{POV EMMA}
- Unir forças? - Gilda parecia bem assustada, então eu a abracei. Achávamos que estávamos nos dando bem, mas na verdade estamos bem nas palmas das mãos dessa mulher.
- Não se preocupem, está tudo sob controle. - Norman se aproximou dela, sorrindo. Parecia bem confiante... - Sou todo ouvidos. - A Irmã Krone deu um sorriso amedrontador logo depois.
- É isso mesmo! Temos que trabalhar juntos para alcançar nossos objetivos. - Ela apontou para nós. - Vocês todos querem escapar, e eu quero me tornar a Mama dessa casa. - Por algum motivo, a Sah pareceu mais nervosa depois disso. - Quero derrubar a Isabella do seu posto de Mama, e ocupar a vaga dela.
- O posto de Mama?
- Sim, esse é o meu verdadeiro objetivo. Também quero escapar desta situação. - A Krone mostrou seu pescoço, assim revelando... números? Ela também?... - Garotas que cumprem certos requisitos e vivem até os doze anos recebem duas alternativas antes de serem enviadas. Morrer, ou se tornar uma Mama.
- Quais são essas condições?
- Pontuação acima de um certo valor, e uma recomendação da Mama. Quem cumpre esses requisitos pode sobreviver sem fugir. Mas só as garotas.
- Só as garotas...
- Só que eu não recomendaria isso. Seu corpo nunca mais vai poder sair desta área.
- Meu corpo... - Quando a Sarah estava prestes a questionar, a Irmã nos mostra uma cicatriz enorme no peito.
- O que é isso?
- Tem um chip aqui dentro. Se o adulto dá um passo sequer fora da fazenda, ele emite uma corrente elétrica que para o coração imediatamente. E como essa corrente é ativada por um outro sistema externo, ele também serve de transmissor, alertando o alto escalão.
- Então não podemos mesmo matar os adultos...
- E você pensou nessa possibilidade?! - Sah disse desesperada, e então eu segurei seu punho e assenti a cabeça pros lados, indicando que não falasse nada por enquanto.
- Eu só posso viver dentro desta fazenda. Por isso, quero levar a melhor vida possível aqui dentro. A vida de Mama pode ser uma farsa, mas não há vida melhor para os humanos. Mas a Isabella é uma pedra no meu caminho. Se vocês fugirem, ela vai levar a culpa. Eu não vou impedir. Podem fugir. Isso será ótimo pra mim.
- Você não vai nos enviar embora?
- Não vou. - Ela abriu os braços, sorrindo. - Vamos unir forças! - E logo depois, estendeu a mão na direção do Norman. - Trabalhar juntos! - Quando eles estavam prestes a se cumprimentar, eu iria impedir, mas Sarah o fez antes de mim.
- Espera. - Ela segurou a mão do Norman e a abaixou, segurando-a com força. Ficou em sua frente, encarando a Irmã.
- O que foi?
- Como podemos ter certeza de que não irá nos trair?
- Ainda não confia em mim?
- Responda. - Krone abaixou sua mão e Sarah soltou a do Norman, mas continuou em sua frente.
- O Ray é a garantia. O Ray pode acabar comigo, me dedurando para a Mama. Mas também posso acabar com ele, revelando que ele é um agente duplo. Por isso, não vamos trair um ao outro, e nem podemos. É o suficiente, né? - Seus rostos estavam mais próximos que antes, e a Sah estava obviamente bem desconfortável, mesmo que fosse uma distância comum durante uma conversa.
- ...tudo bem.
- Então o pacto está firmado. - Norman e Irmã Krone finalmente apertam as mãos, e ela logo volta a se empolgar. - Também vou contar informações das quais apenas eu sei, como prova da minha amizade! Por que não dão uma passadinha no meu quarto hoje a noite? - Ela se foi finalmente, com o mesmo sorriso que chegou.{POV SARAH}
Voltamos para a Casa, ainda um pouco nervosos pelo que aconteceu. A Krone acabou de confessar que quer roubar o posto da Mama... lá se vai minha ameaça. Agora não tenho mais nada que possa usar como arma, bem do jeito que ela quer...
Está bem perto de anoitecer. Decidimos conversar sobre isso na sala de jantar.
- Ela quer viver a melhor vida possível? Ela era alguém como a gente... ela não se importa com as nossas vidas! - Emma parecia bem frustrada. Não sabia dizer se era por causa da Krone em si, ou por causa da proposta.
- Mas ela disse que não vai nos enviar...
- Ela não iria nem se quisesse, Gilda. - Me sentei na mesa, cruzando os braços. - Ela é apenas uma assistente, alguém que não tem tanto poder quanto a Mama.
- Exatamente. Ela está abrindo o jogo apenas para conseguir nossa confiança. - Norman continuou.
- E por que ela quer nossa confiança?
- Ela quer provas da nossa rebelião. Assim como a Sarah disse, ela não tem tanta autoridade quanto a Mama, portanto precisaria de provas concretas para que a administração confiasse nela.
- Provas...
- Ei, e se ela descobrir a corda que escondemos na árvore?
- Não tem problema, podemos inventar várias desculpas para justificar a corda. Podemos dizer que era tudo uma brincadeira... - Estava começando a me aliviar, mas Ray acabou nos lembrando de algo importante.
- Se ela descobrir o equipamento capaz de quebrar os rastreadores, estamos perdidos.
- Essa é uma prova concreta simplesmente irrecusável. - Eu, Don e Gilda nos desesperamos imediatamente, e com motivo.
- Não se preocupem, não vou cometer esse erro. De qualquer forma, ele nem está pronto ainda. Se a fizermos acreditar que não sabemos onde estão os rastreadores ou como quebrá-los, isso não será um problema.
- E se fizermos nossa parte direitinho, aposto que a Irmã vai acreditar em nós.
- Vocês vão mesmo no quarto dela? Estamos falando da Irmã! - Eu tinha certeza que eu e a Gilda estávamos pensando na mesma coisa: Seria melhor não arriscar. Mas por outro lado... ela disse que nos daria informações importantes... - Sei que será útil descobrirmos o que mais ela sabe, mas...
- Afinal, porquê temos que unir forças? Que vantagem levamos nisso tudo?
- Se soubermos manipulá-la, podemos obter mais informações, e será uma pessoa a menos no nosso caminho. Poderemos nos focar na investigação. - Nós ficamos preocupados. E se falharmos? A Irmã Krone parece ser muito mais inteligente do que nós. Não sei não...
A Emma se levantou da cadeira e colocou a mão no ombro da Gilda, com o típico sorriso simpático dela.
- Está tudo bem. Temos que aproveitar todas as chances que aparecerem. - Norman fez o mesmo com o Don e comigo, tentando nos confortar. E... até que deu certo.
- Ray, você tem um minuto? Quero discutir os próximos passos da investigação.
- Claro. - E assim, eles foram.
Finalmente... a hora chegou. Eu, Norman e Emma estávamos na porta da Irmã Krone, preparados para conversar com ela. Eu pensei um pouco antes de ir, mais especificamente, na minha atuação. Como reagiria? Quais perguntas faria? Quais desculpas teria caso fôssemos descobertos? Não podia deixar nada escapar. Diferentes dos dois, eu não me preparei para conseguir informações, e sim para esconder os erros.
O Norman bateu na porta, e então esperamos. Em questão de segundos, ela já estava ali, e assim, entramos.
- O que vocês querem saber? Vamos, podem perguntar! - Ela estava segurando uma boneca velha, como se fosse seu próprio filho. Eu achava fofo, até que sua cabeça desbotou e eu pude ver seu rosto. Espera... então era isso que ela estava destruindo naquela noite?
- Posso perguntar o que eu quiser? - Norman começou, também meio perturbado com o brinquedo.
- Sim! Sobre a fazenda, sobre a base...
- Então...
- Mostre-nos aquilo. A coisa que recebe o sinal dos rastreadores.
- Claro... aqui está ele. - A Krone tirou algo que se parecia com um relógio de bolso do avental, e que se eu não me engano, era idêntico ao da Isabella. Ela se aproximou da gente, e ao chegar perto o suficiente, o entregou para o Norman. Ele abriu aquilo, mostrando o localizador. Era bem... simples. Eu confesso que esperava algo mais detalhado. - Que tal? Parece simples, não? Ele mostra a posição, mas não identifica quem é quem. Então vocês sabiam dos rastreadores?
- Sim. A Mama nos revelou. Mas não sabemos onde está, ou como nos livrar dele.
- Você sabe, Irmã?
- Sim, eles estão na orelha de vocês. Bem aqui, na orelha esquerda. - Eu iria levantar minha mão para fingir confirmar se estavam lá, mas percebi que Norman e Emma não fariam o mesmo. Cacete, e agora? Eu não falei pra eles sobre as reações porque achei que eles já sabiam, o que eu faço? Continuo e finjo? Não tinha tempo pra pensar, mas então decidi apenas ir na onda deles e continuar parada. - Não sei como quebrá-lo, mas quando ele é quebrado, ele emite um sinal. Tanto pra esse radar quanto para a base. Você tem que arrancá-lo, ou cortar fora.
- Mas não tem nenhuma lâmina decente na Casa.
- Tem um bisturi, para fins médicos.
- Se sairmos daqui, não teremos acesso a remédios. Não queremos fugir e correr o risco de uma hemorragia ou infecção.
- A enfermaria está abastecida de remédios e ferramentas, tem até anestésicos. Bom... tem o suficiente pra umas cinco crianças. Posso ensiná-los a aplicar a anestesia, e lhes dar a chave para acessá-los. Um problema a menos! O que mais? - Ficamos em silêncio, esperando que alguém continuasse as perguntas.
- Irmã, quantos anos você tem? Você também era gado quando nasceu?
- Normalmente, eu diria que é indelicado perguntar a idade de uma dama... tenho vinte e seis anos. Nascida e criada na Casa Grace Field, mas não na Fábrica três.
- Fábrica três?
- Por sinal, segundo os registros, a Isabella tem trinta e um anos.
- E o mundo lá fora? Você já viu?
- Nunca vi. - Eles ficaram surpresos, diferente de mim. Eu imaginei que essa seria a resposta, já que ela já esteve no nosso lugar. - Ué, acharam que eu fosse mentir? Eu não vi... mas tem humanos lá fora. A comida de vocês é preparada por nós, adultos, e pelo resto da gerência. Mas tem humanos lá fora que nos abastecem de roupas e outros suprimentos. Cheguei a vê-los na base, um dia desses. Esses humanos ficam em pé de igualdade com "eles". Tem humanos lá fora que não foram comidos. Basta se misturar a eles.
- ...então você não sabe a quanto tempo os demônios existem, Irmã?
- Demônios? Ah, está falando deles.
- Sabe como o mundo foi chegar nessa situação?
- Não sei. - Ela começou a se aproximar da gente, como se estivesse planejando algo. Continuei em silêncio, e provavelmente continuaria assim.
- Onde esta Casa fica?
- Não sei.
- E a segurança da região?
- Isso, eu sei. A Casa não é muito bem resguardada. Eles confiam nos rastreadores, então alocam poucos guardas de vigia. Acredito que eles nem façam rondas. - Ficamos em silêncio. Eu não conseguia parar de pensar que ela não percebeu nada, ela não é Irmã a toa.
- Obrigado. - Norman entregou o relógio de volta, e a Krone o pegou.
- Era só isso?
- Sim. Boa noite. - Nós três nos viramos, preparados para ir embora. Mas, ao olhar para trás, percebi que o sorriso dela estava maior. Dessa vez, eu tinha certeza. Não podia deixar isso acontecer.
- Espera! - Me virei de volta, chamando a atenção da Irmã, que continuou com aquela expressão maliciosa.
- Sim?
- Eu... quero confessar algo pra senhora.
- Pode falar. - Eu posso estar totalmente errada agora. Podemos ter conseguido convencê-la e o que estou prestes a fazer vai estragar tudo, mas caso dê certo, pelo menos eu consegui ser útil em algo.
- Nós já sabíamos dos rastreadores, mas fingimos que não para termos certeza de que você não mentiria pra gente. - Me curvei levemente. - Obrigada por ser totalmente honesta, sinto muito por duvidar! - Emma e Norman entraram em desespero, e a Krone parecia estar mais feliz do que nunca. Estava suando frio, e com meu coração batendo mais rápido do que nunca. Senti que iria acelerar, logo depois que ela começou a rir.
- Então você percebeu o erro que cometeram, não é? - Fiquei com as costas reta novamente, olhando nervosa para a Irmã. - Se você estivesse sozinha agora, provavelmente teria conseguido me enganar direitinho.
- Como... - Emma sussurrou, em completo choque.
- Humanos revelam muitas informações, mesmo sem falar coisa alguma. - Me afastei dela, e naquele momento, não sabia se deveria estar aliviada ou não. Eu estava certa, mas o nosso plano... falhou. - Atitude. Olhar. Piscadas. Suor. Gestos. Pupilas. Batimentos. São pistas que revelam o que a pessoa realmente está pensando. E quando contei a vocês três que o rastreador estava na orelha, vocês nem tentaram encostar na orelha pra conferir. Vocês... exceto ela. - Ela me encarou, obviamente falando de mim. Um pouco antes de desistir de reagir, eu havia levantado meu cotovelo e deixado minha mão na altura do meu quadril, então ela deve ter notado isso. - Quando bolamos um plano para extraí-los, vocês não demonstraram um pingo de felicidade. - Voltei a trocar olhares com ela, e dessa vez, ela estava mais perto do meu rosto. - Por que não contou isso aos seus amigos? - Acabei afastando o rosto dela a força por impulso, e só acabei percebendo o que fiz depois do ato. A Irmã ignorou e se levantou novamente, com o mesmo humor. - Vocês sabem quem é "Ele"? - Nós três demonstramos curiosidade, e ela obviamente percebeu. - Não sabem, né? Mas aposto que querem saber! Conto tudo na sua próxima visita. Voltem quanto quiserem... e vamos conversar muito, muito mais! - Ela se afastou, e finalmente nos liberou para ir embora. Emma abriu a porta e saiu junto do Norman, e eu fiquei na porta, apoiando minha mão nela.
- Irmã Krone...
- Hm?
- É melhor não expressar sua raiva usando a agressão quando podem ter pessoas por perto... alguém pode acabar te ouvindo do outro lado da porta.{POV RAY}
Minha recompensa havia finalmente chegado: Uma câmera fotográfica. O principal objetivo era para construir o equipamento que removeria os rastreadores, mas também sempre quis ter uma dessas. As únicas fotos que vi eram de livros, e sempre quis tirar uma eu mesmo.
No dia seguinte, iríamos executar nosso plano. Do lado de fora, enquanto eu estava tirando fotos das crianças menores, Emma, Norman, Sarah, Gilda e Don finalmente chegam.
- Vamos revisar o plano. - Nos juntamos perto de uma parede, da qual fiquei encostado. - No intervalo após o almoço, eu vou distrair a Mama. Norman e Emma vão escalar o muro e averiguar os arredores. Sarah ficará dentro do quarto dela, a dois cômodos de distância, fingindo dormir. Don e Gilda, fiquem fora da casa, de olho nas janelas sul do segundo andar. Caso eu não consiga distrair a Mama, eu ou a Sarah iremos mandar um sinal. Avisem a Emma e o Norman para interromper a inspeção. Faltam seis dias pra fuga, mas faltam dois meses e meio pra janeiro, quando serei enviado embora. Se algo acontecer, cancelem a inspeção. Temos que fazer tudo em segredo, fingindo que estamos sob controle.
- Don! Vem brincar com a gente! - Algumas crianças menores começaram a chamá-lo de longe. - Você também, Gilda!
- Beleza! Que tal pega-pega?
- Eu vou indo. Caso eu vá depois, a Isabella pode desconfiar que eu ainda esteja acordada. - Sarah saiu em direção ao seu quarto, se despedindo de nós.
- Ray, tem um minuto? - Eu, Norman e Emma fomos até um quarto. Pela cara deles eu tinha quase certeza que não era algo bom... e eu estava certo.
- O que?! A Irmã descobriu que podemos quebrar os rastreadores? - Eles confirmaram, assentindo com a cabeça.
- Quero adiantar a fuga. Quando poderemos quebrar os rastreadores? - Suspirei e peguei a câmera que estava em uma das camas, tirando uma foto dos dois.
- O que foi isso?! - Emma disse, após tomar um susto com o flash. Tirei a foto e estendi a câmera fotográfica a eles.
- Isto aqui tem as últimas peças que me faltavam. - Norman a pegou da minha mão, a analisando com um pouco mais de atenção. - Agora, posso quebrá-los quando quiser. - Com a fotografia aparecendo, pude vê-la finalmente. Eles estavam paralisados... ficou engraçado. - Que cara de tontos...
- Isso é maldade!
- Isto é mesmo uma faca de dois gumes... será que vai dar tempo de quebrar os rastreadores e escapar? Ou será que a Irmã vai encontrar essa prova e nos dedurar primeiro?
- Não se preocupe, já me encarreguei disso.{POV NARRADOR}
- Eu sinto tanto por você, meu amor... farei questão de te dar todo o meu carinho e te fazer a pessoa mais feliz do mundo antes do seu aniversário. - Isabella abraçou a pobre criança, que o devolveu.
- Muito obrigada, Mama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Patético (OC!AU)
Action⚠AVISOS⚠ - Não é uma história de Y/N. - Capa feita 100% por mim, e eu NÃO autorizo o repost dela sem créditos. - Spoilers do mangá mais pra frente. - Possui palavrões. - Não tem nenhum shipp além de Noremma. 🌟 - Sinopse Sarah é a segunda mais velha...