💗CAPÍTULO I💗

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Capítulo Um.


Scott chegou bem cedo a clínica, nem mesmo conseguiu dormir direito, pensando na garota. Ele queria ver com seus próprios olhos, se ela estava mesmo bem.

Quando entrou na sala, acabou se assustando com a cena. A garota estava acordada, encostada em um canto com o ferro do soro nas mãos, ameaçando o Lorenzo e o Oscar que estavam falando para ela que não iriam machucá-la, mas ela parecia uma presa acuada, tentando se defender. Scott podia ver o medo transparecendo através daqueles olhos chorosos.

— Mas que merda está acontecendo aqui? — Scott perguntou, autoritário. Querendo saber o que estava acontecendo.

A voz dele ecoou pelo cômodo, fazendo todos olharem para ele.

— A garota acordou e ficou histérica. — Oscar contou, tentando explicar.

— Fiquem longe de mim. — Disse ela, tremendo, apavorada com aqueles homens.

— Ela não me deixou examiná-la. — Lorenzo falou assustado, por conta da reação da garota. — Acordou e me agrediu. — Contou ele, colocando a mão na cabeça, onde levou a pancada do ferro.

Luna não sabia quem eram aqueles homens e estava com muito medo, apenas se defendeu.

— Dá pra largar isso aí e deixar o Lorenzo te examinar? Está com a mão machucada, precisa de cuidados, larga logo isso aí! — Scott falou, sem muita paciência.

Ele se preocupava com ela, mas paciência nunca foi seu ponto forte. Ainda amedrontada, Luna olhou para aquele homem, alto, forte, tão autoritário. E só de olhar para ele, seus ossos tremeram. Ele dava medo em qualquer um, ainda mais nela que estava acuada em um canto.

Scott caminhou para mais perto dela e Luna desejou poder atravessar a parede, com medo daquele homem vindo para cima dela.

— Por favor, não me machuque. — Disse ela, com a voz trêmula. Apavorada com o que aquele homem poderia fazer.

— Se eu desejasse te machucar, já teria feito isso! — Scott falou para ela e Luna se arrepiou toda, com o tom tão duro de sua voz. — Agora larga isso e senta naquela maca. — Disse ele, com autoridade, olhando nos olhos dela e ela não entendeu ao certo, mas não queria desobedecer suas ordens.

Ainda amedrontada, só que, com mais medo ainda daquele homem, ela soltou o ferro, deixando-o em pé no chão e calmamente caminhou até a maca.

— Boa menina. — Scott falou por fim, com um sorriso no rosto.

Luna não entendeu, como aquele homem conseguia sorrir tão lindamente, se a pouco, olhava para ela com um olhar tão assustador.

— Como é seu nome? — Lorenzo perguntou a ela e, Luna voltou sua atenção para o homem de jaleco branco.

— Me chamo Luna. — Disse ela, em um sussurro, olhando cabisbaixa para o Scott. Aquele homem ainda a deixava inquieta.

— Aquele grandão e mal humorado ali é o Scott. — Lorenzo contou a ela, apontando para o Scott. — Aquele outro grandão ali é o Oscar. — Lorenzo falou, mostrando o Oscar e ela olhou para o homem, que deu um singelo sorriso para ela. — Eu sou o Lorenzo. Vou cuidar dos seus ferimentos e fazer mais alguns exames, para garantir que você está bem. Não vamos te machucar! — Lorenzo garantiu a ela.

— Como vim parar aqui? — Luna perguntou. A última coisa que ela se lembrava era de estar fugindo em meio a chuva.

— O Oscar bateu com o carro em você, então o Scott e ele te trouxeram desacordada ontem a noite aqui na clínica. — Lorenzo explicou a ela.

Scott olhava para aquela garota tão pequena e amedrontada, que parecia estar com tanto medo. Ele já viu muitos olhares como aqueles, mas nunca se importou, mas o olhar daquela garota o fez querer saber o motivo dela estar com tanto medo.

— Do que você estava fugindo ontem a noite? O Oscar podia ter matado você, quando entrou na frente do carro. — Scott perguntou, com um tom de voz mais suave.

Luna apenas levantou seu olhar, olhando para ele, assustada por sua pergunta. Ela não disse nada, mas apenas aquele semblante apavorado, Scott teve a certeza de que ela estava realmente com medo e devia estar fugindo de alguém. E o mais curioso era que ele queria saber quem é, para protegê-la de quem é que fosse.

— Você tem família? Alguém para que possamos ligar para vir buscar você? — Lorenzo perguntou atencioso.

— Não tenho ninguém. — Disse ela, em um tom triste.

Scott entendeu com sua recusa de uma resposta que ela não queria falar do assunto, por agora, ele deixou morrer o assunto, mas iria descobrir o que tanto aterrorizava aquela garota.

— Posso falar com você, Scott? — Lorenzo chamou sua atenção e Scott foi saindo da sala, seguindo o doutor.

— O que quer, Lorenzo? — Scott perguntou preocupado.

— Eu queria ver com você o que vai fazer em relação a garota. — Lorenzo perguntou a ele.

— Como assim? — Scott perguntou, sem entender direito aquela conversa.

— Ela já está bem e pode ir para a casa, mas acho que ela não tem um lugar para ficar, ou pelo menos, não quer nos contar. — Lorenzo falou. — O que você pretende fazer?

Scott ficou pensativo e não iria deixá-la desamparada. Ainda mais, se ela tivesse fugindo de alguém, como ele imaginava que estaria. Iria protegê-la a todo custo!

— Ela ficará na minha casa. Eu vou cuidar dela! — Scott confirmou a ele.
— Fico feliz em saber. — Lorenzo respondeu, surpreso pela resposta, mas sabia que ninguém melhor que o Scott para proteger aquela garota “dos seus demônios”.

[...]

— Você mora aqui? — Luna perguntou, olhando o grande apartamento, muito bem arrumado.

— Fico algumas noites, mas na maior parte, fico na boate mesmo. — Scott respondeu, entrando no apartamento atrás dela. Carregando uma bolsa, com algumas roupas que o Lorenzo trouxe para ela, da sua filha.

— Você tem certeza, que eu posso ficar aqui até me recuperar? — Perguntou, se virando, olhando para ele, esperando pela resposta.

— Pode sim! Afinal de contas, você está machucada e com um corte na testa por minha causa, ou melhor, por causa do meu motorista. — Disse ele, sem muita importância.

A verdade não era bem aquela! Scott queria cuidar dela, mas para ele, era meio difícil demonstrar, já que nunca teve que se importar com ninguém. Nunca teve alguém para se preocupar de verdade.

Luna não sabia como seria ficar ali, mas não tinha nenhum outro lugar para ir e precisava se esconder. Naquele lugar, ninguém procuraria por ela. Só em lembrar do seu passado, seus olhos se encheram de lágrimas, ela nunca iria voltar!

— Seu quarto será esse aqui. — Falou, indo em direção ao quarto e ela o acompanhou. — Ficará grande parte sozinha, vou pedir que adicionem sua digital para que possa sair e voltar quando quiser. Já mandei o Oscar fazer compras e comprar tudo que precisa, mas se faltar alguma coisa, só me ligar. O número do meu celular está na geladeira. — Informou ele, colocando a bolsa na cama.

— Obrigado. — Agradeceu ela de coração, por sua ajuda. Um completo estranho estava lhe ajudando, cuidando dela. Coisa que nem sua família fez.

— Não precisa agradecer. — Se limitou a dizer, percebendo que ela estava quase chorando.

Scott saiu do quarto, deixando a Luna sozinha e pensativa. Ela se sentou na cama olhando aquele imenso quarto. Uma tristeza profunda fez seus olhos se encherem de lágrimas novamente. Por agora, ela estava protegida e salva, mas logo precisaria fugir novamente para nunca mais encontrar aquele monstro que não a deixava em paz .

MINHA PEQUENA REDENÇÃO. Parte II.Onde histórias criam vida. Descubra agora