Capítulo 23

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Priscilla:

Acordei com o despertador tocando como todos os dias de manhã, eu e Guto estávamos desde segunda-feira passada trabalhando aqui em casa, sem ensaios definitivamente, e eu já estou morrendo de saudades, hoje segunda feira, eu tinha médico ortopedista para descobrir se eu teria que continuar com esse repouso todo, ou se já estava tudo bem e eu poderia voltar a rotina, de manhã eu e Guto trabalhamos normalmente, na medida do possível, todos os ensaios já marcados tiveram que ser cancelados ou adiados e remarcados, mas em compensação, eu e Guto entregamos todos os trabalhos ainda pendentes. Almoçamos, e Guto me ajudou a me vestir como ele estava fazendo todos os dias, confesso que estava adorando ser mimada assim, mas sem dúvidas não via a hora de voltar a fazer meus ensaios, parecia faltar uma parte de mim, Depois descemos pelo elevador para a Garagem, Guto dirigia com cuidado e eu o observava o tempo todo, eu era apaixonada demais por ele, por cada parte dele. 

Entramos no estacionamento do prédio onde havia o consultório do ortopedista, coloquei minha bolsa no ombro e Guto me ajudou a caminhar até a entrada, eu já me sentia bem melhor, mas ele não deixava de forma alguma eu andar normalmente ainda. Subimos pelo elevador e chegamos a sala de espera, estávamos até um pouquinho adiantados, sentamos e ficamos conversando, até que senti um perfume conhecido, aquele maldito Malbec, que me causava arrepios, e olhares sobre mim e o Guto, Levantei os olhos em direção a uma cadeira em nossa frente, lá estava ele, de pé parado com aquela cara de ciníco, Cristiano, o maior motivo de grande parte dos meus traumas. Ao mesmo tempo que eu queria esculachar ele ali mesmo, o mandar parar de me encarar, minha voz estava presa, eu não conseguia pronunciar uma única palavra, eu estava paralisada, e tudo piorou quando ele me olhou nos olhos, com o mesmo olhar intimidador que ele me olhava sempre, e falou comigo.

-Boa tarde Priscilla! Como vai? Parece que nada bem, quando estava comigo, estava melhor. Ele disse e riu cinicamente.

-Boa tarde Cristiano, Estou ótima! Claramente Bem melhor do que quando estava com você. Respondi, sentindo meu corpo querendo desmontar por inteiro.

Ele saiu caminhando e rindo, meu coração parecia que pretendia sair pela boca a qualquer momento, Guto segurava minha mão firmemente e eu nem lembrava quando ele havia a segurado.

-Minha linda? Tudo bem? Quem é ele? Por que você está tão pálida? Ele perguntou me tirando da atmosfera de pânico que havia se instalado ao meu redor.

- É uma longa história, prometo te contar tudo lá em casa, mas ele é meu ex, vivemos coisas nada boas... Respondi.

-Tudo bem meu anjo, Saiba que eu estou aqui com você! Tá tudo bem já. Ele disse que passou o braço ao redor da minha cintura, beijando meu rosto.

-Beba um pouco de água, eu vi a cena, fica calma. A recepcionista disse já com um copo de água.

 -Obrigada. Respondi, ainda com a voz trêmula.

Recostei a cabeça no ombro de Guto até que eu fosse chamada para ser atendida, e a boa notícia foi que já estava tudo bem, eu só não deveria sair correndo por aí por um mês, mas eu já poderia voltar a minha rotina normal, Com isso vinha a consequência, Guto voltaria para a casa dele, como ele mesmo já havia afirmado, e eu havia concordado, que faria a partir do momento que eu melhorasse, eu sentiria muita falta de ser mimada praticamente o dia todo por ele, mas ainda assim nos veríamos no trabalho todos os dias, o que era reconfortante. Saímos da clínica e eu já caminhava normalmente.

-Então, eu Dirijo ou você dirige? Guto perguntou.

-Você dirige, gosto de te ver concentrado dirigindo... Respondi e sorri, ele retribuiu.

Me acomodei no banco do carro e seguimos até a minha casa, por mais que eu tentasse me distrair com as musicas animadas da Jovem Pan, minha mente dava voltas e voltas e sempre parava em toda a História com o Cristiano, eu tinha toda certeza que nunca mais o veria, e tinha certeza que já havia me curado do trauma, mas hoje ao vê-lo, mesmo não estando sozinha, e estando em um local "público", eu senti medo, muito medo, e parecia que estava revivendo cada momento daquele pesadelo que vivi anos atrás. Eu havia prometido contar tudo para Guto, e já estávamos cada vez mais próximo de casa, e meu nervosismo aumentava, eu não poderia fugir disso, mesmo sabendo que se eu não quisesse contar Guto respeitaria meu espaço, lá no fundo eu sentia que precisava, por mais dolorido que fosse fazia parte da minha história. 

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