𝘝𝘪𝘨é𝘴𝘪𝘮𝘢 𝘲𝘶𝘪𝘯𝘵𝘢 𝘱á𝘨𝘪𝘯𝘢

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VI

Dia onze de Julho de dois mil e dezessete.

O Arturo havia tomado os remédios e voltado para o meu quarto e assim se autodeclarar uma companhia.  Passamos a noite toda no banheiro do meu quarto.

Assim que notei um clarão iluminar o lugar, despertei de um sono que nem eu lembro a que momento ele me fez capotar. Eu bocejei ainda de olhos fechados e me espreguicei de uma forma mais demorada. No fim do ato, virei o meu rosto para ver se o Art estava dormindo e fui surpreendida pela sua aparência cansada. -Você não parece ter dormido.- eu falei ao me convencer que eu estava certa daquela hipótese. -Foi uma noite bem longa.- seus olhos meio avermelhados entregaram tanto quanto suas olheiras profundas estampadas em seu rosto.
-Não conseguiu dormir?- eu o questionei, mas logo me dei conta da minha pergunta 'insana' e completei a fala anterior. -O que eu to dizendo...Quem dorme no chão do banheiro?- dei um tapinha leve na testa e soltei um sorriso abafado e cheio de ironia.

-Não, tudo bem.- o mesmo soltou um sorrisinho de lado para mostrar "paz" diante àquele assunto. -Mas e voce, parece ter dormido bem.- ele bocejou, o que apenas acentuou ainda mais seu cansaço. -Eu só apaguei.- eu passei a mão pelo cabelo para mostrar confusão e me virei em direção ao rapaz. -O que...- eu escutei um barulho um tanto alto, que parecia estar no mesmo ambiente que nós dois, e de fato.
-Culpado!- ele sorriu ao colocar as duas mãos em sua barriga. -Aí meu Deus, isso foi o seu estômago?- fiquei um pouco perplexa pelo barulho mas revelamos sorrisos sincronizados pela situação engraçada.

-Acho que estou com fome.- ele falou meio sem graça. -Você acha? Eu tenho certeza.- eu sorri e logo me apoiei no chão para levantar dali. -Que tal escovarmos os dentes e depois comer?!- juntei meu cabelo com as duas mãos e fiz um coque bagunçado, usando a maior delicadeza que eu tinha para evitar que caísse mais ainda. -Nossa, quanto cabelo no chão.- ele encarou o piso ao notar uns fios espalhados pela sua roupa. -Não só o chão, mas você em si.- eu acabei rindo e puxei uma risada dele. Ele deu alguns tapas leves pelo corpo e aquilo fez com que os cabelos fossem caindo.

-Ai Meu Deus!- o mais velho exclamou ao ver seu reflexo á sua frente, no espelho. -O que foi?- eu o encarei esperando uma resposta. -Bella!- ele exclamou novamente. -O que?- fiquei mais confusa ainda. -Eu to careca!- ele passou as mãos pela sua cabeça, e logo em seguida posicionou as mesmas em sua boca para demonstrar choque. -Sim! Você está.- eu falei, mas sem adivinhar qual seria a sua reação.

Arturo começou a gargalhar enquanto encarava o espelho. -Faz tanto tempo que eu não me vejo careca.- o mesmo foi amenizando o alto som da sua risada, e eu acompanhei. -Posso te perguntar uma coisa?- Fiquei de frente para o objeto e intercalei entre meu reflexo e o dele. -Não! Não deve sentir medo. Eu não senti.- ele soltou um sorrisinho meigo e sem som, apenas para mostrar que eu não precisava ficar preocupada . -Eu queria ser mais como você.- abaixei a cabeça e comecei a pensar um pouco sobre a noite passada.

-Bellatrix.- ele se aproximou de mim e continuou me olhando pelo espelho. -Hmm?- murmurei e soltei um leve suspiro segundos depois, mas não levantei a cabeça. -Olha para o espelho.- ele alteou um pouco o seu tom de voz e aquilo me chamou atenção, me fazendo seguir o seu pedido. -O que tem?- eu questionei e logo fui repreendida. -Não olhe para mim, olhe para você, o seu reflexo.- e assim eu o fiz. -O que você vê?- ele deu um passo para a direita e ficou mais próxima á mim. -Vejo duas pessoas em um banheiro.- Franzi a testa, sem saber o propósito daquela pergunta. -Você está vendo o óbvio.- ele veio para trás de mim e posicionou suas mãos em meus ombros. -Olha de novo.- e eu repeti a instrução.
-O que você vê?- ele perguntou de novo.

𝘥𝘶𝘱𝘭𝘰 𝘪𝘯𝘧𝘪𝘯𝘪𝘵𝘰Onde histórias criam vida. Descubra agora