Assim que entrei no meu quarto naquela noite fatídica, eu desabei. Abracei minha irmã e chorei. Chorei pelo que aconteceu, pelo que não aconteceu e pelo que ia acontecer. Chorei como a muito tempo não chorava. Maggie me abraçava com força sussurrando palavras de acalento.
Assim que minha lágrimas foram secando e ficaram apenas os soluços, expliquei o que tinha acontecido.
- Nada se perdeu Tita – Ela secou as lágrimas teimosas que ainda desciam pelo meu rosto – Para tudo tem um jeito...
- Para isso, com certeza não – Solucei
Antes que ela insistisse em continuar
com seu discurso esperançoso, eu me levantei e fui em direção ao banheiro. Não tinha mais volta, agora era lidar com essa realidade, meu conto de fadas terminou antes mesmo de começar.Depois de fazer minha higiene fui direto para cama. Não falei mais nada, só queria acabar logo com aquele dia.
O sol entrou pela janela cedo, pois esquecemos de fechar as cortinas. Margareth já andava de um lado para o outro no cômodo e sorriu para mim quando eu me sentei.
- Temos um passeio hoje. – Ela veio até a mim
- Você também? – Questionei curiosa
- O senhor McDonald tem um amigo que estava com ele na hora do pedido, ele me convidou.
- Que bom. – Falei feliz pela minha irmã.
- Não me importa muito, dancei com Joseph Fritz ontem! – Ela deu saltinhos
- Seu amor da floricultura?
- Ele mesmo, foi tão incrível Tita – Ela disse sonhadora e eu sorri amplamente.
Pelo menos para uma de nós tudo estava indo bem e eu ficava genuinamente feliz pela minha irmã.- Que horas eles vêm? – Falo indo escolher um vestido
- Após o almoço – Ela vem me ajudar – Papai não permitiu que ficássemos até a noite pela rua.
O restante da manhã passou apressadamente, fiquei com minha família e toquei um pouco de piano. Ou melhor, tentei tocar, pois assim que começava lembrava de James e do seu olhar me procurando ontem no baile.
Engoli o bolo que formava na minha garganta a cada memória que vinha.Com a velha e boa pontualidade londrina, no horário marcado os cavalheiros nos aguardavam para o passeio no parque. Nada muito íntimo, apenas uma caminhada agradável.
- O dia nos ajudou – Julian iniciou a conversa, assim que saímos da carruagem – O sol brilha!
- Estamos com sorte então – Falo simpática, pois Londres era cinza geralmente.
- Me conte mais sobre você, senhorita Graham – E que comece o cortejo chato.
- Bom... Gosto muito de ler e de passar meus dias cultivando flores. Toco piano também, e...
- Toca belamente, eu observei ontem. – Ele me interrompeu – Eu também toco, fiz algumas aulas em Paris.
- Que incrível! Nunca fui a Paris.
- Eu já fui milhares de vezes, minha mãe é francesa – Ele sorriu de forma orgulhosa.
- Deve ser um local mágico. – Completei – Eu também costuro...
- Mamãe ama costura – Ele revira os olhos – Não sei o que mulheres veem em ficar costurando o dia todo.
Me interrompeu mais uma vez e eu tento não me importar forçando um sorriso, mas sai algo muito afetado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dança comigo?
Ficción históricaA vida de uma debutante em 1876 era composta por bailes e saraus. Para Catherine Graham, não era diferente. Só havia um problema, um pequeno detalhe que a diferenciava das outras meninas no salão, ela não dançava. Após sofrer uma acidente na infânci...