𝘝𝘪𝘨é𝘴𝘪𝘮𝘢 𝘵𝘦𝘳𝘤𝘦𝘪𝘳𝘢 𝘱á𝘨𝘪𝘯𝘢

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Quatorze de Agosto de dois mil e dezessete. Eu havia passado dois dias sedada por conta da recaída que eu tive, então não lembrava de muita coisa.

Eu acordei um pouco fraca por conta de todos os remédios que me fizeram dormir. A minha boca estava muito seca por conta do frio que estava fazendo graças a chuva e ao ar condicionado no doze.

-Soube que alguém acordou...- me virei para ver quem era e a Lia entrou soltando um sorriso por me ver. -Oi, Lia!- fiquei feliz em vê-la, ainda mais porque fazia muito tempo que eu não a via. -Fiquei sabendo o que aconteceu antes de ontem. Como você está?- ela suspirou por um certo 'alívio' e se sentou na pontinha da cama para ficar mais próxima á mim.

-Bom, eu to um pouco fraca e com uns enjoos chatos.- eu falei com um tom de voz super calmo, ainda graças aos antibióticos, eles me retardaram um pouco. -Deve ter sido a quantidade de remédios que você tomou. - ela falou com muita certeza e acertou em cheio. -Bem capaz! Eu não lembro mas disseram que tomei vários.- completei.

Ela estava com as mãos para trás o tempo todo, desde que entrou no quarto. -E o que houve com seus braços?- eu soltei aquela porque a curiosidade tava grande demais. -Tcharam!- ela tirou um pequeno urso de trás dela. -Aí meu Deus.- eu arregalei os olhos, pois me assustei e logo comecei a rir um pouco. -Que fofa! Mas pra que isso?- falei confusa. -Lexie, Digo e eu desejamos melhoras! Ah, e que ele sirva para dias ruins.- ela sorriu e me entregou o ursinho. -Obrigada.- falei com um ar de contentamento e logo recebi o presente.

Ela ficou mais alguns minutos até a enfermeira entrar. -Bom dia, garotinhas!- a superioridade entrou no quarto com um rosto que esbanjava felicidade. -Como você esta se sentindo hoje!- ela falou. -Olha, eu estou fraca, meio ruim ainda.- ela anotou na prancheta. -Mas você está incrivelmente feliz.- falei sorrindo levemente. -Bom, eu já vou indo.- Lia falou ao se levantar. -Mas já?- falei fazendo bico. -Eu tenho que ir comer alguma coisa.- ela acenou como forma de "se despedir" e saiu dali sem esperar outro aceno. Ok então...

-A químio tá um pouco pesada para você, pelo visto.- a enfermeira falou enquanto ouvia meu coração e média minha saturação. -Seus sintomas então vindo bem rapidinhos.- a mesma acentuou. -Eu posso fazer uma pergunta?- tossi um pouco e me recompus. -Pode sim.- ela deu passagem livre para a minha dúvida. -E quanto a leucemia?- eu estava um tanto quanto preocupada comigo mesma, ainda mais pelos episódios dos últimos dias. -Você progrediu um pouco, já é um começo. Temos que continuar com a quimioterapia para garantir um progresso maior.- ela falou e eu soltei um suspiro de decepção.

-Eu não queria ouvir isso.- falei ao virar meu rosto. -Sinto muito, Bella. Estamos fazendo tudo que podemos, que está sob nosso alcance.- os médicos e enfermeiros tentavam lutar todos os dias com seus respectivos pacientes mas era horrível ter que ouvir "mas você progrediu um pouco...Continue tentando", ainda mais porque aquele "tentando" significava continuar se matando por conta da quimioterapia. -Por favor, façam mais!- fui um pouco exigente mas meu psicológico estava começando a ficar afetado. -Vou conversar com o seu médico para tomarmos alguma decisão diante ao seu tratamento.-

A vi saindo rápido dali para que (foi o que pareceu) eu não fizesse mais perguntas. Após alguns segundos o Arturo entrou no meu quarto, meio inquieto. -Você acordou!- ele correu até a cama e me deu um abraço. -Cuidado, ela ainda está de recuperação.- a enfermeira falou e ele se afastou. -Oi!- eu falei assim que recuperei o fôlego. -Oi!- ele passou a mão no cabelo indicando ter ficado sem graça pelo ocorrido.

-Eu espero que você se recupere logo!- ele falou para tentar me confortar mas não foi algo que surgiu como solução, não de imediato. -Eu não sou forte o suficiente para me recuperar rápido.- bebi um pouco de água para tentar amenizar a rouquidão que eu estava. -Claro que você é forte, Bella.- ele se sentou na cama e ficou me olhando. -Se eu fosse forte eu não estava tão mal.- coloquei a minha garrafinha d'água em cima da cômoda. -Entenda uma coisa, estar doente não te faz menos forte!- ele falou com um tom de voz motivacional e aquilo me fez soltar um sorrisinho.

𝘥𝘶𝘱𝘭𝘰 𝘪𝘯𝘧𝘪𝘯𝘪𝘵𝘰Onde histórias criam vida. Descubra agora