Minha Companheira (Shingeki No Kyojin)

Capítulo 52

POV. KIRARA

Não lembro ao certo quando apaguei. Mas, ao retornar a abrir os olhos, vi um par de safiras me encararem, curioso. Atrás dele, um olhar sério e preocupado.

Passo a mão no cabelo de Henry. Não me arrependo da minha escolha. Iria escolher Henry quantas vezes fosse necessário e sacrificaria tudo de mim.

Henry: Mamãe! - ele se deita ao meu lado. - Mãe! Eu tenho um lobo! Igual a mamãe e o papai!

Kirara: Eu vi, querido. E, como está se sentindo?

Henry: Feliz. Mamãe está melhor? - ele pergunta, com sua mãozinha em meu rosto.

Kirara: Estou. Eu acho. - comento, tentando me levantar.

Henry: O tio Quiqui disse que mamãe não vai mais...! - Levi tampou a boca dele.

Levi: Henry, que tal dar um pulinho lá na cozinha? A tia Midori e a Selina adorariam te dar alguns biscoitos.

Henry: Ué... Mas eu nem contei da voz aqui... - e apontou para a própria cabeça. - Mamãe, tem uma voz aqui dentro! Ele me ensinou a pedir biscoitos pra tia Mimi! - contou. - Mas tem...

Levi: Henry. - ele falou, dessa vez mais sério.

Henry: Tá bom... - bufou, se levantando. - Até, mamãe. - e beijou meu rosto.

Vejo ele dando alguns passinhos apressados. Ele caiu, me fazendo levantar com medo dele ter se machucado. Levi segura minha mão, tentando me impedir. Vejo Henry levantar, primeiro apoiando as mãos no chão e se ajoelhando. Depois apoiou os pés e levantou o traseiro. Assim que soltou as mãos continuou a andar, meio desengonçado.

Chegou na porta aberta e sorriu. Aquilo aqueceu meu coração. Vejo mãos femininas o erguer, levando-o para longe.

À sós com o Levi, o encaro. Ele segura minhas mãos, me ajudando a ficar sentada.

Kirara: Quanto tempo eu dormi? - pergunto, sentindo meu corpo travado. Meus joelhos e dedos dos pés estralam.

Levi: Dois dias. - disse. - Kihal mandou você repousar mais. Não deve sentir dor por um bom tempo, já que está anestesiada, mas...

Ele deixa que a fala morresse ali. E agradeci por isso. Quero fingir que está tudo bem, tudo isso não passou de um pesadelo.

Levi: Eu ia te dar um tempo para que você se recuperasse e tal... - ele começa. - Mas acho que devo te escutar. Sei que não se arrepende do que fez, mas está muito triste.

Acabei chorando, soltando tudo que havia dentro de mim. Levi me abraçou com cuidado. Quando me acalmei, ele me levou até o banheiro e me deu banho. Me senti um bebê ali. Mas já não tinha mais esperanças pra mim.

Minha essência fazia falta. Era ainda pior que a vez em que a Miranda selou nossos poderes. Meu mundo perdia as cores à cada passo que eu arriscava dar para encarar a realidade.

Eu estava arrependida? Não. E isso era o meu consolo temporário.

Mas só até a ficha cair e me recordar que não poderei mais voar com minhas asas. Logo agora que eu consegui evolui-las. E que não conseguiria entrar no mundo das fadas. Eu detestava aquele lugar? Detestava. Mas eu fiz minha vida lá. Eu vim de lá. Era sempre bom visitar aquele lugar de vez em quando.

Imaginar que nunca mais usaria meus poderes... Olhei para a janela, enquanto Levi arrumava meus curativos. O céu estava claro, permitindo que a luz do sol invadisse o meu quarto naturalmente. Dava pra escutar risadas ao longe. Mas o céu me atraia ainda mais.

Eu levei 17 anos da minha vida sem poder me transformar quando bem entendesse ou usar meus poderes de qualquer forma. E tudo isso pra, no fim, quando finalmente estava liberta, eu jogar tudo pro alto.