𝟽 𝙳𝚁𝙴𝙰𝙼 - 𝙼𝚊𝚛𝚔𝚑𝚢𝚞𝚌𝚔

Obssessores, vampirizadores e Lee Donghyuck

Dentre as muitas famílias que ocupavam a movimentada 7 Dream, os Zhongs, residentes do conhecido sobrado amarelo de 3 andares do final da rua, talvez fossem os mais afortunados.

Donos de uma pequena rede de supermercados, e os únicos na cidade corajosos o suficiente para comprarem terrenos já tipicamente conhecidos pelos outros moradores como “berço de maus espíritos”, os Zhongs mais se pareciam com um tipo de família tradicional a qual tenta manter as aparências, mas acaba chamando atenção, vez ou outra, por suas escolhas, no mínimo, duvidosas. 

A família Zhong, que tanto demonstrava ser o exemplo do sucesso profissional através das páginas amareladas do jornal da cidade, quando se tratava das relações pessoais, mais se parecia com os relatos do oceano atlântico feitos pelos europeus no século XVI.

E é nesse mesmo mar revolto que Kun e Chenle se encontravam em um mesmo barco, cercados por diversos monstros, enquanto remavam contra maré. Monstros estes que por vezes eram os espíritos obsessores que passeavam pelos terrenos assombrados, e por vezes...eram seus próprios pais.

Quem conhecia qualquer um dos dois garotos minimante, poderia dizer sem muito pensar que Kun era muito mais pai do irmão mais novo, do que propriamente aquele que carregava tal título. Se não fosse por Kun, Chenle quiçá teria aprendido a vestir-se sozinho.

E era por essas e outras, depois do desconforto gerado por terem implicado com suas roupas pela 100° vez naquele dia, que Zhong Chenle havia fugido de casa naquela manhã.
Poderia ser um motivo ínfimo, uma birra de um adolescente grunge que só queria usar roupas rasgadas e marcar a linha d’agua com um lápis preto, mas Chenle vinha aguentado muito. E para quem já está completamente cheio, basta uma gota d’água para que tudo transbordasse.

Foi exatamente assim, com sua angústia transbordando pelos olhos, que Zhong Chenle fora encontrado por Donghyuck. Este, que se escondia em um dos muitos cômodos da velha casa mal assombrada da cidade, estava cercado por espíritos vampirizadores.

×××

— Como assim o Chenle...fugiu? — Jeno indagara descrente, ainda suado devido ao treino de basquete.

Os 5 amigos ali reunidos no pátio da escola, entreolhavam-se preocupados com a segurança do Zhong. Não sabiam bem o que havia acontecido entre ele e seus pais, mas é fato, dado os relatos do amigo, que mais uma vez Chenle havia sido perturbado pelas falas maldosas de seus próprios pais.

— É o que o Kun acha... Ele levou uma coberta, umas bolachas e umas roupas do guarda-roupa dele.... — esclareceu Mark, já concentrado em elencar os possíveis locais em que o Zhong poderia estar nas notas de seus celular.

— Com certeza deve ter brigado com os pais de novo por causa da maquiagem... — murmurou Jisung, já acostumado a ouvir aquele tipo de desabafo vindo do chinês.

— Mas o Kun não tava em casa quando isso aconteceu? — interpolou Jeno, ainda descrente que o mais novo havia chego àquele ponto.

— Ele tava resolvendo os problemas no supermercado do centro...parece que tem produtos caindo das prateleiras de novo. — respondeu Renjun, fazendo com que Jaemin se arrepiasse. No verão passado ele jurava ter visto uma criança desaparecer bem a sua frente naquele mesmo supermercado.

— Nós vamos procurar ele, não vamos?
Jisung quis saber, encarando os amigos na esperança de receber uma afirmação dos mais velhos, mas, em contrapartida, ganhara feições ambíguas como resposta.

— Não estão preocupados com o Lele? Da última vez ele não parecia nada legal, não quero que ele faça aquilo de novo! — exclamou Jisung levantando-se do banco do refeitório, referia-se ao episódio em que o Zhong havia quebrado um dos dedos da mão ao ter socado a parede com muita força depois de uma discussão com os pais.