004 - Eu acho que...

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— Oi, Nathalia.

Ela se empertiga na cama, visivelmente desconfortável. 

— Não sabia que ia estudar aqui, o Ucker não comentou nada comigo.

— Ele não sabia até hoje pela manhã.

Ela assente com a cabeça e volta a pintar as unhas. Abro minha mala sobre a cama e começo a guardar algumas coisas na mesinha de cabeceira ao lado; finalizo colocando um porta-retratos com uma foto minha e da Zen na Disney, em frente ao castelo da Cinderela, próximo ao abajur.

Tento ignorar a tristeza que se instala quando vejo o sorriso de orelha a orelha da minha amiga. É muito difícil não ter mais alguém tão próximo com quem conversar.

Sento na beirada da cama na mesma hora em que o cômodo é invadido por Poncho, Chris e Ucker.

— Vocês não podem vir pra cá! — exclama Nathalia quando o último fecha a porta.

— Você fala como se eu nunca tivesse vindo aqui... — Ucker abre um sorrisinho malicioso e Nathalia fica vermelha feito um pimentão.

— Mas que falatório é esse? — Questiona uma menina do alto da escada que leva para os banheiros.

— E aí, Amanda, qual é a boa? — Poncho se joga sobre a cama desta e agarra uma almofada. Fercho se junta a ele instantes depois.

— A boa é que vamos ser suspensos caso alguém apareça aqui.

— Relaxa, Amandita, eu tranquei a porta — garante Ucker, sentando ao meu lado.

Amanda dá um leve suspiro e desce as escadas cautelosamente; o cabelo preto batendo contra suas costas a cada degrau.

— Já que estão aqui, vamos fazer alguma coisa.

— Isso está começando a ficar interessante. — Comenta Fercho, animado. — O que tem em mente?

Amanda vai até o interruptor e apaga a luz, acedendo em seguida um abajur daqueles que refletem o universo. Ela troca o tom algumas vezes até chegar ao vermelho, deixando uma atmosfera mais... sensual?

— Já fizeram isso antes? — pergunto a Ucker num cochicho.

— Não aqui.

Fercho levanta e vai até um aparelho de som que fica abaixo da escada.

— Todos concordam com The Weekend, não é? — indaga ele. Segundos depois "The Hills" toma conta do ambiente, mas estranhamente de uma maneira suave.

Amanda sobe as escadas e retorna uns três minutos depois, segurando duas garrafas de gin e uma caixinha com copos de shot. O sorriso malicioso dominando seu rosto.

Sentamos os seis no chão, formando um círculo próximo a minha cama.

— Vamos jogar "Eu acho." — Diz Nathalia, olhando explicitamente para Ucker.

— Antes — Alfonso toma a palavra, organizando os copinhos no meio do círculo, — temos que explicar a Anahí como funciona. Bom, o mais novo sempre começa. Vamos supor que seja eu, então vou ter que escolher alguém da roda para fazer o que eu acho que ela tem que fazer. Por exemplo, vou escolher o Fercho e eu acho que ele tem que beijar a boca da Nathalia, daí se ele se recusar, vai ter que beber a quantidade de shots indicado pela pessoa que ele vai escolher, mas se ele aceitar o desafio, vai determinar quantos shots eu vou ter que beber, já que fui eu quem o indiquei.

— Bom, como sou a mais nova, eu começo! — Nathalia olha para cada um de um jeito meio maquiavélico e aponta com o indicador para Poncho. — Acho que o senhor deveria ficar sem camisa até o jogo acabar.

O moreno sorri e tira a camisa social de botões, em seguida a lança sobre Nathalia.

— Como sou bonzinho, de início você toma apenas dois.

Amanda abre a garrafa sem fazer muita cerimônia e enche dois copinhos com o Gin. Nathalia pega os dois e bebe um seguido pelo outro antes de fazer uma careta.

— Minha vez! — diz Alfonso, esfregando as mãos como um vilão de desenho animado. — Eu acho que o Ucker deve deixar a Amanda lhe dar um chupão.

Nathalia imediatamente fecha a cara e é algo notável para todos, mas Amanda parece não se intimidar, muito pelo contrário, ela começa a provocar Ucker passando a ponta da língua no lábio inferior enquanto ele olha dela para a garrafa de Gin num tipo de looping.

— Vem para o seu rei, Amandita. — Chama ele, rindo. — Ponchinho, amor para você são 4.

Amanda engatinha até Ucker e o puxa pela nuca para si, abocanhando seu pescoço ao passo que Poncho bebe os quatro shots.

— Anahí — Ucker me fita quando Amanda volta a sentar, — eu acho que você deve ficar a sós com... hum, Poncho. Sim, acho que você tem que ficar quinze minutos no banheiro com o meu rei.

Levanto e vou até a metade da escada.

— Você não vem, meu rei? — pergunto, olhando para trás, fixamente nos olhos esverdeados de Poncho.

Este dá um assovio divertido e se levanta, seguindo o mesmo caminho que eu percorri.

— Seu rei, é? — Questiona Alfonso ao meu pé do ouvido quando passamos pela porta do banheiro do primeiro andar.

— Acho engraçado a forma como se tratam —, confesso.

Poncho fecha a porta e se volta para mim.

— De certa forma, é sim.

Ele vai até o puff em forma de coração do lado oposto a pia e se senta, fazendo um gesto com a mão para que eu me aproxime. Decido obedecê-lo e na primeira oportunidade ele me puxa para o seu colo.

— Ucker não me falou muito sobre você.

Poncho deslizou o indicador pela minha coxa desnuda, começando pelo joelho e parou quando chegou na barra da minha saia, em movimentos circulares.

— Não há muito o que falar.

— Tenho certeza de que há sim. Tenho uma proposta.

— Qual?

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