𝘋é𝘤𝘪𝘮𝘢 𝘴𝘦𝘨𝘶𝘯𝘥𝘢 𝘱á𝘨𝘪𝘯𝘢

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IV

Os dias estavam passando como o vento. Já era dia cinco de maio de dois mil e dezessete.

Por conta das minhas noites mal dormidas, cheias de suor e desespero, começaram a fazer exames todos os dias. Inclusive, testando a minha pressão.

-Vamos lá, senhorita- a enfermeira estendeu os braços para me ajudar a levantar da cama. Consegui levantar e começaram a medir minha glicemia, saturação e cronometrar os batimentos cardíacos. -Prefere medir a temperatura por onde?- ela me olhou enquanto zerava o aparelhinho. -Braço- já levantei enquanto falava para adiantar aquilo.

-Bom, está levemente febril mas pode tomar um dipirona em comprimido para não subir- ela desligou o termômetro e me entregou uma cartela de dipirona. -Pega aquela agua, por favor?- apontei para meu copo em cima da mesinha ao lado da cama. -Obrigada- ela me entregou e eu logo agradeci.

-Pronto. Agora preciso que suba nessa balança para vermos seu peso- ela falou ao passar o pé sobre a balança e a mesma acender. Eu estava evitando falar muito, já que parecia mais cansada que o normal, então apenas subi na balança e esperei ela anotar meu peso na prancheta. -Ok, ok. Pode descer- ela anotou e me ajudou a sentar na cama novamente.

-Quantos quilos á menos?- suspirei enquanto tirava a pantufa lentamente. -Perdeu 1kg de alguns dias pra cá- ela falou de forma neutra mas não conseguiu esconder o olhar de decepção em seu rosto.

Eu coloquei as pernas em cima da cama, virei meu tronco e deitei a cabeça no travesseiro. Por algum motivo óbvio, aqueles poucos movimentos me fizeram cansar, então tive que fechar os olhos e dar um "start" no controle da respiração.

-Bom dia, vampira- ouvi uma voz feminina, então abri os olhos e virei meu rosto devagar para ver que era. Era a Lexie invadindo meu quarto e caminhando até a minha cama. -Oi, orixá- soltei um sorrisinho leve e voltei meu foco á minha respiração.

-Alexandra Hidalgo, o que está fazendo aqui?- a enfermeira se virou para ela e a encarou com um olhar de chateação ao vê-la naquele quarto. -Volte para o seu quarto que já é hora dos seus exames matinais- acentuou com um ar de nervosismo.

Lexie revirou os olhos e bateu os pés com força ao dar alguns passos para trás -Vai por mim, você ainda tem "sorte" por ter acabado de chegar aqui- ela foi se afastando dali e saiu pelo corredor.

-Enfermeira?- me virei em direção á profissional ao meu lado. -Pois não?- ela me encarou profundamente. -O que são esses relógios brilhantes que vários pacientes usam?- eu falei ao notar que alguns dos internados que transitavam por ali, possuíam um relógio igual o da Lexie. -Ah são...-a fala dela foi interrompida por uma voz masculina que tomou conta do ambiente

-Relógios do desespero- um outro paciente surgiu na porta do meu quarto e ficou ali encarando nós duas.

Era um rapaz alto, com o cabelo preto, super hidratado. Ele tinha um olhar que conseguia hipnotizar qualquer pessoa que resolvesse o encarar. O rapaz também possuía um sorriso muito bonito, era de dar inveja.

Meu olhar estava todo voltado á ele. -Você também Arturo?- ela suspirou enquanto fechava sua bolsa de aparelhos médicos. Espera, ele se chama Arturo?. A enfermeira se virou e o arrastou daquela sala antes que eu pudesse perguntar ou falar qualquer coisa.

𝘥𝘶𝘱𝘭𝘰 𝘪𝘯𝘧𝘪𝘯𝘪𝘵𝘰Onde histórias criam vida. Descubra agora