Gab-Abby

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Oi, eu sou Abigail Moura, 22 anos e estudo farmácia. Trabalho a noite em uma farmácia perto do centro da cidade e moro com meus pais. Não tenho muitos amigos devido a um probleminha que enfrento e normalmente as pessoas me acham estranha e se afastam.
Por favor, me chame de Abby, me sinto menos velha assim. E agora eu vou contar pra vocês um pouco da minha história.

Depois de um longo dia de laboratório, cheguei ao serviço e descobri que o motoboy que faz as entregas no meu turno não viria hoje e, bom, eu teria que me virar caso surgisse demanda. Estava pedindo que ninguém ligasse pra nós hoje, mas meus pensamentos foram interrompidos justamente pelo barulho do telefone
- Farmácia Meliel, no que posso ajudar?
- Moça, pelo amor de Deus, me arruma um comprimido pra dor de cabeça - o cliente parecia aflito
- Mas o senhor precisa de uma receita...
- Minha senhora, eu preciso de um remédio ou minha cabeça vai estourar
- Certo senhor, verei o que posso fazer...
Ele me passou o endereço e como era na outra rua, eu mesma resolvi ir levar.
Ao chegar em frente ao grande condomínio de luxo, me dirijo ao porteiro para fazer a entrega. O bendito simplesmente abre o portão e me manda "fazer meu serviço direito", vê se pode? Caminho até o número da casa e toco a campainha, para minha surpresa, Gabriel Barbosa abre a porta com uma cara irreconhecível de dor.
Efetuou o pagamento, agradeceu e lhe desejei melhoras
...
Você pode estar se perguntando, por que isso merece destaque? Um evento isolado não faz tanta diferença se não fosse o fato de que isso se repetiu pelos próximos 15 dias ininterruptamente.
No último desses dias, eu enxerida lhe disse:
- Desculpa, senhor, mas como atleta de alto rendimento, o senhor acha certo estar se automedicando ainda mais por tantos dias seguidos?
- Tannure disse que eu tenho que acostumar com a dor,mas eu não consigo, parece que está implodindo meu cérebro -reclamou enquanto pegava uma garrafa e virava todo o conteúdo junto com o comprimido
- E, desculpa a intromissão, o que o senhor tem?
- Enxaqueca crônica! Mas advinha? Não posso tomar o remédio recomendado pro meu quadro de estresse porque é considerado dopping e Tannure jura que eu  vou conseguir conviver com a dor.
- Então ele nem sonha com o que eu tenho te sugerido tomar?
- Não mesmo e espero que continue assim.
Dali em diante troquei os remédios por sugestões de chá e parece que funcionou. Até que um dia,  no fim do expediente, lá pelas 23:30 ao sair da farmácia encontro Gabriel escorado na parede ao lado.
- Tá tudo bem? - perguntei
- Sim, seus chás aliviaram aquela dor insuportável, mas admito que senti falta de conversar com você todas as noites durante a entrega e é por  isso que estou aqui - coçou a nuca
- Então, sobre o que quer conversar hoje? - seguimos caminhando até uma  praça próxima quando a primeira coisa deu errado.
Ele colocou a mão na alça da minha mochila para se oferecer a carregar sob a desculpa de que estava pesada (o que realmente estava) mas ele encostou no meu ombro e não deu tempo de me policiar como normalmente faço, então eu soltei um berro que veio do fundo da minha garganta com todo desespero que eu consegui sentir naquele momento.
Tudo que eu pensava é " por favor, se afaste, por favor, se afaste" repetidas vezes.
Ele me olhou assustado. Não era pra menos.
Eu sentei no banco da praça e respirei fundo tantas vezes até me acalmar... ele estava sentado no mesmo banco  mas bem mais longe e me olhava com ar de interrogação
Respirei uma última vez
- Me desculpe, não é nada sobre você. Aliás vou entender se você me achar uma louca e quiser ir embora... Eu também já vou - sorri constrangida pra ele
Ele chegou mais perto no banco e eu me controlei muito pra não afastar mais um pouco
- Abby, por favor - ergueu a mão para colocar meu cabelo atrás da orelha
Me afastei mais um pouco
- Não, por favor, Gabriel, não toca em mim. -me levantei pra ir embora - Me desculpe por parecer louca, talvez eu até seja, mas não vou te prender aqui. Até mais, espero que sua dor permaneça controlada.
Ia me afastando quando o ouço dizer:
- eu não quero ir a lugar nenhum, Abigail e se pra isso nossa amizade precisa ser a um Maracanã de distância, então tudo bem.
- Obrigada! - Me virei pra ele, olhei em seus olhos e sorri - Então agora eu já vou mesmo, tchau!
Me virei e o deixei ali parado à 1:25 da manhã.

Ah se eu soubesse o que viria pela frente...

Short Fics Gabigol❤?Onde histórias criam vida. Descubra agora