Mercury

8° mês parte II

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𝒄𝒉𝒂𝒑𝒕𝒆𝒓 𝒕𝒆𝒏

- Eu já disse tudo que sei! Eu juro...

A menina engole a seco ao ouvir o barulho quase que ensurdecedor da arma sendo engatilhada. O peito batendo freneticamente, as mãos presas atrás das costas, os olhos queimando de tanto segurar o choro.

- E eu não acredito em você - seu rosto arde por um tapa bem dado. Ela engole o palavrão junto com as lágrimas - Eu estou te dando uma última chance!

- Eu já disse...

- Eu te dei meses! A porra de sete meses para me trazer alguma informação útil. Saber dos desejos idiotas da Earp não é informação necessária para a porra do meu plano! - mais um tapa - Então, pela última vez, o que você sabe?

De repente, o cano frio da arma estava sendo colocado no meio da testa da figura trêmula. Ela soluça baixinho, tentando entender como sua vida havia chegado ali.

Lembrava dos pais morrendo em um acidente de avião quando ela ainda tinha apenas sete anos de idade, lembra também de ter andado dias e dias pelas ruas estranhas de Purgatório, de quase ter sido presa ao tentar roubar comida de uma loja e de, enfim, ter encontrado com Cleo Clanton, a mulher que a acolheu em troca de informações na hora certa. E, bem, quando a hora chegou ela não soubesse retribuí-la da forma correta. Não sabia que seria tão dolorido assim.

- Eu... - a pressão do cano contra sua testa aumenta, os soluços diminuem. Ela não deveria, não poderia trair as pessoas que lhe depositaram tanta confiança em tão pouco tempo. Mas também não podia morrer. Era covarde demais para tal - Eu sei o dia.

- Como é?

- Eu sei o dia que o bebê irá nascer - a voz sai baixa, rouca, culpada demais.

- Como vou saber se isso é verdade? Você agora é um tipo de bruxa?

- Eu tenho meus contatos. Acabei tendo uma rápida conversa com essa...essa pessoa e ele me devia um favor - não deixava de ser mentira, mas a menina mal sabia que aquele informação seria a única coisa capaz de salvar sua vida e, talvez, destruir uma outra.

Só havia querido àquela informação, à princípio, para conseguir fazer Waverly e Nicole fugirem de Purgatório o quanto antes. Assim, elas teriam ao menos uma chance de salvar aquela criança antes que algo de pior acontecesse. Mas seu plano havia ido por água abaixo.

- E então? Vai me falar, ou...

- Amanhã. Ele vai nascer amanhã.

- Ela só tem oito meses.

- Essas coisas acontecem, Clanton! - Cleo solta uma risada irônica quando escuta o tom áspero da menina - Eu não estou blefando, mas para saber se estou certa ou não, parece que teremos que esperar até amanhã.

- Parece que você tem razão - ela guarda a arma no cós da calça, acaricia o ombro da menina e deixa um áspero e falso beijo em sua fronte - Sabia que não me decepcionaria, Rachel. Agora, vamos jantar, sim?

×

- Vinte e nove de setembro.

- Perdão? - Nicole pausa rapidamente a massagem nos pés da esposa, sorrindo ao fitar os olhos castanhos esverdeados e as bochechas já mais redondinhas. Ela estava ainda mais estonteante, se é que isso era possível.