006 - Festa no Éden

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As três horas seguintes passam se arrastando.

Somos instruídos a fazer alguns exercícios de alongamento antes da professora pedir aos meninos para armar a rede de vôlei. É uma decepção.

May, que é a melhor do nosso time, é acertada bem na cabeça por um bola lançada por Angelique, da outra equipe. Susan, a professora, manda ela se recompor e voltar a jogar, mas bem nesse momento May cuspe uma quantidade significativa de sangue e é levada para a enfermaria por Miguel, o estagiário da prof. Susan.

Eu sou um desastre, assim como Amanda e os outros integrantes do meu time. Ucker e Alfonso estão no grupo adversário e eles jogam sem pena, ganhando da gente de lavada.

— Estou um caco! — diz Amanda, jogando-se sobre Poncho.

A educação física acabou e agora todos estão reunidos nas arquibancadas da quadra.

— Nem vem, Amandita. — Poncho a empurra levemente. — Nós dois estamos suados e está fazendo um calor de matar.

A morena revira os olhos e senta ao lado de Angelique, esta por sua vez está conversando com Fercho sobre a última festa da boate Éden, que é uma das mais badaladas pelo o que eu fiquei sabendo. A Éden ficou famosa entre os filhos dos ricaços por ter festas temáticas "secretas", pouquíssimas pessoas sabem e você só pode ter acesso a essa área caso seu nome esteja na lista, o que é mais difícil do que ganhar na loteria.

— Nós temos que ir nesse sábado.

— Angel, eu já falei a você que nós vamos. — Fercho passa o braço por cima do ombro dela e, esboçando um sorriso convencido, fala: — meus contatos e eu já providenciamos tudo. As nove e meia Diego, o dono da Éden, vai mandar um carro nos buscar na minha casa, então todos lá às nove, hein? E outra coisa, como somos de menor, pessoas da mídia e estudamos nesse inferno, nada de postar storys ou fotos no insta.

— A gente sabe, Fercho. — Amanda dá de ombros. — Eu hein, você fala como se nunca tivéssemos feito isso antes. Mudando de assunto, Angel, você já sabe qual vai ser a temática dessa semana?

— Bom, como sempre eles nunca são 100% esclarecidos em relação ao tema. Recebi um sms... — ela para por um segundo. — Quem ainda manda sms hoje em dia?

— Fala logo, Angel! — berra Amanda.

— Enfim, a mensagem dizia o seguinte: "Sábado será a noite da caça ou do caçador?" e emojis de gato e rato.

— Aí, bebê — Nathalia chama a atenção de Ucker. — Já sei como vamos nos fantasiar!

— Iiiih — Alfonso olha para o amigo, rindo acompanhado por Fercho. — Já estão assim? Ansioso para ver essa fantasia de casal.

— Não enche, Alfonso. — Nathalia lhe dá um peteleco na testa, mas ele continua rindo.

Olho em meu Apple Watch e vejo que perdi tempo demais, só faltam quarenta minutos para a próxima aula, o que significa que vou ter que pular o almoço e ir correndo para o meu quarto tomar um banho caso eu queria chegar na hora.

— Gente, eu já estou indo. — Aviso ao mesmo tempo que me levanto. — Vou me banhar e ir para a sala, tenho aula de filosofia em quarentena minutos.

— Se quiser companhia... — Alfonso olha para mim divertido e todos começam a rir e fazer piadinhas. — Até o quarto, é claro. Eles são um bando de pervertidos, você já deve saber.

— Notei.

Ele se levanta e enlaça o braço na minha cintura.

— Se protejam crianças! — Fercho grunhe.

Alfonso ri baixinho e ignora o comentário do amigo. Ele não fala nada durante o percurso até o corredor que leva ao dormitório feminino, apenas fica cantarolando uma música que eu nunca ouvi. Vez ou outra noto ele me encarando, e só agora percebo o quanto me deixou atraída. Alfonso é bem bonito, óbvio, mas já fiquei com caras bem bonitos antes, o que ele tem é algo que eu ainda não sei explicar, só sei que me deixa em êxtase.

— Acho que fico por aqui — ele para e fica de frente para mim. — Não esqueci que ainda me deve uma pergunta.

— Você me deve duas. Quer dizer, três, já que fomos interrompidos.

— Sou um livro aberto, gatinha, pode perguntar o que quiser.

— Então...

— Alfonsoooo! — Amanda aparece do nada e enlaça os braços no pescoço do moreno. — May ainda está na enfermaria e quer ver você. Você sabe como sua irmãzinha é.

Ele assente com a cabeça e me da um beijinho no rosto antes de seguir Amanda, que o puxa pela mão em direção oposta a mim.

Avanço pelo corredor em direção ao meu quarto e tomo um susto ao me deparar com Maite quando abro a porta.

— Mas que diabos?

Ela coloca o indicador em frente a boca e indica para que eu faça silêncio, logo em seguida salta da minha cama e corre até a porta pela qual acabei de passar. May põe a cabeça para o lado de fora do quarto e olha para os dois lados antes de voltar para dentro e trancar a porta.

— Preciso falar com você, Anny.

— Amanda disse que você ainda estava na enfermaria.

— Quê? Não demorei nem vinte minutos lá, tive um corte superficial no lábio, nem sei porque sangrou tanto.

— Enfim, o que houve?

Ela pega minha mão e me guia até a minha própria cama. Sentamos uma de frente para a outra.

— Você tem que jurar que vai guardar segredo.

Depois do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora