Confusão Militar

Acampar

Camila POV

— Quero voltar pra casa - falei fazendo bico assim que sai de dentro do alojamento junto com Dinah - eu sinto falta do meu pai...

— Eu real nunca vou entender como que você entrou aqui - ela falou com um ar risonho e baixo - você precisa ir num hospital e fazer um exame nessa sua cabeça.

— Ei - franzi o cenho e cruzei os braços embaixo dos meus seios - não tem nada na minha cabeça.

— Você não mentiu - eu ergui minhas duas sobrancelhas quando percebi o que ela tinha me feito falar.

Antes que pudesse revidar eu vi quando todo mundo se colocou em fila e ficou olhando para frente e eu me virei dando de cara com farinha de trigo bem a minha frente.

— Bom dia soldados - ela gritou me encarando e ela estava a centímetros de distância do meu rosto.

— Bom dia primeiro sargento - todos responderam e inclusive eu que fiz questão de falar bem mais alto que o costume só pra vê se alguma saliva minha pegava na cara dela.

— Vejo que acordei disposta hoje - ela disse me encarando e se aproximando mais de mim, ela ficou bem ao meu lado, o ombro dela batendo com o meu e ela se abaixou um pouco para que a boca dela ficasse próxima ao meu ouvido - vocês estão prontos para o dia de hoje? - ela gritou e eu fechei os olhos.

— Estamos sempre prontos primeiro sargento - eu gritei juntamente com os outros e bem mais alto.

Ela ficou ereta e olhou todos ali, ela parecia me provocar e não se importar com o fato de eu estar gritando em seu ouvido e também se ela reclamasse eu iria dizer que ela que começou.

— Hoje vamos dividir vocês em turmas - ela se afastou de mim - como vocês são muitos e a próxima tarefa que vamos fazer requer mais cuidado - ela parou bem no meio do campo e ficou de frente para todos - vamos passar uns dias dentro da floresta.

Eu arregalei meus olhos e olhei rapidamente para Dinah que segurou o riso, levei a mão até o meu pescoço e fiz uma careta de dor, do jeito que virei a cabeça rápido tenho certeza que dei um jeito no pescoço.

— Algum problema soldado Cabello? - o terror da minha vida perguntou.

— Nenhum primeiro sargento - respondi deixando meu braço cair ao lado do meu corpo e olhei pra frente sentindo a dor em meu pescoço.

— Como não tivemos uma boa experiência no primeiro dia que resolvemos entrar na floresta - nesse momento ela me olhou - então teremos que dividir para ficar mais fácil em olhar vocês e passar as instruções.

Eu não acredito que vou ter que entrar ali de novo, imagina se tem um urso e resolve me pegar e levar para dar de alimento aos seus filhotes? Eu posso ter bastante carne na bunda mas meus bracinhos são tão fininhos e eu tenho certeza que eles vão usar como palito de dente após a refeição.

— Vou chamar os nomes de quem vai comigo e o restante espera ser chamado pelos outros líderes - ela pegou a prancheta que estava na mão de um rapaz ao seu lado - Soldado Hansen ao meu lado - e lá se foi a minha protetora, ela continuou chamando os nomes, ela já estava no quinto - e soldado Cabello...

— Isso - falei alto e levantei meus dois braços em comemoração e quando eu ia fazer uma dancinha de comemoração eu me lembrei onde estava e vi que todos me olhavam.

Fiquei seria e colei meus braços ao lado do meu corpo e andei de cabeça erguida como se nada tivesse acontecido até ao lado de Dinah que lutava muito para não rir, a demônio de olhos verdes estava me encarando com cara de poucos amigos.

— Então é isso - entregou a prancheta novamente para o rapaz - vocês que eu chamei me acompanhem...

Fomos na filinha igual quando éramos crianças e estávamos na alfabetização da creche, seguimos ela até uma tenda que tinha do outro lado do campo e entramos logo atrás dela.

— Preparamos essas mochilas - ela mostrou seis mochilas no chão - nelas contém kits de primeiros socorros e outras coisas que vocês iriam precisar enquanto estivermos lá na floresta - eu olhei o tamanho das mochilas e já podia sentir dor nas costas antes mesmo de ter aquela mochila em meus ombros - tem barraca também...

Ela começou a explicar tudo o que tinha ali e tudo o que iríamos fazer dentro da floresta e eu já comecei a pensar em tudo que poderia dar errado comigo ali dentro, eu e floresta não combinava e já sabíamos bem disso, eu iria me distrair com alguma coisa e ia acabar me perdendo de novo.

— Você me ouviu soldado Cabello? - ela já estava a minha frente.

— Sim primeiro sargento eu ouvi tudinho que foi falado - pedi mentalmente que ela não me pedisse para repetir pois eu não tinha ouvido tudo que ela tinha falado não.

— Cada um pegue uma mochila - ela pegou uma que estava separada das outras seis e colocou em seus ombros - e soldado Cabello eu vou falar apenas uma vez - todos me olhavam e ela se aproximou - não se afaste de mim e por hipótese alguma siga qualquer barulho ou qualquer outra coisa, estamos entendidas?

— Sim primeiro sargento - ela continuou me olhando com os olhos semicerrados como se não acreditasse em nada que saiu da minha boca e eu não a culpo já que nem eu mesma acreditei no que eu disse.

— Soldado Hansen não tire os olhos dela se quer um segundo - falou olhando em direção a Dinah que concordou rapidamente com a cabeça e em seguida me olhou com um pequeno sorriso no rosto.

Agora além de ter a leite moça no meu pé eu vou ter também o coqueiro loiro, me sinto uma criança e das piores que existem no mundo já que em vez de ter apenas uma babá eu vou ter duas.

— Me sigam - ela falou saindo de dentro da tenda.

Peguei a mochila que sobrou e coloquei nos meus ombros e ia caindo pra trás, Dinah me segurou e me ajudou a sair dali, tem o que dentro dessa mochila, chumbo? Eu tô me sentindo uma tartaruga ninja com um casco nas costas, comecei a rir comigo mesma e Dinah me repreendeu com o olhar e eu comprimi meus lábios evitando que eu começasse a rir.

Enquanto caminhava eu comecei a me tocar do que iríamos fazer na floresta, se ela disse que iríamos ter barracas e ela falou em acampar também quer dizer então que vamos dormir na floresta não é mesmo? EU VOU DORMIR NUMA FLORESTA? Arregalei meus olhos e pisquei várias vezes, insetos e bichos muitos bichos, eu vou morrer.

—

Tragam o caixão que dessa vez a morte vem.