia fugir.

Mas eu queria dançar com ele. No fundo da minha alma, eu queria sentir a mão dele em minha cintura me guiando pelo salão. Engoli o bolo formado em minha garganta, não tinha nada que eu pudesse fazer para mudar os fatos. Essa era minha sina, solteirona sem uma dança em bailes.

Regulei minha respiração enquanto nos aproximávamos do local onde aconteceria o evento e repeti em minha cabeça o mantra que tudo iria ficar bem. Já tinha feito isso várias vezes, James Thomas não iria me vencer.

Assim que entramos fomos anunciados e, como planejado, o local estava razoavelmente vazio. Me encolhi pelas paredes e tentei ficar o mais neutra possível. Com o passar do tempo as pessoas foram chegando e eu fui me afastando mais da aglomeração.

- Se encolher perto das paredes não vai fazer você sumir – A voz de Eloise interrompeu meus pensamentos tumultuosos – Você é bonita demais para sumir na multidão tão facilmente.

- Não custa tentar, não é? – Tento fazer uma graça

- Minha irmã, - Ela suspira – você é tão incrível. Não se prenda a medos.

- Ele quer dançar comigo, Elo – Sussurrei me encolhendo

- Então dance com ele – Ela segurou minhas mãos – Você está tão crescida, eu sei que sua confiança está aí dentro.

A olhei envergonhada. A vontade crescia em mim, mas ao mesmo tempo que ela enchia meu peito, a fisgada em minha perna se fazia presente. Eu era capaz de encarar uma dança? Todos me olhando? E se eu caísse? E se eu tropeçar nele? A vergonha subiu em tom avermelhado pelas minhas bochechas, o que fez minha irmã acariciar meu rosto.

- Eu entro na dança também com William – Ela sorriu para mim e apontou pro marido – A qualquer sinal de problema, eu finjo que desmaiei, para chamar atenção.

- Você esta louca? – Arregalei os olhos

- Sim! Louca para ver minha irmã se livrar das amarras que a prendem de ser e fazer o que ela quer.

Suspirei e assenti. Ela sorriu carinhosa para mim.

- Se decidir se dar uma chance, me avise. Eu e William estaremos prontos para nossa interpretação, se necessário. – Com uma piscadinha, ela saiu.

Voltei a caminhar com os pensamentos mais conturbados do que antes. Eu deveria tentar, sabia que Eloise falava sério. Mas seria uma vergonha para ela, não? Meu deus, por que eu penso tanto?

Papai me encontrou no meio do caminho me avisando que tinha um piano vago para tocar no salão. Tentei negar, queria ficar anônima naquela noite, mas mamãe veio logo atrás me puxando. Eles juntos não tinha como eu vencer a batalha.

Sentei-me no piano e comecei a dedilhar uma suave melodia. A dança ainda não havia iniciado, então para aquele momento de recepção, seria o ideal. Já estava me aproximava do final, quando o homem responsável pelos anúncios informou a chegada deles.

- Conde Thomas e sua família.

Eles estavam esplêndidos. Irradiavam elegância e charme, desde o caminhar até as roupas que combinavam entre si. Não era de se espantar, já que a condessa era tão ligada a moda. O olhar de James varreu o salão, como se procurasse por algo. Eu? Não seja ridícula, não seria para tanto.

Porém, sim, era eu a quem James procurava no salão. Ele focalizou seus olhos em mim no mesmo momento em que eu acabara a música. Me ergui com pressa e aproveitei a movimentação intensa que bloqueou sua visão sobre mim e disparei para fora daquele lugar.

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