prólogo

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"Gerard Arthur Way, 42 anos. Divorciado. Nenhum filho ou filha. Caucasiano, cabelo castanho escuro, não muito longo. Nem magro, nem gordo, 1,75 de altura. Professor e orientador no Programa de Pós-Graduação em Análise do Comportamento na mesma universidade em que nós dois nos formamos".

"Olá, Frankie" Ele sorriu, acenando com uma das mãos ligadas pelas correntes das algemas "Sentiu a minha falta?"

15 anos antes


Jamia Nestor andava apressada até o bar mais próximo da universidade com lágrimas nos olhos. Uma terça-feira de manhã agitada para a garota de fios negros, que sempre mantinha um grande sorriso no campus, ao lado dos amigos e do namorado, agora ex-namorado.

O bartender, em poucos minutos, servia a terceira dose de tequila à garota, enquanto ela controlava o choro que ardia mais do que o álcool descendo pela garganta, diversas vezes seguidas, até um rosto conhecido se sentar no banco ao seu lado com um sorriso amigável no rosto.

"Eu conheço você" Ela apontava para o garoto, sorrindo junto "Way, certo?"

Gerard não fazia parte do seu grupo de amigos, mas Jamia já havia visto o garoto algumas dezenas de vezes pelo campus, e sabia que ele cursava psicologia, mesmo curso do seu, agora, ex-namorado. Considerava Way um colega, como outro qualquer, de cursos diferentes.

Eles conversavam sobre coisas aleatórias como se fossem amigos de anos e Jamia tentava esquecer do seu miserável início de dia. Gerard parecia um cara legal com quem conversar, e sua presença, além de essencial, era agradável para a ocasião. Em algum momento da conversa, o álcool passou a deixar a garota tonta e Gerard a ofereceu uma carona até o seu dormitório.

Os dois mantiveram uma conversa animada no carro, até o assunto chegar exatamente onde Gerard esperava que chegasse quando encontrou Jamia sozinha no bar naquele final de manhã. Frank Iero. Mas para sua surpresa, ele não ficou feliz ao ouvir o que a garota falava. O único motivo para querer ouvir sobre o colega de classe era poder fantasiar com ele na sua cama de formas novas, e quem sabe descobrir como finalmente conquistar o rapaz, mas quando Jamia começou a xingar Frank por tê-la abandonado e magoado, Gerard só conseguia pensar em como fazer com que ela calasse a boca.

Jamia chorava e gritava insultos que o garoto considerava absurdos. Aos olhos de Gerard, Frank era um ser humano perfeito, ele nunca erraria e, se ele terminou o namoro, a culpa certamente era de Jamia.

O carro parou em frente ao dormitório e Jamia pediu para que Gerard a acompanhasse até o lado de dentro, e mesmo com raiva da garota pelos insultos, assim ele fez. Do lado de dentro, o silêncio entre os dois era torturante, ou ao menos era para a garota. E então, entre o desespero e o álcool, Jamia confessou a Gerard um segredo. Um segredo que ninguém além dela parecia saber, nem mesmo Frank. Jamia estava grávida de pouco mais de dois meses. As lágrimas que rolavam descompassadamente, manchavam o rosto pálido da garota, enquanto Way se consumia em ódio, mas se ofereceu para buscar um copo d'água.

    No dia seguinte, Jamia foi encontrada morta num mar de sangue. As suas cordas vocais arrancadas e trituradas por um mixer de cozinha, o seu útero retalhado entre as suas mãos, e nenhum sinal do feto.

Dias atuais

"Por que Jamia Nestor?" Iero permanece calmo quando Gerard sacode os ombros e olha ao redor sem dar importância para a pergunta "Você planejava matar Jamia?" Gerard apenas ri, jogando a cabeça para trás, junto aos fios de cabelo que cobria o seu rosto "Você confessou 15 assassinatos, aparentemente sem nenhum vínculo, essa manhã de um telefone público e esperou que o FBI chegasse tomando um milkshake".

"Smoothie, Frankie" Way revirava os olhos, como se aquilo fosse o que realmente importava. Frank mantém o olhar firme, porém calmo "Achei que você fosse mais ligado aos detalhes".

"Então vamos lá" Iero juntou as mãos, com os cotovelos em cima do joelho, e apoiando o peso da cabeça nelas enquanto passa a língua pelos lábios "Por que não explica para mim cada um dos assassinatos, começando pelo de Nestor?"

"Por que você gostava tanto dela, afinal? Ela era tão... argh" Frank continua calmo, enquanto o outro parece exausto do assunto recém-iniciado, então Gerard volta a falar "Foi um acidente".

"Você quer dizer que acidentalmente cortou a sua garganta, arrancou as cordas vocais e as triturou com um mixer de cozinha?" Gerard cruza as pernas com as mãos entrelaçadas no colo, como se pensasse numa forma melhor de explicar.

"Foi um acidente eu querer matá-la"

"E o que fez você querer isso?"

"Você"

Frank se levanta rapidamente perdendo toda a falsa calma que lhe restava e deixa a sala com Way sorrindo calmo enquanto observa os seus passos, rindo quando a cadeira empurrada pelo agente alcança a parede. Minutos depois, um novo agente entra na sala e Gerard nem se dá ao trabalho de virar-se para olhar o homem, que fazia novas perguntas. Nenhuma delas foi respondida.

Do lado de fora da sala onde acontecia o interrogatório, uma dezena de outros agentes esperava por novas informações para poder voltar a trabalhar nos casos não resolvidos que foram confessados, mas Iero ignorou cada um deles para ir buscar um café e respirar um pouco.

murder love in the nightOnde histórias criam vida. Descubra agora