A proposta - O ABC do amor

Capítulo 12: O Jogo

29 de julho de 2019

- EU VOU MATÁ-LA! - repetia Anthony enquanto se aproximava. Colin e Benedict se acabavam de rir. Me questiono se eles tiram pensado em apostado que isso iria acontecer no momento que eu escolhi o taco preto.

- Deixa de drama, Anthony! - fala Daphne para o irmão. - Guardamos um taco especial para você. - termina ela alcançando o taco rosa para o irmão, que finalmente chegara ao campo junto de Gregory.

- Eu já tenho um taco. - reponde ele pegando o taco rosa a muito contragosto. Imagino se ele desistiu de me matar porque não pegaria bem matar a suposta cunhada ou se foi por bom senso. De qualquer forma, a batalha estava ganha.

- Se você quer minha opinião sincera, esse combina muito mais com você. - fala Colin apenas para provocar o irmão mais velho que estava quase soltando fumaça pela cabeça. Pelo visto o tal "taco da morte" era mais importante para ele do que eu imaginara.

Esse jogo seria interessante.

Apesar de não ter concordado cem porcento com as escolhas dos tacos, Anthony diminuiu o drama, e pouco tempo depois finalmente conseguimos iniciar a partida.

Eu havia sido escolhida para ficar na defesa juntamente de Colin. Apesar de não ter entendido muito bem como o jogo realmente funcionava, eu estava seguindo o fluxo, como Daphne mandara, e, para minha surpresa - e de todo os outros - eu não era nada mal. Na verdade, eu era muito boa. Nas palavras de Eloise eu jogava como uma Bridgerton.

- Ela não está tão estranha como você havia dito. - falei para Colin que estava ao meu lado na defesa. Eu iria aproveitar nossa proximidade no jogo para terminar nossa conversa sobre Penélope. Meu amigo havia tentado evitar assunto a todo custo durante o café da manhã, mas ali, encurralado no campo, ele não me escaparia.

- É apenas comigo. - reponde ele sabendo que não teria escapatória. - Ela não olhou na minha direção em nenhum momento, o que é muito estranho para Penélope.

- Você é um convencido.

- E você é uma fofoqueira. - eu o lanço um olhar de repreensão. - E que também. - admite ele. - Como vão as pesquisas sobre a tal dama de prateado?

- Não seria mais fácil perguntar ao seu irmão?

- Ele se recusa a falar sobre isso e Hyacinth jamais me contaria a história com a mesma riqueza de detalhes que você, Kate. - ele respira fundo. - Você é a minha melhor fonte.

- Espero que isso seja um elogio. E Bene não está falando nada porque não tem nada novo, o plano é esperar pelo casamento e procurar ela na festa.

- E você acha que ele vai encontrá-la? - Colin perguntava aflito.

- Sinceramente? Não sei. Mas do fundo do meu coração espero que sim. - e eu realmente esperava. Benedict era uma pessoa doce e gentil e merecia ser feliz.

Quando Colin estava prestes a me responder, nosso momento fofoca foi interrompido por uma gritaria.

Como Simon me avisara, a família se empolgava muito durante o jogo e farpas e pequenas discussões eram quase mais importantes do que os próprios tacos para o andamento da partida. Até mesmo - ou melhor, principalmente - dentro dos times haviam brigas. Após nosso time marcar alguns pontos Hyacinth e Eloise começaram uma discussão apontando uma a outra como culpada pelo placar desfavorável para o time delas e o jogo teve de ser brevemente interrompido.

Colin saiu correndo para perto da confusão e enquanto ele, Gregory e Benedict tentavam controlar as duas, notei que Anthony estava um pouco afastado da discussão.

Ele ainda estava com raiva por não ter ficado com seu taco favorito. Era nítido

Eu hesitei antes de ir em sua direção para provocá-lo. Com certeza nada deixaria meu dia mais contente do que ver Anthony irritado - mais do que já estava, se é que isso fosse possível. Havia um pequeno prazer em ver ele tão bravo por uma besteira dessas. Além disso, não pude deixar de reparar - e nem mesmo tentei - o quão essa postura lhe deixava ainda mais lindo. E, pela primeira vez, não me odiei por pensar isso.

E isso não era um bom sinal.

Desde a noite passada Anthony Bridgerton não saia de meus pensamentos. Eu queria mais, eu sabia disso. Mas o que mais consumia meu tempo era pensar se eu estava ou não magoada pelo jeito que ele saiu da cozinha.

Não havia motivos para estar magoada ou simplesmente chateada. Eu não gostava de Anthony. Anthony não gosta de mim. Eu era a melhor amiga do irmão dele e estava ali ajudando meu amigo por alguns dias. Nós podíamos até flertar ou nos provocarmos, mas jamais passaria disso: um passatempo; uma diversão. Era isso que éramos um para o outro, uma diversão. E jamais passaria disso - era o que eu repetia para mim mesma.

Ao mesmo tempo, eu não conseguia parar de me questionar ou de tentar compreender o porque eu havia ficado triste por ele ter saído daquela maneira da cozinha. Por ter me deixado sozinha. Por não ter me dado um último beijo.

Eu estava sendo infantil. Eu sabia disso. Nós não tínhamos nada e ele não tinha mínima obrigada de ser gentil comigo. Éramos a válvula de escape um do outro ali e nada mais. Resolvi, então, engolir minhas mágoas infundadas e fazer o que estava morrendo de vontade no momento: importunar Anthony.

- Parece que o taco da morte realmente traz sorte. - falei com um sorriso convencido ao chegar ao lado de Anthony, que nem mesmo prestava atenção na briga das irmãs.

- Isso não termina aqui.

- Não espero que termine. - nos meus desejos mais profundos eu ansiava para que terminasse bem longe daquele campo, de preferencia em um quarto.

- Você. Me Paga. - falou ele pausadamente.

- Isso é uma ameaça? - questiono.

- Uma promessa. - ele estava falando muito sério. Algo em seu tom de voz fez meu corpo arrepiar.

- Você está agindo como uma criança mimada. Não combina com a sua idade. Assim como essa taco rosa. - Anthony estava prestes a explodir.

- Eu vou matá-lo-la Katherine Sheffield. - eu estremeço. Até mesmo uma frase ridícula como aquela se tornava excitante quando saia da boca dele

- Você não vai fazer nada pra parar suas irmãs? - pergunto tentado mudar de assunto e me concentrar em algo que não fosse a boca de Anthony Bridgerton.

- Colin, Benedict e Gregory parecem estar dando conta do recado. - e eles realmente pareciam. As irmãs finalmente haviam se acalmado e parado de discutir.

Com a resolução do problema a partida seria reiniciada e todos estava indo para seus lugares.

Eu estava me preparando para voltar a minha posição quando sou impedida por Anthony, que segura meu braço com firmeza, mas não o bastante para me machucar. Por incrível que pareça, seu toque era delicada até mesmo durante aquele momento de raiva.

- Você pode ter pego meu taco, mas assim que terminar o jogo irá guardá-lo e ele estará lá a minha disposição. - ele abria um sorriso arrogante no rosto. - O mesmo não posso dizer da sua minúscula calcinha vermelha, que continua muito segura sob minha proteção. - termina ele me deixando (mais uma vez) sozinha e atônita.