𝘋é𝘤𝘪𝘮𝘢 𝘲𝘶𝘢𝘳𝘵𝘢 𝘱á𝘨𝘪𝘯𝘢

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Já estava na hora, e o meu nervosismo e ansiedade só aumentavam cada vez mais. Eu não sabia como reagir ou "aceitar" tanta coisa nova, a minha nova vida, ou melhor, aceitar que agora eu não vivia, eu lutava para viver.

Meus pensamentos e suor frio foram cortados pela entrada da enfermeira -Está pronta, Bellatrix?- ela falou ao esfregar as mãos e se aproximar de mim. -É pra ser sincera ou posso mentir?- falei pausadamente, demonstrando meu nervosismo. -Sei que parece assustador só que, não pode sentir medo da cura.- ela estendeu a mão para me ajudar a levantar.

-Você conseguiu se alimentar na hora do almoço?- ela me encarou para saber se eu ia mentir. -Eu comi o que saciou minha fome- eu a encarei para mostrar minha sinceridade. -Pelo menos comeu.- ela me ajudou a descer da cama.

-Te vejo la- Lexie passou pela porta do meu quarto e fez um sinal pedindo para que eu fosse forte. Eu sorri ao vê-la e aquilo me acalmou um tiquinho mais, só de ver um rosto conhecido e que me deixava confortável. -Te vejo la- eu acenei para ela e ela passou reto.

-Você sabe aonde a minha mãe está? Faz uns dias que ela não aparece aqui- eu falei enquanto caminhava devagar mas não tão lentamente. -Ela me disse que outro dia vem te ver- a enfermeira foi curta e direta.

-E o meu pai? Sabe se ele deixou algum recado?- eu tirei o pouco de esperança que eu tinha em uma resposta positiva e fiz a pergunta. -Na verdade, nada. Desculpe- ela desviou o rosto, estava evitando olhar nos meus olhos. -Não precisa se desculpar- pus um sorriso falso no rosto e prosseguimos até a sala. Eles só cansaram do peso morto.

O caminho até a sala de químio nunca foi tão longo. Meus pensamentos cercaram minha mente e me desligaram do resto do mundo. Por que todos sempre me abandonam? Será que eu sou um incômodo na vida deles?. Eu tinha muitas perguntas sem resposta, mas a pior coisa de todas era ter que ouvir de mim mesma que eu era um peso morto. Doeu! Dói pra caramba.

-chegamos!- a enfermeira me arrancou do meu poço fundo com uma só palavra. -É aqui?- apontei para o quarto que estava na minha frente. -Sim! Vamos entrar- ela me deu a mão e me guiou até a ala da químio, aonde tinha uma fila de espera.

-Finalmente! Senta aqui!- Lexie falou mais alto e gesticulou para mostrar que ao seu lado tinha uma poltrona vazia. -Posso?- me virei para a enfermeira que já estava querendo se despedir. -Eu vou ter que ir, então se precisar é só pedir para eles- ela apontou para alguns enfermeiros espalhados pelo ambiente. -Até depois- acenei e ela retribuiu o aceno para logo sair dali.

Lá era cinza, sem vida, e cheio de tristeza...Ah, não vamos esquecer do câncer! Dá uma enfatizada na palavra câncer.

-Oi- me sentei ao lado da Lexie. -Olá, garota modelo- ela sorriu ao me ver. -Modelo?- falei enquanto cruzava as pernas para tapar qualquer possibilidade de verem minha calcinha. -Você tá sempre bonita, por isso o apelido.- ela me olhou de cima a baixo para chegar a essa conclusão.

-Bella, deixe-me colocar isso em seu pulso- uma enfermeira se aproximou enquanto tirava algum objeto do bolso lateral. -Agora você vai ficar de coleira- a Alexandra me encarou e encarou a moça que se aproximava. -Como assim, coleira?- eu estava um pouco nervoso e me atentei ao que ela estava na mão. Era um relógio, um relógio igual o da Lexie e dos outros pacientes.

-Ah não, isso é algo ruim, não é?- eu a observei prender o relógio em meu pulso e mesmo após a minha dúvida, ela não disse nada. -Nem sempre significa coisa ruim, Bella- a Lexie tentou me tranquilizar e tocou meu ombro como um "olha, vai ficar tudo bem".

𝘥𝘶𝘱𝘭𝘰 𝘪𝘯𝘧𝘪𝘯𝘪𝘵𝘰Onde histórias criam vida. Descubra agora