A proposta - O ABC do amor

Capítulo 14: Labirinto pt.2

29 de julho

- Depois de ter praticamente criado Hyacinth eu achei que seria impossível encontrar alguém mais mimada. - fala Anthony após longos minutos de silêncio.

Eu não iria ceder, não pediria ajuda dele para sair. Nem que eu tivesse que ficar a noite inteira naquele labirinto. E meu plano estava dando certo. Eu estava resistindo.

Eu estava sentado no chão, olhando para o nada e ignorando a existência dele. Mas ficava cada vez mais difícil seguir o plano a cada minutos que passava e a cada centímetro de terra que o sol deixava de iluminar.

Eu tinha pouco tempo para decidir se minha vontade de dormir em uma cama quente era maior do que a minha mágoa por ter sido abandona na cozinha - e ter a maldita calcinha sequestrada.

- Mas é como dizem, nada é impossível. - continua ele falando sozinho. - Ou a palavra seria teimosa? - questiona ele com ironia.

- Não sei o que me define mais, mas a palavra que te define é insuportável, e eu não tenho a menor sombra de dúvida disso. - respondo finalmente olhando para Anthony. Um erro. Um grande erro.

A pouca iluminação do sol e o brilho da lua que começa a ganhar o céu conseguiam deixar Anthony Bridgerton ainda mais esplêndido. O cabelo escuro brilhava com uma estrela e os olhos como olivas. Anthony estava mais quente do que nunca.

Mas ele havia brincado comigo. Como fez desde o início. E como eu havia feito com ele. E o que mais me perturbava nem era o fato de ter sido deixada sozinha na cozinha após um momento tão íntimo, mas sim estar chateada por isso. Estar chateada por que Anthony Bridgerton me deixou sozinha.

Eu não sabia como era o fundo do poço. Mas me parecia ser muito semelhante a isto. Que decadência, Kate!

- Você não parecia pensar assim ontem, ou no elevador. - ele provoca.

- Engraça que eu só não penso isso quando estou bêbada. - retruco.

- Não venha insi...- eu o interrompo.

- Não foi isso que quis dizer. - e realmente não havia. Posso acusar Anthony de muitas coisas, mas ele não era um aproveitador. Eu consenti com tudo. E esse era o problema. Eu havia consentido e eu queria mais.

- Então quis dizer que só se permite quando bebe? - ele coloca um sorriso arrogante no rosto.

- Eu quis dizer que você só se torna minimamente suportável quando a outra pessoa está sob o feito de álcool. Impossível te aturar sóbrio.

- Eu poderia dizer algo muito semelhante de você. - retruca Anthony. Era incrível como ele sempre tinha uma resposta na ponta da língua. Eu volto a ficar em silêncio. - O sol vai se por totalmente em 10 minutos. - ele me olha e espera por uma resposta. Que não chega. - eu proponho uma trégua. - fala ele se dando por vencido após mais alguns estantes de silêncio.

- Uma trégua? - questiono confusa.

- É, uma trégua. Você por me odiar, mas vai odiar ainda mais Violet Bridgerton querendo saber porque diabos você não compareceu ao jantar. - eu sabia que ele estava apenas tentando me convencer a voltar, mas a justificativa não me parecia falsa por total.

- Alguém parece estar com medo da mamãe. - falo o provocando.

- Eu estou indo para casa é pegar ou largar. - ele ignora meu comentário.

- Muito bem! - falo chamado sua atenção. - Mas se é uma trégua isso não conta como uma derrota, certo?

- Certo. - concorda ele a contra gosto.

- Então, trégua aceita. - falo me levantando. Eu ainda estava magoada e esquecera a tarde de hoje. Uma trégua me parece a desfecho ideal.

- Devo alertá-la que a trégua termina no momento que colocáramos os pés fora do labirinto.

- Eu não espero nada diferente.

Anthony seguiu a promessa. Era de fato uma trégua. Seguimos até o final do labirinto em completo silêncio. Não houve uma brincadeira de mal gosto. Um comentário malvado. Um olhar com segundas intenções. E por algum motivo isso me decepcionou.

E eu sabia o porquê. Eu queria que Anthony tivesse feito um comentário ácido típico, que tivesse me provocado, talvez até mesmo que tivesse me beijado. Eu queria que ele tivesse se desculpado. E talvez que eu pudesse parar de me odiar por estar sentindo o que estava sentindo.

Mas ele não fez. Anthony era um homem de palavra. E eu não pude parar de me odiar por ser tão idiota, por pensar, por um mínimo segundo que talvez ele não fosse tão insuportável. Que talvez...

Finalmente colocamos os pés para fora do labirinto e a trégua havia terminado. E nada. Anthony não mudou a postura.

Algo começou a queimar dentro de mim. Um sentimento ruim. Eu sentia que ia explodir. Eu estava tão concentrada em minhas emoções - as quais eu não conseguia compreender - que só percebi o que estava acontecendo quando Anthony me parou no meio da caminho.

- Kate, está tudo bem? - falou ele preocupado. - Você está com alguma dor? - Sim, eu estava. Mas eu não podia dizer. E ver ele sendo preocupado e gentil só piorou as coisas.

Eu não disse nada, apenas sai correndo em direção a casa, sem nem mesmo me preocupar em secar as lágrimas que caiam desesperadamente sobre o meu rosto. Anthony gritou alguma coisa, talvez o meu nome, mas não consegui distinguir, eu estava concentrada demais em apenas fugir.

Fugir. Era isso que eu queria. Eu queria fugir de Anthony. Eu queria fugir daquela situação toda.

Eu não podia continuar aqui. Eu precisava ir embora. Eu não podia mais mentir.

Não podia mentir para a família de Colin e, principalmente, não podia mais mentir pra mim.

Eu não podia continua mentindo que odiava Anthony. Não quando tudo o que eu queria era tê-lo em meus braços.

Quando finalmente chego na casa subo as escadas correndo em direção ao quarto quedivia com Colin.

Meu amigo estava deitado na cama enquanto mexia no celular quando entrei correndo no quarto e fui direto para o closet.

- O que está acontecendo? - pergunte ele confuso e assustado me olhando arrumar as malas.

- Eu estou indo embora. - falo sem tirar os olhos da mala que eu arrumava rapidamente.

*****

Oi, gente! Mil desculpas pela demora. Minha família estava se recuperando da COVID e as coisas estavam be corridas por aqui. Mas estão todos bem agora, graças a Deus!

Para recompensar vocês, terça tem capítulo novo!