[0|3] eu era

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[0|3]

eu era

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— Bom apetite! — a garçonete disse ao colocar a porção de carne de porco sobre a mesa, junto a mais dois potes com arroz e alguns acompanhamentos.

Namjoon agradeceu.

Eu, por outro lado, nem havia percebido que a comida já estava posta. Minha mente estava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa. Essa poderia até soar como uma frase apaixonada em meio a uma cena romântica, mas estava longe de ser.

Longe mesmo.

Porque o simples fato de eu ter visto a foto de Park Jimin na banca de jornais me fez acreditar que ele havia voltado e eu finalmente poderia falar com ele frente a frente. O que nunca consegui, nem mesmo nas três vezes em que o vi no tribunal.

Então sim, minha esperança cresceu para depois se destroçar ao ler a notícia de que o caso seria engavetado.

Quer dizer, não que eu realmente ligasse que ele pudesse estar preso em algum lugar ou pior, morto; eu só estava frustrado que eu talvez nunca olharia diretamente em seus olhos para perguntar por que ele tinha feito aquilo comigo.

Totalmente egoísta e desumano, eu sei. Mas, por outro lado, eu já não ligava mais, não me preocupava com o julgamento final ou algo parecido. Eu me preocupava comigo.

— Hyung, a comida já está aqui. — Namjoon disse, parecendo cauteloso ao me chamar.

Eu me endireitei na cadeira, passei as mãos sobre o rosto e finalmente peguei meus hashis para me servir com a carne.

— Você parece decepcionado.

— É... Talvez...

— Não quer falar sobre isso?

— Namjoon, não tem qualquer ponto positivo em eu te contar pela milésima vez tudo que eu já contei. Se duvidar, você sabe muito mais do que eu sobre o que estou sentindo, ouve a mesma história há quatro anos. Poderia até escrever um livro sobre os meus sentimentos, se quisesse, então não tem por que... Não tem — me calei, começando a comer, mas aquilo nunca melhorava meu humor.

Nada melhorava o meu humor depois dele afundar na lama. E eu não continuava nem estável na minha própria tristeza, era eu me pondo cada vez mais num abismo que era um misto de pensar demais e só pensar em coisas negativas. E, o pior? Não conseguir externar ou externar da pior forma.

Lembra do que eu disse sobre falar e escrever?

Quando escrevemos, podemos pensar muito bem antes de fazê-lo. Podemos editar. Podemos cortar. Podemos adicionar.

Na fala, não.

E a fala me faz ter medo.

Me faz ter medo ao ponto de apenas travar impulsos meus em momentos em que eu sinto que realmente preciso falar. E me faz ter medo ao ponto de colocar na minha própria cabeça que as pessoas apenas não querem me ouvir falar sobre o que quer que seja, mesmo que essa pessoa seja meu melhor amigo.

Esse momento é um desses, apesar do que eu disse para Namjoon. E ele sabe muito bem, porque eu fiquei agitado. Agitado porque minha mente insiste que eu o estou incomodando novamente.

— Calma, hyung, eu adoro ler, mas escrever é contigo. Então me fala do novo livro que você está trabalhando. — disse mais descontraído e mudando quase que drasticamente de assunto, querendo aliviar a tensão que eu mesmo tinha colocado entre nós dois.

Universo Alternativo • yoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora