Capítulo 5 - A serpente do deserto, o despertar PARTE 1

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Século V A.C no Antigo Egito...

- Nosso povo morre de fome, enquanto meu pai o faraó se esbanja de riquezas e luxo! O pior, vive da escravidão de povos mais carentes. 

- Menina, devemos aceitar que existem pessoas com privilégios e outros não. Você é de berço de ouro, deveria agradecer! Você é a próxima rainha do Egito, junto de seu irmão.

Falava uma anciã na tentativa de me acalmar, eu não me conformava. Achava essas leis dos homens falhas e injustas! E era estranho logo uma anciã falar com tão pouca inteligência assim. Preciso falar com os deuses no templo Karnak.

- Onde vai princesa Isis?

- Vou ao templo pedir orientação ao Universo... Só lá me sinto tranquila.

Cubro todo meu corpo e até mesmo rosto com um pano preto, para que as pessoas não saibam quem eu sou. Sentia vergonha de ser na nobreza, sabendo da realidade do meu povo, e trouxe entre os panos, bastante pedaços de pão para oferecer as pessoas.
Estava dando pão discretamente a quem via no chão pedindo comida. Quando vejo um guarda da minha família real querer cortar a mão de uma jovem moça.

- NÃO!!! COMO OUSA? - Grito em desespero, e os guardas soltam a jovem, e ela aproveita para fugir.

Os guardas vieram pra cima de mim, e eu me esquivo tirando rapidamente o pano que cobria meu rosto.

- É assim que vocês da guarda do meu pai tratam meu povo??!

- Princesa Isis... Nos perdoe. - Se ajoelharam, e eu mando levantar do chão.

- O que houve?!

- Aquela jovem havia roubado comida de um grande comerciante, e pela lei paga arrancando a mão.

- Comida?! Isso não envergonha vocês?! O seu povo roubar por sentir fome!?

Ambos abaixaram suas cabeças e acabaram se retirando do meu caminho, saio dali também rapidamente antes que as pessoas viessem até mim. Já tinha distribuído todo pão que trouxe.

Chego ao templo de Karnak, e sou abordada pelo braço por um estanho.

- Mas o que é isso?! - Quando olho diretamente, vejo que era a jovem moça que "salvei".

- Não grite por favor, eu te segui para vim te agradecer, princesa. Sou sua eterna serva...

Fez uma pequena reverência, e eu começo a rir, ela sem entender, acaba ficando ofendida.

- Me desculpe se meus modos ofendem sua nobreza...  Vou me retirar.

- Espere... Eu não ri de você, foi da situação, achei que era um estranho... E você fazendo reverências a mim, aqui na terra sou apenas uma humana que infelizmente nasceu em berço de ouro.

- Infelizmente? Deveria ser mais grata por isso. Muitos queriam estar no seu lugar! E a propósito, me chamo Leona, princesa.

- Me chame apenas de Isis... Sabe Leona, me entristece muito ver a realidade do meu povo, saber que sofrem... Pela fome, violência que é ordenada por meu pai o faraó.

- Você gostaria de ajudar?

- Como? Eu gostaria sim... Mas, com anonimato, não quero que meu pai descubra senão seria meu fim...

- Digamos que eu roubo comida dos que mais têm e dou a quem tem menos...

- Os deuses não aprovariam tal atitude indigna, mas, se for por uma boa causa, não seriam capazes de nos punir. Eu tenho uma conexão com os deuses muito curiosa, mas, sinto que isso é o certo a se fazer...

- Sempre gostei também de ficar aqui no templo conversando com os deuses, me sentia acolhida, mas, depois que meus pais morreram de doenças proibidas, me afastei do templo, diria que sinto até raiva um pouco dos deuses...

- Não...Me dê sua mão. - Ela me dá meio insegura.

Quando aperto, algo acontece com meus olhos, e minha pupila fica com um risco esverdeado, já Leona acaba ficando com olhos de algum animal... Parecia de felino, não sei dizer. Após esse susto que tomamos, se soltamos imediatamente.

- O que foi isso Isis?!

- Não sei... Mas, uma coisa é certa... Os deuses queriam nossa união! Agora, por qual motivo... não sei te dizer.

- Isis... Não quero me separar de você. Sinto que posso confiar em você pra tudo... Consegue se sentir assim também?

- Sim, consigo Leona. E me alegra saber que te faço bem também com minha presença. Amanhã eu venho aqui ao templo nesse mesmo horário e trarei muitos alimentos pra você distribuir ao meu povo.

- Obrigada princesa Isis... Sua alma é mais nobre do que seu título. - Beijou minha mão e sorriu gentilmente. Partindo em seguida.

A pele negra de Leona era hipnotizante, parecia uma pantera, até na forma de andar... Grande Deus do Sol, o que aconteceu aqui?! Me diga que ela é apenas uma aliada minha que me ajudará a amenizar a dor do meu povo... Preciso saber! Me envie um sinal...

A LOBA SAGRADAOnde histórias criam vida. Descubra agora