— Oi, Nathalia.
Ela se empertiga na cama, visivelmente desconfortável.
— Não sabia que ia estudar aqui, o Ucker não comentou nada comigo.
— Ele não sabia até hoje pela manhã.
Ela assente com a cabeça e volta a pintar as unhas. Abro minha mala sobre a cama e começo a guardar algumas coisas na mesinha de cabeceira ao lado; finalizo colocando um porta-retratos com uma foto minha e da Zen na Disney, em frente ao castelo da Cinderela, próximo ao abajur.
Tento ignorar a tristeza que se instala quando vejo o sorriso de orelha a orelha da minha amiga. É muito difícil não ter mais alguém tão próximo com quem conversar.
Sento na beirada da cama na mesma hora em que o cômodo é invadido por Poncho, Chris e Ucker.
— Vocês não podem vir pra cá! — exclama Nathalia quando o último fecha a porta.
— Você fala como se eu nunca tivesse vindo aqui... — Ucker abre um sorrisinho malicioso e Nathalia fica vermelha feito um pimentão.
— Mas que falatório é esse? — Questiona uma menina do alto da escada que leva para os banheiros.
— E aí, Amanda, qual é a boa? — Poncho se joga sobre a cama desta e agarra uma almofada. Fercho se junta a ele instantes depois.
— A boa é que vamos ser suspensos caso alguém apareça aqui.
— Relaxa, Amandita, eu tranquei a porta — garante Ucker, sentando ao meu lado.
Amanda dá um leve suspiro e desce as escadas cautelosamente; o cabelo preto batendo contra suas costas a cada degrau.
— Já que estão aqui, vamos fazer alguma coisa.
— Isso está começando a ficar interessante. — Comenta Fercho, animado. — O que tem em mente?
Amanda vai até o interruptor e apaga a luz, acedendo em seguida um abajur daqueles que refletem o universo. Ela troca o tom algumas vezes até chegar ao vermelho, deixando uma atmosfera mais... sensual?
— Já fizeram isso antes? — pergunto a Ucker num cochicho.
— Não aqui.
Fercho levanta e vai até um aparelho de som que fica abaixo da escada.
— Todos concordam com The Weekend, não é? — indaga ele. Segundos depois "The Hills" toma conta do ambiente, mas estranhamente de uma maneira suave.
Amanda sobe as escadas e retorna uns três minutos depois, segurando duas garrafas de gin e uma caixinha com copos de shot. O sorriso malicioso dominando seu rosto.
Sentamos os seis no chão, formando um círculo próximo a minha cama.
— Vamos jogar "Eu acho." — Diz Nathalia, olhando explicitamente para Ucker.
— Antes — Alfonso toma a palavra, organizando os copinhos no meio do círculo, — temos que explicar a Anahí como funciona. Bom, o mais novo sempre começa. Vamos supor que seja eu, então vou ter que escolher alguém da roda para fazer o que eu acho que ela tem que fazer. Por exemplo, vou escolher o Fercho e eu acho que ele tem que beijar a boca da Nathalia, daí se ele se recusar, vai ter que beber a quantidade de shots indicado pela pessoa que ele vai escolher, mas se ele aceitar o desafio, vai determinar quantos shots eu vou ter que beber, já que fui eu quem o indiquei.
— Bom, como sou a mais nova, eu começo! — Nathalia olha para cada um de um jeito meio maquiavélico e aponta com o indicador para Poncho. — Acho que o senhor deveria ficar sem camisa até o jogo acabar.
O moreno sorri e tira a camisa social de botões, em seguida a lança sobre Nathalia.
— Como sou bonzinho, de início você toma apenas dois.
Amanda abre a garrafa sem fazer muita cerimônia e enche dois copinhos com o Gin. Nathalia pega os dois e bebe um seguido pelo outro antes de fazer uma careta.
— Minha vez! — diz Alfonso, esfregando as mãos como um vilão de desenho animado. — Eu acho que o Ucker deve deixar a Amanda lhe dar um chupão.
Nathalia imediatamente fecha a cara e é algo notável para todos, mas Amanda parece não se intimidar, muito pelo contrário, ela começa a provocar Ucker passando a ponta da língua no lábio inferior enquanto ele olha dela para a garrafa de Gin num tipo de looping.
— Vem para o seu rei, Amandita. — Chama ele, rindo. — Ponchinho, amor para você são 4.
Amanda engatinha até Ucker e o puxa pela nuca para si, abocanhando seu pescoço ao passo que Poncho bebe os quatro shots.
— Anahí — Ucker me fita quando Amanda volta a sentar, — eu acho que você deve ficar a sós com... hum, Poncho. Sim, acho que você tem que ficar quinze minutos no banheiro com o meu rei.
Levanto e vou até a metade da escada.
— Você não vem, meu rei? — pergunto, olhando para trás, fixamente nos olhos esverdeados de Poncho.
Este dá um assovio divertido e se levanta, seguindo o mesmo caminho que eu percorri.
— Seu rei, é? — Questiona Alfonso ao meu pé do ouvido quando passamos pela porta do banheiro do primeiro andar.
— Acho engraçado a forma como se tratam —, confesso.
Poncho fecha a porta e se volta para mim.
— De certa forma, é sim.
Ele vai até o puff em forma de coração do lado oposto a pia e se senta, fazendo um gesto com a mão para que eu me aproxime. Decido obedecê-lo e na primeira oportunidade ele me puxa para o seu colo.
— Ucker não me falou muito sobre você.
Poncho deslizou o indicador pela minha coxa desnuda, começando pelo joelho e parou quando chegou na barra da minha saia, em movimentos circulares.
— Não há muito o que falar.
— Tenho certeza de que há sim. Tenho uma proposta.
— Qual?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois do amor
RomanceAnahí Portilla vem de uma família rica e sem amor, onde o único contato que tem com os pais são durante os jantares de negócios em que eles obrigam que ela compareça. Após Anahí sofrer um acidente em uma noitada com os amigos, seu pai, a fim de não...